Moedas diz que é "golpe" o que se está a "viver em jornais de referência"
O presidente da Câmara de Lisboa afirmou hoje que é um "golpe" aquilo que está a "viver em jornais de referência" e de "confiança" e defendeu que isto é "um aviso" para se valorizar a classe jornalística.
© Horacio Villalobos#Corbis/Corbis via Getty Images
País Media
Carlos Moedas falava na cerimónia da 38.ª edição de entrega dos Prémios Gazeta, que hoje decorreu nos Paços do Concelho, em Lisboa, num evento em que a situação que atravessam os jornalistas da Global Media Group (GMG) esteve presente nos discursos dos premiados.
"O que estão a fazer a estas redações e aquilo que o meu pai sempre me contava é que nestes momentos tão difíceis é que no fundo estão a limitar o vosso espaço, a vossa atividade, a vossa liberdade e, ao limitar o espaço dos jornalistas, ao limitar a vossa atividade, a vossa liberdade, estamos apenas só e sempre a fragilizar a democracia", afirmou.
E "é isso que muitos não percebem e é isso que nós que temos repetir, é a nossa obrigação, a obrigação dos políticos que acreditam neste jornalismo livre e independente sempre de o dizer todos os dias porque é um golpe aquilo que estamos a viver em jornais de referência, de confiança para todos nós portugueses", sublinhou Carlos Moedas.
Portanto, "é um aviso para valorizarmos a vossa profissão, para valorizar a classe jornalística, para dar valor e não precariedade, para dar estabilidade e não instabilidade", prosseguiu o presidente da autarquia.
Carlos Moedas partilhou ainda uma experiência pessoal passada com o seu pai, que era jornalista, para dizer que está solidário com os jornalistas do grupo GMG, que detém títulos como o Diário de Notícias (DN), Jornal de Notícias (JN), TSF, O Jogo, Dinheiro Vivo e Açoriano Oriental.
"Aquilo que sinto (...) e as palavras que disse imediatamente publicamente sobre este caso que estamos a viver com a Global Media são palavras sentidas de quem viveu em sua casa o que é o seu pai" não receber o salário ao fim do mês.
"Penso que nunca o disse publicamente, mas a angústia é tão grande para as famílias que hoje não só para os jornalistas que aqui estão, mas para as vossas famílias, para essas a minha palavra de grande solidariedade", rematou.
Em 28 de dezembro, a Global Media informou os trabalhadores de que não tinha condições para pagar os salários referentes ao mês de dezembro, sublinhando que a situação financeira é "extremamente grave".
A Comissão Executiva não se comprometeu com qualquer data para pagar os salários de dezembro, mas sublinhou que estava a fazer "todos os esforços" para que o atraso seja o menor possível.
Entretanto, o grupo pagou na quinta-feira o subsídio de refeição referentes ao mês passado e os salários aos trabalhadores nos Açores.
O programa de rescisões na Global Media termina em 10 de janeiro, dia para o qual também foi convocada uma greve dos trabalhadores do grupo.
Em 6 de dezembro, em comunicado interno, a Comissão Executiva da GMG, liderada por José Paulo Fafe, anunciou que iria negociar com caráter de urgência rescisões com 150 a 200 trabalhadores e avançar com uma reestruturação que disse ser necessária para evitar "a mais do que previsível falência do grupo".
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