"Preferem que grávidas deem à luz numa ambulância em vez de num hospital"
No fim de semana, foram registados (pelo menos) mais dois casos "limite" com grávidas. Uma com hemorragia teve de ir da Moita a Cascais para ser atendida. Outra acabou por ter o bebé na ambulância. O Presidente da Liga dos Bombeiros exige uma reunião com o ministério da Saúde.
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País Grávidas
O fecho das urgências de obstetrícia e ginecologia continuam a gerar casos "limite", que colocam não só as grávidas e famílias "em situações desconfortáveis", como os bombeiros, realçou ao Notícias ao Minuto, o presidente da Liga dos Bombeiros, António Nunes, esta segunda-feira.
Só este fim de semana, foram registados (pelo menos) mais dois casos que mostram que, como sublinhou o responsável, "o ministério da Saúde não está a ser capaz de resolver o problema” do "caos" que está, neste momento, o Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Segundo a corporação, a pequena Catarina nasceu "em plena rotunda da A10", que liga a Estrada Nacional 118 à autoestrada. Se assim não fosse, a mulher teria de fazer "120 km para a maternidade de Abrantes", uma vez que, "Santarém [está] sobrelotada, Vila Franca de Xira fechada e Beatriz Ângelo em Loures também fechada”. Felizmente, a “hora foi pequenina e tudo correu pelo melhor".
Já o segundo caso, noticiado pela SIC Notícias, foi o de uma grávida de 34 semanas com uma hemorragia que teve de fazer 60 km (e 50 minutos) entre a Moita para o Hospital de Cascais para ser atendida.
"Todos estes são casos que não deviam ocorrer. Agora preferem que as grávidas deem à luz numa ambulância em vez de num hospital", atirou António Nunes, acrescentando que, apesar das ambulâncias e os operacionais estarem "preparados para o efeito", o ambiente não é o mais adequado.
"Seria muito melhor e teria muito menos riscos que os partos se realizassem nas urgências gerais do que numa ambulância parada numa autoestrada", explicou o presidente da Liga dos Bombeiros.
Para António Nunes a situação não coloca só as grávidas numa situação delicada, como deixa os bombeiros sob uma "pressão muito grande".
"Não nos pagam e pedem ainda mais esforço. Sabemos que o Ministério da Saúde é novo, que o SNS é novo, que o Governo é novo, mas esta é uma situação limite pela qual os bombeiros não podem vir a ser responsabilizados", evidenciou, lembrando que, enquanto acodem a estas situações das grávidas e fazem transportes de centenas de quilómetros para as deixar num serviço de urgência de obstetrícia aberto, deixam de "prestar serviço à comunidade" durante horas.
"Não podemos nos conformar com esta situação como está a acontecer. O ministério tem de se sentar à mesa connosco e ver como podemos ser menos atingidos. Não queiram criar o caos na área da resposta de emergência. Temos insistido numa reunião. O Ministério da Saúde tem de reunir rapidamente connosco", concluiu António Nunes.
Recorde-se que, ainda recentemente, veio a público o caso de uma mulher que sofreu um aborto, cuja assistência foi recusada pelo Hospital das Caldas da Rainha, devido ao facto do serviço de urgência de obstetrícia estar fechado.
Alegadamente, só depois de os bombeiros terem insistido para que fosse atendida, por estar com uma "hemorragia aguda", é que a mulher deu entrada na urgência geral da unidade hospitalar.
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