Governo está "a ouvir" preocupações dos que se manifestam de forma pacífica

O ministro da Presidência assegurou hoje que o Governo está atento e "a ouvir" as preocupações dos que se manifestam de forma pacífica e admitiu que há muitos portugueses que "não têm ainda o que merecem".

© PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP via Getty Images

24/10/2024 ‧ há 2 horas por Lusa

País

Desacatos

No final da reunião do Conselho de Ministros, António Leitão Amaro foi questionado, por várias vezes, sobre os desacatos em várias zonas da grande Lisboa que têm ocorrido desde segunda-feira na sequência da morte de uma pessoa baleada pela polícia, no bairro do Zambujal, na Amadora.

 

O ministro reiterou o que tinha dito pouco antes após uma reunião do Conselho Metropolitano de Lisboa sobre o reforço da segurança, mas foi também questionado sobre uma manifestação já marcada para sábado pelo movimento Vida Justa ou as preocupações do secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, com matérias de coesão social, transmitidas numa entrevista que disse não ter visto.

"Se me perguntam se deve haver também uma preocupação com a coesão social, e a manifestação da legítima preocupação dos cidadãos de partes do território nacional da área metropolitana de Lisboa, relativamente às suas condições de vida, eu acho que deve existir. Há muitas coisas neste país, do acesso à habitação, do nível dos salários, do acesso à saúde, onde os portugueses não têm ainda o que merecem", afirmou.

O ministro defendeu que "há um trabalho muito grande a fazer" e apontou a decisão recente do Governo de dar acesso a médico de família a 75 mil residentes na área da Amadora, Sintra e Lisboa Ocidental como uma forma de promover a coesão social.

"Há outras aspirações que têm a ver com outras dimensões, incluindo preocupações com práticas de racismo, que muitas vezes manifestam e a que nós estamos atentos (...) Nós queremos dizer às pessoas que se manifestam, e às pessoas que se manifestam de forma pacífica, que nós as estamos a ouvir", afirmou.

Leitão Amaro reiterou que o Governo vai reunir-se na próxima semana com um conjunto de representantes das comunidades e de associações dos bairros em que têm ocorrido desacatos.

"Nós estamos a ouvir, nós estamos a tomar várias medidas e continuaremos a tomar, para que se viva cada vez melhor em Portugal e que as razões de sofrimento, as razões de revolta, as razões de dor não se repitam e não subsistam", disse,

No entanto, advertiu, "essa manifestação pacífica é diferente do exercício de violência por alguns, por uma minoria".

"E é essa manifestação de violência que nós não toleramos e não vamos tolerar. E que, por isso, aplicaremos um reforço de meios, gradual e contínuo, dentro de uma lógica de proporcionalidade, porque estas manifestações de violência devem terminar", reforçou.

Odair Moniz, de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira no Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.

A Inspeção-Geral da Administração Interna abriu um inquérito urgente e também a PSP anunciou um inquérito interno, enquanto o agente que baleou o homem foi constituído arguido.

Os desacatos desencadeados pela sua morte tiveram início no Zambujal, na noite de segunda-feira, e estenderam-se, desde terça-feira, a outros bairros da área metropolitana, com viaturas e caixotes do lixo vandalizados e incendiados.

No total, mais de uma dezena de pessoas foram detidas. Além do motorista de autocarro que sofreu queimaduras graves, alguns cidadãos ficaram feridos sem gravidade e dois polícias receberam tratamento hospitalar.

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