Meteorologia

  • 05 DECEMBER 2024
Tempo
13º
MIN 12º MÁX 19º

Ativistas exigem liderança estratégica para combater "pandemia do VIH"

Organizações de luta contra a sida reivindicaram hoje uma liderança estratégica nacional para combater a "pandemia do VIH" no sentido de atingir menos de 150 novos diagnósticos anuais em 2030, "longe dos 800" casos atuais.

Ativistas exigem liderança estratégica para combater "pandemia do VIH"
Notícias ao Minuto

04/12/24 17:43 ‧ Há 8 Horas por Lusa

País VIH

A reivindicação do Grupo de Ativistas em Tratamentos (GAT) e da AIDS Healthcare Foundation (AHF) surge em reação ao Relatório da Infeção por VIH em Portugal 2024, segundo o qual Portugal ainda apresenta taxas de novos diagnósticos de infeção por VIH e de SIDA superiores à média da União Europeia, apesar de manter a tendência decrescente.

 

"É com preocupação, face à continuação da gravidade da situação epidemiológica para o VIH em Portugal, que o GAT reage aos números de novos diagnósticos de infeções em 2023", divulgados pela Direção-Geral de Saúde e pelo Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge.

Os ativistas do GAT, um grupo de pessoas que vive com VIH, hepatites virais, tuberculose e outras infeções sexualmente transmissíveis (IST) de diferentes comunidades, alertam, em comunicado, que "Portugal é o país da Europa com mais pessoas com VIH em tratamento por 100 mil habitantes".

"Portugal está numa situação epidemiológica grave na Europa Ocidental e Central" e é "o único país desta área europeia em que os medicamentos para tratar o VIH são o segundo maior custo com medicamentos hospitalares", alertam.

Para os ativistas, estes números são indicadores da atual prevalência e incidência do VIH em Portugal, reivindicando "uma liderança estratégica nacional para a pandemia do VIH e a estreita colaboração com as comunidades" afetadas.

Segundo o relatório, divulgado na passada quarta-feira, foram notificados 924 novos casos de infeção por VIH em 2023, tendo o diagnóstico ocorrido em Portugal em 876 casos.

Adianta ainda que, entre 2014 e 2023, houve uma redução de 36% no número novas infeções por VIH e de 66% em novos casos de Sida.

Os ativistas consideram que "a tendência decrescente que se verifica desde o ano 2000, momento a partir do qual as infeções pela partilha de material de consumo de substâncias por via injetável começaram a diminuir drasticamente, é insuficiente perante as metas traçadas até 2030 que Portugal se comprometeu a atingir".

Advertem que está "em risco" o cumprimento da terceira meta dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, para garantir o acesso à saúde de qualidade até 2030, através do cumprimento da Estratégia de Saúde Global para VIH, hepatites virais e IST 2022-2030 e dos objetivos da ONUSIDA 95-95-95.

"Só alcançaremos as metas de 2030 com uma redução de 90% sobre a 'baseline' de 2024 (cerca de 1.500 novos diagnósticos), ou seja, ter menos de 150 novos diagnósticos em 2030, longe dos 800 atuais. Precisamos de estratégia nacional para alcançar esse objetivo", defende o Diretor de Advocacia e de Políticas de Saúde do GAT, Luís Mendão.

A AHF, organização internacional com vasta experiência na epidemiologia do VIH em vários países, relembra que o desafio também é europeu.

"A Europa enfrenta um desafio único, uma vez que assistimos a uma estagnação na resposta ao VIH, particularmente na Europa de Leste, onde os novos casos diagnosticados continuam a aumentar", afirma o chefe do gabinete da AHF Europa, Daniel Reijer, no comunicado.

Para Daniel Reijer, é preciso revigorar as estratégias de saúde pública para prevenir novas infeções pelo VIH e garantir que os sistemas de saúde "são adequadamente financiados para apoiar o rastreio acessível, prevenção eficaz, tratamento e esforços de redução do estigma".

Para as organizações, uma das medidas urgentes que o Ministério da Saúde deve tomar é alargar o acesso à Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) medicamento que previne a infeção por VIH, além de garantir um financiamento para as consultas de PrEP na comunidade, que seja sustentável, e nos cuidados de saúde primários.

Leia Também: Casa Branca recorda vidas de vítimas do VIH/SIDA. Eis as imagens

Recomendados para si

;
Campo obrigatório