Risco sísmico em Lisboa é maior na zona ribeirinha
A zona crítica de risco sísmico da cidade de Lisboa é "toda a zona ribeirinha", afirmou hoje o diretor do Serviço Municipal de Proteção Civil, defendendo que a capital está "mais bem" preparada para situações de catástrofes naturais.
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País Capital
"Estamos melhor agora do que estávamos há 10 anos, mas se calhar nunca ninguém está preparado" para uma situação de catástrofe, disse o responsável da Proteção Civil de Lisboa, Manuel João Ribeiro, referindo que "ainda há muito a fazer" para tornar a cidade mais resiliente e reduzir os danos em caso de sismo.
No âmbito de um encontro sobre o plano de emergência para o risco sísmico da cidade de Lisboa, o responsável alertou que "não são os terramotos que matam, são os edifícios", mostrando-se preocupado com o parque edificado envelhecido e o elevado número de edifícios total ou parcialmente devolutos.
Para Manuel João Ribeiro, o índice de envelhecimento da população lisboeta é também um fator de vulnerabilidade às ameaças e aos eventos ambientais e naturais inesperados, assim como a falta de informação sobre as medidas de autoproteção.
Em termos de risco sísmico, "a zona crítica é toda a zona ribeirinha", informou o diretor do Serviço Municipal de Proteção Civil de Lisboa, explicando que se deve às características da formação desta área e ao comportamento dos solos.
Outras zonas de preocupação são os vales da Avenida Almirante Reis, da Avenida da Liberdade e de Alcântara, por serem "zonas de aluvião, em que o comportamento dos solos não é ainda muito solidificado", adiantou o responsável, acrescentando que uma das zonas "melhores" é Monsanto.
De acordo com o simulador de danos sísmicos, se acontecesse hoje um terramoto como o de 01 de novembro de 1755, o número de edifícios afetados seriam entre 15.900 e 19.000 (26,07-31,08%), revelou o Manuel João Ribeiro, especificando que os edifícios danificados seriam entre 8.000 e 9.500 (14-16%), os edifícios com danos severos seriam entre 7.500 e 9.000 (12-15%) e os edifícios colapsados seriam entre 400 e 500 (0,07-0,08%).
Neste sentido, os estragos nos edifícios deixariam entre 80.000 e 120.000 pessoas desalojadas.
Em termos do comportamento do edificado e do número de desalojados "é indiferente" a hora em que acontece a catástrofe, mas "em termos de mortos e feridos já é diferente", devido à movimentação das pessoas na cidade de Lisboa, explicou.
Se o sismo acontecer às 15:00 provoca entre 4.000 e 5.300 mortos, mas se for às 03:00 o número de mortos será entre 2.000 e 3.000, segundo o simulador de danos sísmicos.
Questionado sobre qual a previsão de ocorrência de uma nova catástrofe em Lisboa, o diretor do Serviço Municipal de Proteção Civil disse que "não há previsão", argumentando que "cada dia é um dia a menos para o próximo terramoto".
"Pensamos muitas vezes apenas numa grande catástrofe como o terramoto de 1755, mas a probabilidade de acontecer é muito mais reduzida do que um sismo de menor magnitude, portanto de menor intensidade", frisou o responsável.
Manuel João Ribeiro considerou que "as catástrofes são um problema social", explicando que o plano de emergência para o risco sísmico da cidade de Lisboa tem-se focado em ações de sensibilização e de formação da população de como agir nestas situações.
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