Sindicato quer outra intervenção face ao movimento de magistrados
Os associados do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP) aprovaram hoje uma moção em que defendem que a procuradora-geral da República deve ter "outro tipo de intervenção" face ao criticado movimento de magistrados.
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País Moção
Os associados do SMMP fazem um apelo direto à procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, para que esta reconheça as "preocupações" destes face ao movimento extraordinário de magistrados decidido pelo Conselho Superior do Ministério Público (CSMP), refere a moção aprovada hoje por unanimidade numa assembleia geral extraordinária, que se realizou em Coimbra.
Este movimento extraordinário, que já levou o sindicato a requerer ao Supremo Tribunal Administrativo a suspensão do mesmo, provoca uma "funcionalização" do estatuto dos magistrados do Ministério Público, "instabilidade das suas colocações e funções" e uma "flagrante violação do princípio da especialização", refere a moção apresentada por um grupo de associados do SMMP.
"Existe uma premente necessidade de outro tipo de intervenção por parte da figura máxima de representação da nossa magistratura, concretamente, a procuradora-geral da República, relativamente à atual tentativa de limitação de recursos humanos no seio do Ministério Público, com prejuízo manifesto para a eficácia da ação penal", pode ler-se no documento.
A moção pede ainda à PGR que "pugne junto da senhora ministra da Justiça pela necessidade de abertura urgente de curso excecional exclusivo para formação de magistrados do Ministério Público".
Segundo o presidente do SMMP, António Ventinhas, de momento, regista-se um défice de cerca de 200 magistrados, estimando-se que, até 2020, deixem de trabalhar, por reforma ou jubilação, perto de 250 magistrados.
Em declarações aos jornalistas, António Ventinhas justificou que o sindicato optou por tomar uma posição "inédita" (impugnação judicial do movimento de magistrados) pelo facto de a deliberação do CSMP violar "princípios essenciais à gestão da magistratura no Ministério Público".
De acordo com o presidente do sindicato, este movimento contribui para a "precarização da atividade" do MP e poderá levar a que se perca o investimento realizado "em investigação especializada", que permitiu "obter bons resultados".
António Ventinhas chamou ainda a atenção para o facto de esta decisão permitir que os magistrados sejam transferidos, quando a transferência no MP apenas acontece em duas situações: "a pedido ou por processo disciplinar".
"O caminho que está a ser seguido pode levar" ao condicionamento da administração da justiça, a partir do momento em que deixa "portas abertas" para que um "magistrado incómodo" possa ser "transferido de um tribunal para outro".
O SMMP requereu na sexta-feira ao Supremo Tribunal Administrativo (STA) a suspensão do movimento extraordinário de magistrados do MP deste ano, em providência cautelar dirigida ao presidente daquele tribunal superior.
Caso o CSMP não recue, o presidente do sindicato referiu que há ainda a hipótese de se realizarem "impugnações individuais pelos próprios interessados que veem os seus direitos afetados" pelo movimento, referiu.
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