Geringonça europeia "não é muito provável" e seria "instável"
O ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho afirmou hoje em Leiria que seria precisa uma Geringonça europeia para excluir o Partido Popular Europeu (PPE) do processo decisório no Parlamento Europeu, cenário que "não é muito provável".
© PSD
Política Passos Coelho
"Mesmo com o declínio nas últimas [eleições] europeias" do PPE, cuja bancada integra os eurodeputados do PSD e do CDS-PP, "dificilmente se constrói uma maioria [no Parlamento Europeu] sem o PPE", defendeu o ex-primeiro-ministro social-democrata, intervindo numa sessão sobre o as consequências das eleições europeias para as empresas, em Leiria.
"Seria necessária uma Geringonça europeia para que isso acontecesse. Não é muito provável, seria uma solução sempre instável", notou Passos Coelho, admitindo que a atual distribuição de mandatos vai obrigar a "procurar um consenso mais alargado, um equilíbrio mais complexo, mais difícil de atingir".
Os resultados das eleições europeias de maio resultaram na "maior fragmentação que enfraqueceu as famílias políticas tradicionais" mas, considerou, isso "não condicionará a a evolução económica da União Europeia".
Passos Coelho, que foi convidado pelo Fórum para a Competitividade para falar no workshop 'Exportadoras Outstanding' sobre as consequências das eleições europeias para as empresas, sustentou que os principais constrangimentos podem surgir da "incerteza ligada ao Brexit e às tensões comerciais", que podem crescer com novas barreiras impostas pelos Estados Unidos da América.
Outros pontos sensíveis para o crescimento são as "limitações da política monetária", sobretudo pela "fraca reforma estrutural" e o "atraso e fraco consenso na reforma da União Económica e Monetária", nomeadamente "na união bancária e na construção de uma união de mercados de capitais", considerou.
O ex-líder do PSD defendue que há "uma consciência europeia que se vem desenvolvendo paulatinamente", com "riscos que devem ser avaliados", um dos quais, disse, é a "confiança sobre o futuro".
Citando um estudo do European Council on Foreing Relations, Passos Coelho referiu que "nota-se que existe uma queda de confiança e expetativas negativas sobre o futuro em alguns países", o que considerou representar uma inversão porque "a União Europeia nasceu do receio relativo ao passado e à guerra" mas "o que preocupa agora é o futuro".
"Disso vai depender a evolução económica nos próximos anos, não tenho dúvidas", advertiu.
Para o futuro da União Europeia, o ex-primeiro ministro defendeu uma estratégia de "estabilização dos equilíbrios alcançados" e "efetividade das reformas em curso no plano europeu", aliada a "um reforço do princípio da responsabilidade nacional e na efetividade dos resultados associados aos compromissos assumidos pelos países".
"Parece um caminho talvez menos 'romântico' mas mais resiliente para enfrentar o contexto global e as aspirações dos europeus", sustentou.
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