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"A política nunca me abriu nenhuma porta profissional na vida"

João Torres juntou-se aos 15 anos à Juventude Socialista. Depois de passar “praticamente por todas as responsabilidades” na JS, tornou-se secretário-geral e é hoje, com 30 anos, deputado na Assembleia da República. Em entrevista ao Notícias ao Minuto, diz apoiar a solução governativa encontrada para o país e gostar do termo 'Geringonça'.

"A política nunca me abriu nenhuma porta profissional na vida"
Notícias ao Minuto

08:36 - 01/05/16 por Goreti Pera

Política João Torres

Sempre se interessou por política?

Sim, desde muito novo que me interesso por política. E embora tenha pessoas na família que sempre se envolveram em causas, não tenho ninguém diretamente envolvido com o Partido Socialista. A minha adesão à Juventude Socialista foi uma decisão espontânea.

Porque é que escolheu a Juventude Socialista?

Porque entendo que é a única organização de juventude que representa os valores do socialismo democrático e da social-democracia. Portugal tem esta originalidade de ter um partido cuja denominação é Partido Social-Democrata, mas que não é de facto social-democrata. É também a organização que ao longo da sua história mais tem lutado pelas causas progressistas e pela construção de um país e sociedade mais iguais, que são os propósitos em que eu acredito.

Que portas a Juventude Socialista lhe foi abrindo ao longo da vida?

Eu sempre conjuguei a minha atividade político-partidária com o meu percurso académico e profissional [enquanto engenheiro civil]. A política nunca me abriu nenhuma porta profissional na vida. Só quando fui eleito secretário-geral da Juventude Socialista é que me dediquei exclusivamente à política. Costumo dizer que o país precisa de políticos profissionais mas não precisam de profissionais da política.

A juventude partidária é uma escola?

A juventude partidária não é apenas uma escola. Esse é um equívoco. As juventudes partidárias são uma base de formação futura dos partidos, mas fazem política no presente.

E podem ser consideradas um trampolim para mais tarde vir a assumir cargos nos partidos?

Eu acho essa leitura um pouco exagerada. O facto de termos tido dois líderes de juventudes partidárias (António José Seguro, no PS, e Pedro Passos Coelho, no PSD) que ascenderam a líderes levam a crer isso mesmo. Mas esse não é o único fator que concorre no assumir de funções no Partido Socialista.

Poderemos, um dia, vê-lo a concorrer ao cargo de secretário-geral do PS?

Essa questão é extemporânea. Todos os passos na vida devem ser dados com naturalidade. Todos os projetos feitos com regra e esquadro tendem a não concretizar-se. Para já, quero ser secretário-geral da Juventude Socialista, que é a responsabilidade política que me deu mais prazer até hoje. É algo que eu gosto verdadeiramente de fazer e é nisso que quero estar concentrado. Agora, lutar por convicções, ideais e projetos eu farei sempre ao longo da minha vida.

A estrutura da JS é totalmente independente da do PS?

A JS é uma organização autónoma. Temos estatutos próprios, partilhamos com o PS uma declaração de princípios, mas temos autonomia estratégica. E há uma correspondência entre os órgãos do PS e da JS.

A Juventude Socialista vai atrás das próprias causas ou segue a agenda do Partido Socialista?

Há causas do PS que nós partilhamos, mas a JS ao longo da história já se manifestou contra algumas iniciativas concretas do PS. Nós não somos apenas caixa-de-ressonância, mas há uma convergência muito profunda de pontos de vista. Somos profundamente defensores da atual solução governativa e das políticas públicas que o Governo tem tomado.

O que é que vos leva a apoiar a solução governativa encontrada para o país?

A necessidade de se unirem forças e juntarem vozes contra as políticas austeritárias e contra um país que, nos últimos quatro anos, perdeu a esperança no seu futuro. Não conseguindo a Direita uma maioria parlamentar que suportasse a ação governativa, era da responsabilidade de todas as outras formações políticas encontrarem pontos de convergência para que fosse formado um Governo capaz de virar a página da austeridade. Esse objetivo está a ser cumprido.

Nunca tendo havido nenhuma indicação por parte do PS de que havia possibilidade de se aliar à Esquerda, é uma opção legítima para os portugueses?

Completamente, é uma solução legítima, não só legitimada na legalidade como legitimada politicamente na Assembleia da República. Recuso a ideia de que, pelo facto de esta possibilidade nunca ter sido desvendada na campanha eleitoral, não possa depois ser seguida pelas diferentes formações políticas. Este Governo é ainda mais legítimo do ponto de vista social.

Há margem para que a legislatura dure quatro anos, tendo em conta as divergências com o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista, nomeadamente no que diz respeito à Europa?

Eu penso que há todas as condições para que o acordo seja cumprido até ao fim. Estamos numa fase em que se dissiparam todas as dúvidas iniciais. Estamos a entrar num novo ciclo político em Portugal.

O termo 'Geringonça' foi um tiro no pé para o PSD e CDS?

Eu gosto do termo 'Geringonça'. A 'Geringonça' funciona e da nossa parte não há nenhum problema com o termo. Mas para a Direita há um enorme desconforto com o facto de o termo funcionar. O que é relevante não é o nome que se dá às coisas, mas o que as coisas são capazes de fazer por nós.

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