Empresa de segurança diz que 'hackers' intercetaram mensagens de texto
Piratas informáticos chineses, com histórico de serem patrocinados pelo Governo de Pequim, intercetaram mensagens de texto de milhares de estrangeiros, através de servidores de operadoras de telecomunicações, revelou esta quinta-feira uma empresa norte-americana de segurança cibernética.
© iStock
Tech Hackers
A empresa norte-americana FireEye divulgou esta quinta-feira um relatório que revela que 'hackers' chineses, pertencentes ao grupo Advanced Persistent Threat 41 (APT 41), introduziram programas informáticos de espionagem em servidores de operadoras de telecomunicações, para acederem a mensagens de texto.
O relatório diz que este grupo de piratas informáticos -- com um histórico de terem já trabalhado para o Estado chinês -- selecionou cirurgicamente alguns dos alvos, considerados de "alto-valor", através dos seus números de telemóvel.
O Governo chinês não quis, para já, comentar os resultados deste relatório.
A empresa de segurança não identificou, nem caracteriza, as vítimas desta operação, nem a operadora afetada, dizendo apenas que se encontram num país que é um concorrente estratégico da China.
Steven Stone, diretor de práticas avançadas da FireEye, explicou que nenhum dos alvos conhecidos era funcionário do Governo dos EUA.
O sistema informático utilizado pelos 'hackers' foi programado para capturar mensagens contendo referências a líderes políticos, organizações militares e de inteligência e movimentos políticos que mostrem desacordo com o Governo chinês, segundo o relatório.
O 'malware' descoberto, que a FireEye apelidou de MESSAGETAP, conseguiu coligir dados pessoais sem conhecimento dos próprios, mas não conseguiu ler as mensagens enviadas com aplicativos criptografados, como as aplicações WhatsApp e iMessage.
"Se você for um desses alvos, não saberá que o tráfego de mensagens está a ser retirado do seu dispositivo, porque ele não foi infetado", explicou Stone.
A FireEye disse que os 'hackers' também roubaram registos detalhados de chamadas de indivíduos específicos, obtendo os números de telefone com os quais interagiram.
Segundo o relatório, o APT41 começou a usar o MESSAGETAP durante o verão, quando os protestos pró-democracia começaram a surgir nas ruas de Hong Kong.
O Governo dos EUA já proibiu agências norte-americanas de usar equipamentos fornecidos pelas empresas chinesas Huawei e ZTE.
A Huawei tem negado veementemente que tenha permitido que o Governo da China use os seus equipamentos para espionagem, desafiando o Governo dos EUA a apresentar provas dessa estratégia.
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