'Halo Infinite'. O (convincente) regresso de um ícone dos videojogos
Analisámos a campanha de ‘Halo Infinite’ e, mesmo que nem tudo seja perfeito, a 343 Industries foi capaz de criar um FPS cheio de diversão com bons argumentos para fãs e novatos da série.
© Xbox Game Studios / 343 Industries
Tech Análise
A Microsoft não cumpriu a promessa de lançar ‘Halo Infinite’ no lançamento da Xbox Series S e Series X mas, com mais tempo de desenvolvimento, conseguiu entregar aos fãs a aventura de Master Chief que tanto pediram.
Foi com alguma tristeza que os fãs de ‘Halo’ e seguidores da Xbox receberam a notícia de que ‘Halo Infinite’ não acompanharia as novas consolas da Microsoft no lançamento. ‘Halo Infinite’ esteve previsto para o final de 2020 mas, com o adiamento, os fãs tiveram de esperar um ano para conseguir voltar a jogar com Master Chief.
Na altura algo polémico, este adiamento foi visto também como um bom sinal de que a Microsoft e o estúdio 343 Industries levaram a sério a tarefa de ter a qualidade como prioridade. Depois de ‘Halo 5: Guardians’ ter sido recebido de uma forma algo ‘morna’, caberia a ‘Halo Infinite’ voltar a convencer os jogadores de que a série merece continuar a ser considerada uma das franquias de referência na indústria.
Já tendo jogado a ‘Halo Infinite’, cabe-nos então a tarefa de responder a algumas questões. Valeu a pena a espera? Será que ‘Halo Infinite’ é o passo em frente que os fãs esperavam que a 343 Industries desse? ‘Halo Infinite’ tem as condições para continuar a ser uma referência entre os aficionados de videojogos? As respostas podem ser encontradas nesta análise e, ainda que sejam sobretudo afirmativas, ficámos com a sensação de que algo ficou pelo caminho.
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Algo que ninguém pode criticar em ‘Halo Infinite’ é o facto de se voltar a concentrar-se a 100% em Master Chief. Esta é uma das mais icónicas personagens de videojogos e que, com recurso à voz do talentoso Steve Downes, poderá ser desfrutado pelos fãs em toda a sua glória - tanto austero como, por vezes, um pouco irónico. Porém, o enredo e as outras personagens não parecem ter a mesma força que o seu protagonista.
Desde o piloto que Master Chief começa por encontrar (que cedo se torna irritante com os constantes avisos e ‘pessimismo’), até ao vilão Escharum (um vilão típico que depressa se desvacenerá da memória), o único ponto positivo nas outras personagens é mesmo a The Weapon, uma nova IA que faz companhia e presta auxílio a Master Chief e cuja boa disposição contrasta de forma agradável com a austeridade do protagonista.
A história de ‘Halo Infinite’ começa com Master Chief a perder a batalha contra uma facção da raça Covenant - os Banished, liderados por Escharum - e com o anel Zeta Halo destruído. Encontrado à deriva no Espaço pelo já referido piloto, Master Chief ruma a este anel onde espera descobrir mais sobre o que aconteceu em Zeta Halo, como também pistas em relação à sua antiga companheira, Cortana.
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O enredo poderá ser do agrado dos fãs e oferecer algumas respostas, mas temos dúvidas que fará quaisquer favores em relação a quem não é fã da saga. Uma explicação inicial sobre os acontecimentos dos jogos anteriores (por exemplo) ajudaria a dar algum contexto. É um pormenor que, mesmo não sendo necessário para os fãs de longa data de ‘Halo’, ajudaria a facilitar a abordagem a ‘Halo Infinite’, sobretudo quando o jogo será certamente muito mais jogado por novatos dado que está acessível através do Xbox Game Pass.
Felizmente, a jogabilidade de ‘Halo Infinite’ poderá ser tudo o que é preciso para convencer os novos jogadores a irem até ao fim da história - e quem sabe dedicarem-se ao modo multijogador online que está disponível gratuitamente.
A qualidade de ‘Halo Infinite’ mostra-se sobretudo quando Master Chief chega a Zeta Halo, uma área aberta à exploração e que, além das missões principais, permite encontrar uma série de objetivos secundários. Peças para melhorar a qualidade da armadura e ferramentas de Master Chief, libertar postos de controlo, mini-bosses com armas exclusivas ou até itens cosméticos para usar no modo multijogador, estas missões secundárias não exigem demasiado tempo para serem completadas e proporcionam alguma distração para que o jogador se familiarize com a jogabilidade.
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A grande novidade acaba por ser o Grapple Shot, que permite a Master Chief alcançar áreas fora de alcance, agarrar objetos explosivos mais distantes para os atirar contra os inimigos ou até desarmar escudos. A versatilidade criada pelo Grapple Shot não pode ser subestimada, contribuindo para um combate mais vertical e uma mobilidade inédita na série.
Aliás, acreditamos que nem a 343 Industries acreditava que o Grapple Shot se tornasse uma ferramenta tão indispensável para a série. Isto porque o Grapple Shot é apenas uma das habilidades que Master Chief poderá equipar mas, infelizmente, nenhuma delas parece ser tão essencial. Sim, o jogador poderá trocar de habilidades de forma célere (e algumas podem mesmo ser mais importantes em determinados segmentos ou outras dificuldades do jogo) mas, depois de começar a jogar com o Grapple Shot (importante tanto no combate como na exploração), foi difícil habituarmo-nos a estar sem esta capacidade.
Outro pormenor que poderia ter sido revisto era encontrar outra forma de aceder a estas diferentes habilidades e tipos de granadas. Atualmente o jogador terá de premir o botão para baixo ou para o lado e, de seguida, premir outra direção para trocar o equipamento/habilidade. Parece simples mas, no ‘calor’ do combate, fica difícil notar na interface qual o equipamento que se selecionou. Um menu radial, por exemplo, talvez ajudasse a contornar este problema mas, por outro lado, é possível que abrandasse o ritmo de jogo, pelo que talvez a 343 Industries tivesse de encontrar outra solução.
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Ainda assim, a jogabilidade é o grande ponto forte de ‘Halo Infinite’ e motivo que levará os jogadores a quererem completar tantos objetivos quanto possível - mesmo os que não gostem especialmente de jogos em mundo aberto. Cada arma é suficientemente diferente para impôr novas abordagens e estilos de jogo, assim como os veículos que é possível ‘chamar’ nos vários postos de controlo que são libertados.
Tudo contribui para que os jogadores espalhem o ‘terror’ em Zeta Halo e continuem a tornar Master Chief uma ‘lenda’ dentro das forças da UNSC e entre a raça Covenant. A jogabilidade mostra que o tempo de espera pela chegada de ‘Halo Infinite’ deu mais tempo à 343 Industries para refinar a jogabilidade mas, por outro lado, fica a ideia que foram deixados alguns elementos pelo caminho.
A 343 Industries e a Microsoft já referiram que o modo cooperativo para a campanha será lançado em 2022 e, face a esta informação, não conseguimos deixar de lado a sensação de que Zeta Halo foi criado para explorar com amigos. Mesmo que Master Chief consiga reunir companheiros (não controláveis) para se juntarem a ele a desmantelar postos, não há dúvida que seria muito mais divertido fazê-lo com amigos.
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Sem o modo cooperativo fica mais evidente que o mundo aberto de Zeta Halo vai perdendo interesse de uma forma progressiva. Além de não contar com biomas diversificados (algo explicado, naturalmente, pela história) Zeta Halo não tem o factor de mundo aberto que ajudou a distinguir alguns dos últimos grandes jogos deste segmento como ‘The Legend of Zelda: Breath of the Wild’ ou ‘The Witcher III: Wild Hunt’. Mesmo que o jogador tenha interesse em explorar uma certa área, não haverá mais nada de enriquecedor para a narrativa além de algumas gravações de áudio que ajudam a completar a história.
Apesar disso, explorar Zeta Halo é altamente prazeroso e tem o mesmo efeito que explorar os mundos de jogo como na série ‘Far Cry’, em que pouco a pouco o jogador toma o controlo do mapa e progride com cada vez mais ferramentas - as quais permitem tornar o jogo ainda mais divertido e diversificado.
O tempo adicional de produção também permitiu aos produtores de 343 Industries darem especial atenção ao grafismo e banda sonora. No que diz respeito ao visual, ‘Halo Infinite’ é sem dúvida o mais bonito da franquia, com o ciclo dia/noite a proporcionar visões de grande beleza de Zeta Halo. Até em computadores com especificações mais baixas, 'Halo Infinite’ é agradável à vista e tem poucos sacrifícios, enquanto nas máquinas mais potentes os jogadores podem desfrutar de 4K e até 120fps (algo que até está presente na Xbox Series X).
© Xbox Game Studios / 343 Industries
Já o departamento sonoro volta a mostrar porque é que ‘Halo’ continua a ser uma das referências do género, com todos os grandes temas épicos da série a regressarem para os momentos de maior glória de ‘Infinite’. Até as vozes dos inimigos, um factor ‘cómico’ conhecido entre os fãs, estão especialmente bem cuidados e conseguem dar contexto e ajudar o jogador a localizar-se durante as batalhas. Mais do que um pormenor estético, o som é bem usado a favor da jogabilidade.
‘Halo Infinite’ torna-se facilmente um daqueles jogos em que as horas passam sem que o jogador se aperceba, independentemente se é ou não um fã de longa data da série. As missões principais fazem com que o jogo tenha uma duração a rondar as 10 horas mas, dado que é muito provável que faça algumas das missões secundárias, esta longevidade poderá aproximar-se até das 20 horas. E não esquecer o modo multijogador que poderá estender ainda mais o tempo passado com ‘Halo Infinite’.
Considerações finais
‘Halo Infinite’ podia facilmente ter sido vítima da sua produção turbulenta e o resultado final poderia ter sido (infeliz) reflexo disso mesmo. Felizmente, a dedicação e capacidade da 343 Industries ficou evidente enquanto jogámos a ‘Halo Infinite’. Nota-se que a visão dos produtores não foi realizada a 100%, mas isso não quer dizer que a qualidade tenha sofrido.
Muito pelo contrário, ao cortar determinados elementos a 343 Industries conseguiu imbuir ‘Halo Infinite’ daquele que é para nós o espírito original da série. Ao começar a jogar tivemos memórias da primeira área aberta de ‘Halo: Combat Evolved’, onde Zeta Halo se mostra quase como um ‘parque’ onde podemos ser heróis na armadura de Master Chief.
Não podemos dizer que é a derradeira experiência de ‘Halo’ mas sim um assertivo passo em frente para a série e para a própria 343 Industries.
Pontos fortes
- Master Chief e voz de Steve Downes
- Diversidade de armas e veículos
- A maior verticalidade da exploração/combate com o Grapple Shot
- Objetivos secundários não exigem demasiado tempo
- Mundo aberto faz lembrar o jogo original
Pontos fracos
- Acesso a algum equipamento pode ser pouco intuitivo
- Poucas habilidades são tão úteis como o Grapple Shot
- Personagens secundárias pouco memoráveis
- Ambientes pouco diversificados
- Novatos vão sentir-se perdidos
Ideal para…
‘Halo Infinite’ é uma recomendação fácil de fazer para os fãs da série. Se gostaram do que a 343 Industries ofereceu até aqui no lugar da produtora original, a Bungie, então sentir-se-ão em ‘casa’.
Porém, ‘Halo Infinite’ mostra-se especialmente apetecível para os novatos com o acesso através do Xbox Game Pass e, nesse aspeto, a jogabilidade será o verdadeiro argumento para os convencer. A experiência multijogador online poderá ser um bom início ou até uma forma de estender a diversão desta campanha.
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