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Falámos com Gabriel, criador do capacete de cortiça premiado pela Dyson

O Flattie foi o projeto vencedor da primeira edição do James Dyson Award em Portugal.

Falámos com Gabriel, criador do capacete de cortiça premiado pela Dyson
Notícias ao Minuto

09:35 - 10/10/23 por Miguel Dias

Tech Dyson

A Dyson anunciou em setembro que o vencedor da primeira edição do prémio James Dyson Award em Portugal foi Gabriel Serra, designer industrial e estudante de doutoramento em Engenharia Mecânica na Universidade de Aveiro responsável pelo projeto Flattie.

Este projeto consistiu em criar um capacete sustentável que fosse fácil de guardar para os utilizadores de bicicletas e de outras soluções de micromobilidade. Foi para tentar perceber como surgiu o Flattie, bem como quais os planos para o futuro deste projeto que o Notícias ao Minuto colocou algumas perguntas a Gabriel Serra, cujas respostas podem ser lidas abaixo.

Por ter vencido o primeiro prémio do James Dyson Award, Gabriel Serra recebeu um montante de 5.700 euros, o qual servirá para continuar a aperfeiçoar o design do Flattie.

Notícias ao Minuto© Dyson  

De onde partiu a ideia de criar um projeto como o Flattie?

A ideia surgiu de uma combinação de três fatores: primeiro, sendo eu próprio utilizador de bicicletas, nunca gostei de utilizar capacetes por serem demasiado inconvenientes de se transportar e armazenar; segundo, foi o aumento de popularidade das bicicletas e, principalmente, das trotinetes eléctricas nos centros urbanos e do consequente aumento do número de acidentes com estes veículos, muitos levando a lesões graves na cabeça; e terceiro, ao investigar a oferta de capacetes no mercado, deparei-me com a falta de alternativas sustentáveis aos capacetes tradicionalmente feitos de uma combinação de espuma EPS (o forro) e polímero rígido (o casco), que, devido ao seu processo de fabrico, não podem ser separados um do outro, inviabilizando-se assim qualquer reciclagem ou reaproveitamento das partes. 

Quais foram os principais desafios no design do projeto? 

Foram alguns, mas posso destacar a funcionalidade do produto. Foi bastante complicado chegar a um design que permitisse que a cortiça aglomerada, de 20 milímetros de espessura, pudesse ser adaptada à cabeça sem partir nem perder a sua integridade, o que acabaria por comprometer a performance do produto em termos de segurança. Portanto, fazer com que o produto fosse funcional e eficaz utilizando a cortiça como material principal não foi nada fácil! 

É gratificante saber que os esforços empregues no desenvolvimento de um produto inovador, pioneiro na sua categoria, [...] estão a ser reconhecidos por grandes instituições como a James Dyson Foundation

Acha que a micromobilidade está suficientemente implementada para justificar a compra de um produto deste tipo?

Acho que justamente por não estar ainda suficientemente implementada é que este tipo de produto faz sentido. Por ainda não haver legislações específicas e bem definidas sobre como estes veículos devem ser utilizados nas cidades, acrescido ao facto de que muitas cidades ainda não dispõem de infraestrutura adequada para os mesmos (ciclovias, vias com velocidade reduzida para automóveis, etc.), conduzir uma trotinete ou bicicleta acaba por se tornar mais perigoso, uma vez que estão, na maioria dos casos, a partilhar o espaço com automóveis.

No entanto, mesmo num cenário urbano onde haja infraestrutura adequada para a micromobilidade e consequentemente os riscos sejam menores, não se deve subestimar uma queda a 20 km/h com uma trotinete elétrica. A essa velocidade, o impacto na cabeça  sem qualquer proteção pode representar um risco de mais de 50% de ocorrer uma lesão grave. E todos nós estamos sujeitos a uma queda a qualquer momento, seja por distração, desequilíbrio, pista molhada, buracos, etc.     

Como foi receber a notícia de que foi o vencedor da primeira edição dos James Dyson Awards em Portugal?

Foi uma grande satisfação receber um prémio tão prestigiado no cenário internacional e que está a ser realizado pela primeira vez em Portugal. É gratificante saber que os esforços empregues no desenvolvimento de um produto inovador, pioneiro na sua categoria por utilizar, na sua maioria, materiais renováveis e ser pensado para fazer parte de uma economia circular, estão a ser reconhecidos por grandes instituições como a James Dyson Foundation.

O que espera fazer com o montante que ganhou com o prémio? De que forma é que se vai manifestar no projeto?

Neste momento, o prémio irá possibilitar a compra de mais material para melhorar e finalizar o design, a produção de uma pequena quantidade de capacetes com vista a realizar os primeiros testes com utilizadores e a realização dos testes finais de segurança.

Alguma previsão de quando poderemos ver o Flattie à venda?

Por enquanto é difícil fazer previsões porque há muitas coisas que fogem ao meu domínio no que diz respeito ao plano de negócios. Contudo, se depender da minha vontade e do meu otimismo, diria que o produto poderá estar no mercado no segundo semestre de 2024.

O Notícias ao Minuto esteve representado no painel de jurados do James Dyson Award pelo jornalista Miguel Dias.

Leia Também: Flattie é o projeto vencedor do James Dyson Award em Portugal

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