"WebSummit é uma oportunidade mas não garante o futuro"
A Faber Ventures recebe, "semana sim, semana sim", investidores ou empreendedores internacionais que ponderam lançar um negócio a partir de Portugal, diz o administrador executivo da empresa, avisando que a WebSummit é uma oportunidade mas "não garante o futuro".
© Facebook / Web Summit
Tech Faber Ventures
"Semana sim, semana sim, nos últimos seis meses tivemos alguém em Portugal a falar connosco sobre oportunidades de investir ou criar empresas em Portugal, muitas vezes questionando-nos se temos interesse em olhar para eventual oportunidade de investimento (conjunto). Isso é cada vez mais frequente e vai continuar a acontecer", contou o fundador e administrador executivo da Faber Ventures, Alexandre Barbosa, à agência Lusa.
Trata-se de investidores ou empreendedores de segunda geração "que vêm dos EUA, por exemplo, e estão a pensar se vão montar o seu negócio em Lisboa, em Amesterdão, em Londres ou em Berlim", ou "de empreendedores de vários países da Europa que equacionam montar a sua próxima empresa a partir de Lisboa ou ainda investidores que querem saber melhor o que se passa".
É assim que acontece sobretudo depois do anúncio da vinda daquele que é apontado como o mais mediático evento europeu de 'startups' (empresas em início de atividade) de Dublin para Portugal, a WebSummit, e dos sucessivos anúncios sobre as rondas de investimento levantadas por empresas portuguesas, como Uniplaces,Talkdesk, Veniam ou Outsystems.
Mas, se por um lado, Alexandre Barbosa considera que a vinda da WebSummit "é uma tremenda oportunidade", por outro deixa um alerta: "Não é só por um evento passar por um país que de forma espontânea e de repente as 'startups' ficam cheias de capital e a crescerem globalmente".
"Estes eventos são de facto uma oportunidade, mas a responsabilidade dos ecossistemas onde eles se instalam ou por onde passam é fazer tudo o resto além do evento. O potencial de Portugal, no domínio das 'startups' e da nova geração de empresas de base tecnológica, cruza-se com o WebSummit, mas não se limita ao WebSummit", sublinha.
Disse ainda que não basta "ter políticas de atração de investimento internacional", há também "que dotar os investidores portugueses de capacidade de investimento internacional para que também se possa atrair projetos e talento de fora para Portugal".
"E a prova disso é que a maior parte dos projetos em que investimos em Inglaterra acabaram por estender de alguma forma a sua operação a Portugal porque nós investimos lá", contou.
Alexandre Barbosa espera que o capital que o Governo já disse que vai estar disponível nos próximos meses no mercado português para apoio às 'startups' "venha com um mínimo de limitações, para que as 'startups' tenham condições de competir internacionalmente na atração dos melhores investidores americanos ou europeus nas suas rondas de crescimento".
O fundador da Faber Ventures admite que "muito já mudou", mas há ainda muito a fazer, ao nível da regulamentação do quadro laboral, estabilidade e simplificação fiscal, simplificação dos instrumentos de financiamento e incentivos a programas de apoio.
Os instrumentos jurídicos associados a este tipo de operações de capital ainda não estão otimizados ao ponto de ser fácil lidar com eles, "cabendo aos vários agentes de mercado colaborar para se evoluir nesse sentido", afirmou.
A reboque das iniciativas que estão a ser lançadas, Alexandre Barbosa sugere que parte delas podiam ser mais claramente orientadas para atrair algumas das principais 'cabeças' da nova geração de engenheiros e potenciais empreendedores de áreas de competência de enorme potencial futuro, como 'machine learning', inteligência artificial ou 'data science'.
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