Questões de género e representação em exposição de obra de Júlia Ventura
Uma exposição com os trabalhos fotográficos que a artista Júlia Ventura produziu nos primeiros oito anos de carreira, muitos inéditos, numa obra que se centra nas problemáticas de género e representação, é inaugurada sexta-feira na Culturgest, em Lisboa.
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Cultura Fotografia
Sob o título 'Júlia Ventura - 1975-1983', com curadoria de Bruno Marchand, a exposição percorre o período inicial da produção da artista, em que os objetivos e natureza conceptual da sua obra se definem, segundo informação da Culturgest.
"O trabalho de Júlia Ventura constitui uma das mais poderosas reflexões que o contexto artístico nacional produziu sobre as questões da identidade e sobre o papel que a imagem contemporânea nelas desempenha", acrescenta o curador sobre um percurso expositivo que a artista tem vindo a desenvolver desde o início dos anos 1980, dentro e fora de Portugal.
Ao longo de sete salas, a Culturgest apresenta os trabalhos fotográficos e em vídeo que vieram a "confirmar uma consistência crítica e programática que não fez quaisquer concessões no que diz respeito aos seus objetivos e à sua natureza conceptual", vincou Bruno Marchand, programador de artes visuais da Culturgest.
São trabalhos que "abordam diversas declinações da autorrepresentação, onde a sua própria imagem fotografada serve de base para um raciocínio e uma conceptualização sobre a representação feminina, simultaneamente, como modelo e autora", que a partir dos anos 1980 viu o seu trabalho conhecer uma "significativa circulação" por galerias e instituições nacionais e internacionais.
Estão entre as suas inúmeras exposições participações em coletivas no Stedelijk Museum, em Amsterdão (1991), no Museu Nacional Rainha Sofia, em Madrid (1997), Museu Estremenho e Ibero-americano de Arte Contemporânea, em Badajoz (2001), e as individuais na Villa Arson, em Nice (1989), no Museu de Arte Moderna e Contemporânea de Genebra (2002) e no Centro Cultural de Belém (1997).
Em 2004, foi realizada uma antologia da sua obra na Fundação de Serralves, no Porto, e no Muller Museum, em Otterlo, nos Países Baixos.
Júlia Ventura, que vive entre Lisboa e Amesterdão desde meados dos anos 1980, formou-se em pintura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa e tem o curso de Vídeo Arte da Universidade de Concórdia, no Canadá.
"Faltava dar a ver a fase inicial do seu percurso, mergulhar nas origens de uma obra que, desde o início, reclamou para si um território crítico, discursivo e estético que se dedicou a desmontar, paulatinamente, o papel que a imagem e as suas múltiplas instrumentalizações desempenharam, e desempenham ainda, na padronização de comportamentos e na construção do edifício identitário heteronormativo e binário ao qual estamos, em larga medida, relegados", comentou ainda Bruno Marchand sobre a oportunidade desta mostra.
As imagens de Júlia Ventura, a cor e a preto e branco, suscitam a reflexão sobre preconceitos, clichés, ideias feitas e estereótipos sobre o que é um homem, o que é uma mulher e "deixa a nu a dificuldade que temos de ver por entre e para além destas convenções e platitudes", referiu o curador.
A Culturgest vai realizar, ao longo do período da exposição, duas visitas guiadas com a artista: uma com Júlia Ventura e o curador Pedro Lapa, no dia 1 de junho, às 16:00, e a segunda com a artista e Vanda Gorjão, no dia 28 de setembro, às 16:00.
Estão ainda previstas outras visitas guiadas à exposição, sempre ao sábado, às 16:00, nos dias 25 de maio, 29 de junho e 20 de julho, segundo a organização.
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