Esta "instituição de utilidade pública", como se define, foi criada há 33 anos e vive atualmente à conta do "subsídio modesto" dado pela câmara e pelo apoio "muito mais modesto" efetuado pela junta de freguesia, disse hoje à agência Lusa o diretor do teatro, Laureano Carreira.

Ainda assim, a parceria com a junta é também estrutural, sendo que o teatro disponibiliza bilhetes gratuitos para os fregueses.

Segundo o responsável, os moradores "aderem" e assistem essencialmente às sessões de ópera.

Para alguns é a "primeira vez" que assistem a um espetáculo do género, assinalou Laureano Carreira, que falava à margem da reunião descentralizada da Câmara de Lisboa, que decorreu esta noite naquele espaço cultural.

Acresce que esta se trata de uma zona da cidade onde residem pessoas com várias carências, a nível económico e social, contextualizou o responsável.

"Dentro das pequenas estruturas, o Teatro Ibérico afirmou-se em Lisboa como um espaço vocacionado para música erudita de excelência", defendeu, admitindo que não se compara a instituições como o Teatro Nacional São Carlos ou com a Fundação Calouste Gulbenkian.

A vereadora da Cultura da Câmara de Lisboa, Catarina Vaz Pinto, destacou na mesma ocasião que o município está "ciente do potencial que o teatro tem".

Porém, trata-se de um "projeto de grande ambição", cujo financiamento "não compete só à câmara", mas também à junta e à administração central, referiu a autarca.

Já o presidente da junta do Beato, Hugo Xambre Pereira, apontou, na sua intervenção, que desde 2009, altura em que se realizou a última reunião descentralizada do município no Teatro Ibérico, se verificam "alterações profundas" no espaço, às quais se juntou uma "magnífica programação cultural com escassez de apoios".

Ainda assim, as dificuldades persistem, nomeadamente no que toca ao material, que precisa de ser renovado por ser "antiquado e datar, a sua maioria, da fundação do teatro", explicou Laureano Carreira.

De acordo com o responsável, "a próxima etapa [do teatro] é entrar numa ópera mais vocacionada para jovens".

"Bastien und Bastienne", de Mozart, é uma das óperas juvenis visadas, e vai ser reposta (após ter estreado no ano passado) ainda este mês, contando com a participação de três jovens que vieram do Conservatório Nacional.

Em janeiro, está prevista a estreia de "Pépito", uma ópera "mais ligeira", com texto de Jacques Offenbach, adiantou o diretor do Teatro Ibérico.

Antes de alojar o teatro, o espaço, situado no nº 54 da Rua de Xabregas, era usado pelo Convento de São Francisco de Xabregas.