Torre do Tombo empresta documento histórico a museu
A Torre do Tombo vai emprestar durante um ano a um museu luxemburguês um exemplar da Acta Final do Congresso de Viena, assinada em 1815 por Portugal e mais sete países para redefinir o mapa político da Europa.
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O tratado geral do Congresso de Viena, composto por 108 fólios em papel, e a sua ratificação, com 10 fólios em pergaminho, "são a joia" da exposição "As fronteiras da independência", inaugurada esta semana no museu luxemburguês Dräi Eechelen, devido à "importância geopolítica" do documento, disse à Lusa Inês Correia, conservadora da Torre do Tombo.
"O Congresso de Viena é unanimemente considerado um dos maiores acontecimentos do século XIX, porque tentou equilibrar os poderes políticos e económicos na Europa, através da redefinição das fronteiras e da revisão do mapa geopolítico", explicou a conservadora, sublinhando que à assinatura do tratado se seguiram "50 anos de relativa paz".
O Congresso de Viena reuniu as grandes potências europeias após as guerras napoleónicas, incluindo no seu clausulado a criação do Grão-Ducado do Luxemburgo, que ficou sob a administração dos Países Baixos.
O documento manuscrito, de que existem apenas oito exemplares, classificados pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) como "Registo da memória do mundo", foi assinado a 9 de junho de 1815 por Portugal, Rússia, Grã-Bretanha, Áustria, Prússia, França, Suécia e Espanha.
Esta é a primeira vez que o exemplar português deixa o Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa, para ser mostrado ao público na exposição sobre a história do Luxemburgo, podendo ser vista até maio de 2016.
Para a conservadora da Torre do Tombo que transportou o documento, o empréstimo dá "continuidade às relações entre os arquivos dos dois países, no contexto europeu", e representa também "o reconhecimento do dinamismo da comunidade portuguesa no Luxemburgo".
"Estes momentos históricos podem ter um efeito gregário, porque acabamos por perceber que estamos todos ligados", disse a conservadora, considerando também que "era bom valorizar a exposição e garantir que a informação chegue à comunidade portuguesa no Luxemburgo".
A duração do empréstimo, que se prolonga durante um ano, obrigou a cuidados especiais para assegurar a preservação e segurança do documento.
"É um período de exposição extraordinário (normalmente o máximo são três meses), mas o museu fez tudo para respeitar os requisitos necessários, incluindo os reduzidos valores de intensidade luminosa, para preservar os materiais que constituem os documentos, nomeadamente o papel do século XIX, naturalmente instável", disse Inês Correia.
A exposição no Museu Dräi Eechelen retrata a história do Grão-Ducado desde a sua criação, no Congresso de Viena, até à assinatura em 1839 do Tratado de Londres que abriu caminho à independência do país, e pode ser visitada até 22 de maio de 2016.
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