A completar 40 anos e depois de ter integrado o plantel ‘arsenalista’ na primeira final europeia e de ter contribuído para levar o clube à estreia na Liga dos Campeões, o guardião do D. Aves analisou ao Desporto ao Minuto a campanha dos minhotos por essa Europa fora.

É a única equipa presente em todas as competições - campeonato, taças e Liga Europa -, se compararmos com Benfica, FC Porto e Sporting. Como é que vê a campanha do Sp. Braga?

Não sei será das poucas equipas no Mundo ou na Europa que estão nas competições todas. Mas pertence a um restrito lote e a mim não me surpreende. Sei da qualidade dos jogadores que estão no clube e do próprio treinador. Têm feito uma campanha muito boa e é de salientar. Têm jogadores muito experientes, muitos deles já jogaram nos três grandes e têm experiência de jogos como este que vai acontecer agora. E isso é importante. A experiência desses jogadores também tem ajudado nos jogos importantes e acredito que consiga passar mais uma eliminatória. Porque não pensar numa final da Liga Europa?

Este Sp. Braga já faz lembrar aquele que foi à final da Liga Europa, em 2010/11, contra o FC Porto?

Será difícil mas é possível e têm valor para isso. Eu acho que o Sp. Braga está mais forte do que no ano que foi à final da Liga Europa. Digo isto porque o Sp. Braga não tem onze jogadores, tem todo o plantel. O treinador (Paulo Fonseca) tem feito rotação do plantel e não tenho visto grandes oscilações. Têm mantido sempre uma qualidade muito grande e acho que este Sp. Braga tem mais opções do que o que foi à final da Liga Europa. Alguns jogadores têm sido fundamentais e têm ajudado um treinador que já esteve lá em cima e que pesaram que não iria voltar aos grandes jogos. Ele é jovem e está a mostrar todo o seu valor. Acredito que será possível vencer uma das taças e chegar longe na Liga Europa.

Como é que o Sp. Braga pode contrariar o poderio e experiência do Shakhtar Donetsk (Ucrânia), esta noite?

Têm de demonstrar o poder coletivo como demonstraram na eliminatória anterior. E, agora, neste jogo em casa, não sofrer golos é fundamental. Defensivamente estão muito bem. Será importantíssimo não sofrer golos e marcar. Mas penso que não sofrer é meio caminho andado.

A nível interno, o que é que aconteceu ao Sp. Braga para sofrer um resultado tão desnivelado contra o Benfica, quando se esperava um jogo muito equilibrado? Vai pesar?

O resultado não demonstra aquilo que se passou. O Sp. Braga não fez uma exibição tão má como aquilo que demonstra o resultado. Vimos um Sp. Braga a criar oportunidades, se calhar superior e com possibilidade de fazer um golo nos dez minutos iniciais. Aí iria ganhar um estatuto diferente. As ocasiões em que o Benfica chegou à baliza fez golo. E, depois, naturalmente que não é fácil regressar ao jogo. Ainda mais com a pressão dos adeptos. Mas acho que é um resultado enganador. A vitória do Benfica seria justa, mas não com números tão alarmantes. Vimos qualidade na formação do Sp. Braga, que não foi feliz na finalização e isso é importante.

Voltando à sua ‘grande área’, o Sp. Braga deixou sair um guarda-redes em grande forma, o Kritciuk. Ele vinha sendo um pilar da equipa e foi substituído por Matheus, que havia perdido o lugar. Acha que o Sp. Braga ficou fragilizado com esta troca?

Eu não conheço muito bem o Matheus. Conhecia o Kritciuk, com quem trabalhei na minha altura. Ainda era jovem. Era um excelente guarda-redes e via-se que ia ser um excelente guarda-redes. E comprovou-o e com esta transferência para um grande clube do seu país [n.d.r.: Rússia] deu dinheiro ao Sp. Braga. Foram buscar um guarda-redes muito parecido com o Kritciuk, o Marafona, e tem lutado com o Matheus. Têm alternado e feito boas exibições. É evidente que o Matheus tem menos experiência do campeonato português. Ele vem do Brasil com treinos diferentes e condições diferentes. Demora sempre o seu tempo e acredito que irá ganhar a experiência necessária para o campeonato português, que é diferente do brasileiro.

“UM SP. BRAGA QUE É O QUARTO GRANDE EM PORTUGAL”

António Salvador é presidente do clube desde a época 2003/04. Há mão da direcção neste crescimento da equipa ou tem mais a ver com o momento da equipa?

Acho que é tudo junto. A direcção é importantíssima. A confiança e estabilidade que dão, acho que são importantíssimas. E depois com o treinador e o plantel. Têm lutado todos com o mesmo objetivo e temos visto um Sp. Braga consistente, que tem mantido sempre a mesma qualidade exibicional. E têm ganho praticamente todos os jogos.

Se o Sp. Braga chegar longe será a afirmação do clube a nível Europeu, começando a ser conhecido por estar presente regularmente nas provas do Velho Continente?

Nos últimos anos, o Sp. Braga tem lutado com os grandes. Vemos um Sp. Braga que vai jogar a um Estádio da Luz, Dragão, Alvalade de igual para igual. A manter um resultado sempre equilibrado. E há 10/15 anos não era assim. Temos um Sp. Braga sempre a subir de nível. A própria direcção tem sido fundamental. A estrutura tem feito grandes plantéis e isso é bom para o Sp. Braga. Na Europa, há muita gente que não conhecia o clube e agora já o conhecem cada vez mais. Chegar a uma segunda final, que seria muito bom, mas não será fácil. Contudo, vemos um Sp. Braga diferente nos últimos 10/15 anos, um Sp. Braga que é o quarto grande de Portugal.