Fórum Mundial no Brasil tenta evitar a ruína dos produtores de café
A complicada situação económica dos produtores de café, que enfrentam preços internacionais mais baixos em mais de uma década, está no centro do 2º Fórum Mundial do setor, que começou hoje em Campinas, no sul do Brasil.
© Reuters
Economia Setor
Os preços do café, que são fixados na Bolsa de Nova Iorque, estão em queda, atingindo os produtores a ponto de muitos terem de vender o produto com prejuízo.
"Mais de 25 milhões de famílias de pequenos produtores em todo o mundo têm os custos de produção cada vez mais elevados, e os rendimentos cada vez menores, todos os dias", denunciou, no início da reunião, o presidente da Rede Intercontinental de Organizações de Pequenos Produtores Orgânicos (SPP Global), Nelson Camilo Melo Maya.
"Com os preços atuais do mercado, o valor de uma xícara de café é de dois a seis dólares (1,8 a 5,3 euros), enquanto que os produtores recebem apenas cerca de 2,5 centavos de dólar (22 cêntimos), menos de 1%", precisou Melo Maya.
Com uma queda de quase 90% de seu poder de compra, muitos produtores da América Central e dos Andes, em particular, têm abandonado as plantações para emigrar, ampliando as ondas de imigrantes ilegais a caminho dos Estados Unidos.
No Brasil, José Marcos Magalhães, presidente da Minasul, uma cooperativa que exporta para 25 países desde o estado brasileiro de Minas Gerais, afirma que quase metade dos oito mil membros da organização está a trabalhar com prejuízos, acrescentando que as demissões já são uma realidade.
De acordo com Juan Esteban Orduz, um produtor de café colombiano nos Estados Unidos, "a questão dos preços é quase uma crise humanitária".
"Não temos números concretos, mas onde quer que você vá os produtores dizem que estão com a corda na garganta", declarou o produtor.
O preço de referência do grão subiu de 1,5 dólares (1,3 euros) por libra de café em 2016, para menos de um dólar no início de 2019, uma baixa histórica em dez anos.
O Brasil e a Colômbia respondem por quase metade das exportações mundiais de café, sendo a Europa e os Estados Unidos os maiores consumidores.
A Colômbia pediu na semana passada que o preço seja de dois dólares (1,78 euros) por libra de café, para cobrir os custos de produção e garantir rendimentos para os produtores.
Os membros do setor presentes no Fórum, que termina na quinta-feira, também querem evitar intermediários, aproximando os produtores dos consumidores. Pedem ainda mais transparência na cadeia de produção.
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