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BNA aumenta coeficiente de reservas obrigatórias em moeda estrangeira

O Banco Nacional de Angola (BNA) decidiu hoje aumentar, de 15% para 17%, o coeficiente de reservas obrigatórias em moeda estrangeira, uma decisão que pretende "adequar o nível de liquidez ao objetivo de inflação de curto e médio prazos".

BNA aumenta coeficiente de reservas obrigatórias em moeda estrangeira
Notícias ao Minuto

23:44 - 28/09/20 por Lusa

Economia Banco Central

O banco central angolano decidiu também manter o coeficiente das reservas obrigatórias em moeda nacional em 22%, eliminando a dedução de notas e moedas, refere uma nota divulgada hoje no portal do BNA.

A nota dá conta de uma sessão ordinária realizada hoje, que reuniu o Comité de Política Monetária (CPM) do banco central angolano, e durante a qual foram analisados "os principais indicadores económicos, bem como os impactos das medidas de política tomadas anteriormente sobre os diferentes setores da economia".

No documento, o CPM assinala que decidiu também manter a taxa básica de juro, taxa BNA, em 15,5%, a taxa de juro da facilidade permanente de cedência de liquidez em 15,5%, a taxa de juro da facilidade permanente de absorção de liquidez, com maturidade de sete dias, em 7%, a taxa de juro da facilidade permanente de absorção de liquidez, com maturidade 'overnight' em 0% e manter a taxa de custódia 0,1% sobre o excesso de liquidez dos bancos comerciais.

Da mesma forma, o organismo do BNA decidiu "manter ativa a janela da facilidade permanente de cedência de liquidez, com maturidade 'overnight', em até 100 mil milhões de kwanzas [cerca de 138 milhões de euros], renovável trimestralmente, de modo não cumulativo, ao longo do exercício económico de 2020".

No documento, o CPM considera que é necessária prudência quanto ao "otimismo sobre a retoma da atividade económica", alertando para as consequências de uma "possível segunda vaga de covid-19 nas principais economias".

Sobre o mercado cambial, o banco central angolano aponta que em agosto os bancos comerciais "compraram mais divisas aos seus clientes que ao BNA".

O regulador sustenta que o aumento das operações cambiais entre os bancos comerciais e os seus clientes "resulta da estratégia de retirada gradual do BNA como principal provedor dos recursos em moeda estrangeira no mercado interbancário, garantindo a maior transparência no funcionamento do mercado cambial".

Devido aos desenvolvimentos na notação de risco do país, aliada às necessidades de atenuar os impactos negativos da pandemia de covid-19 em Angola e de proteger o sistema financeiro, o CPM "decidiu implementar a medida de deferimento na constituição de imparidades para efeito regulatório na posição de crédito de títulos da dívida pública para um máximo de três anos".

Este deferimento deverá obedecer à regulamentação específica, que será publicada sob forma de aviso.

Em 09 de setembro, a agência de notação financeira Moody's reviu em baixa o 'rating' da dívida soberana de Angola de longo prazo, emitida em moeda local e estrangeira, de B3 para Caa1, e alterou a perspetiva para estável.

Num comunicado então divulgado, a Moody's justificou a decisão de rever em baixa a notação com "os choques resultantes da acentuada queda no preço do petróleo e da pandemia do novo coronavírus e o relacionado agravamento da desvalorização da moeda".

O comunicado hoje divulgado pelo CPM acrescenta que o 'stock' das reservas internacionais brutas se situou em 14,64 mil milhões de dólares (12,55 mil milhões de euros) em agosto deste ano, menos que os 15,39 mil milhões de dólares (13,19 mil milhões de euros) em julho.

"Apesar da queda das reservas internacionais, a solvabilidade externa do país continua assegurada, visto que nível atual corresponde a uma cobertura em torno de 11 meses de importação de bens e serviços, acima da meta de seis meses definida como indicar de convergência da SADC [Comunidade de Desenvolvimento da África Austral]", acrescenta o comunicado.

Sobre as reservas internacionais líquidas, estas situavam-se em 9,58 mil milhões de dólares (8,21 mil milhões de euros) no final de agosto, após uma redução face aos 10,26 mil milhões de dólares (8,79 mil milhões de euros) no final de julho.

O CPM assinala também que o nível de liquidez da economia deve continuar a ser monitorizado com atenção, para "não comprometer o alcance do objetivo de estabilidade de preços na economia".

De acordo com o mais recente Índice de Preços no Consumidor Nacional, do Instituto Nacional de Estatística, a inflação angolana ficou, no acumulado entre setembro de 2019 e agosto de 2020, nos 23,41%, o valor mais alto desde dezembro de 2017 (23,67%).

O CPM sublinha "o seu comprometimento com o percurso de estabilidade de preços, mantendo-se a previsão de 25% de inflação para o presente exercício económico".

A próxima reunião ordinária do CPM está marcada para 27 de novembro.

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