Gana suspende pagamentos de dívida externa devido à crise económica
O Ministério das Finanças do Gana anunciou hoje a suspensão do pagamento de algumas das suas dívidas externas, incluindo os títulos de dívida em moeda estrangeira (Eurobonds), devido à grave crise económica que o país atravessa.
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Economia Crise
"Devido à situação atual, os nossos recursos financeiros, incluindo as reservas internacionais do Banco do Gana, são limitados e devem ser preservados neste momento crítico", disse o ministério num comunicado citado pela agência espanhola de notícias, a Efe.
O Governo confirmou assim a "suspensão" dos pagamentos dos "Eurobonds, dos empréstimos a prazo comerciais e a maior parte da dívida bilateral", o que deverá desencadear a descida da avaliação da qualidade do crédito soberano por parte das agências de notação financeira.
"São necessárias medidas de emergência adicionais para evitar uma deterioração maior da situação económica, financeira e social no Gana", lê-se ainda no documento, em que se afirma tratar-se de "uma medida transitória de emergência e pendente de futuros acordos com todos os credores relevantes".
A suspensão dos pagamentos não vai afetar a dívida aos bancos multilaterais, as que forem contraídas depois de hoje e as que estão relacionadas com alguns serviços comerciais de curto prazo.
O Gana vive uma profunda crise económica que já motivou grandes protestos nas ruas, mas o Governo atribui o problema financeiro aos efeitos da pandemia de covid-19 e aos impactos da invasão da Ucrânia pela Rússia.
"A combinação de choques externos adversos expôs o Gana a um aumento da taxa de inflação, uma grande depreciação da moeda e dificuldades para financiar os nossos investimentos", diz o Governo no comunicado.
A taxa de inflação estava nos 40% em outubro e a moeda, o cedi, perdeu 53% do seu valor desde janeiro, sendo uma das divisas com pior desempenho a nível mundial.
A dívida do país, que representa quase 80% do PIB, obrigou o Governo a pedir ajuda ao Fundo Monetário Internacional, que aprovou um pacote de 3 mil milhões de dólares para ajudar a equilibrar a economia, pendente do bom resultado das negociações de reestruturação da dívida com os credores.
O Gana era considerado um modelo de estabilidade económica e de segurança numa região afetada por golpes de Estado e violência terrorista, mas nos últimos anos o país, uma das democracias mais bem implantadas de África, tem vindo a perder a confiança dos investidores.
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