Conselho Superior, as 'cortes do império' Espírito Santo
O i conta em pormenor a forma como o Conselho Superior do Grupo Espírito Santo, um grupo que juntava os cinco clãs da família. A regra basilar era que, juntos, teriam de deter mais de 51% do grupo. E era nestes encontros que se debatiam os negócios da família.
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Economia GES
Embora para o grande público Ricardo Salgado fosse o rosto do BES – agora Novo Banco – e do Grupo Espírito Santo (GES), as decisões que envolvessem o grupo passavam por um Conselho Superior, adianta o i, que revela em pormenor a estrutura e a forma de funcionamento deste órgão essencial na gestão do grupo.
Quando o Conselho Superior reunia, o GES mexia. Era aquele o momento em que os cinco clãs da família, cada um responsável por um determinado setor do grupo, se reuniam para decidir. Falavam, votavam com igual representatividade e, só quando houvesse acordo, é que avançavam. Mas o espírito quase democrático que vigorava lá dentro contrastava com a atitude com o exterior: cá para fora, o sigilo era máximo. Era assim que se mantinham os negócios como se queria: em família.
Foi numa destas reuniões, a 7 de novembro de 2013, que terão decidido o que fazer em relação à forma de legitimar os cinco milhões de euros recebidos, via Escom, no polémico negócio dos submarinos.
Neste Conselho Superior sentavam-se originalmente António Ricciardi, pai de José Maria Ricciardi e presidente do órgão, Ricardo Salgado, Mosqueira do Amaral (que não pertencia à família mas seria tratado como tal, adianta o mesmo jornal), José Manuel Espírito Santo e Manuel Fernando Espírito Santo.
Em 2012 o grupo terá sido alargado, contando então com a inclusão de José Maria Ricciardi, entre outros membros da família. O objetivo sempre foi o mesmo: manter, no seio da família, o controlo do ‘superpoderoso’ grupo. Se alguém quisesse vender, teria que falar com o resto da família, que teria direito de opção.
Conta o i que por norma este grupo reunia mensalmente, por vezes extraordinariamente quando por exemplo o presidente convocava nova reunião. Mas no período entre finais de 2013 e o verão de 2014, que coincide com a contestação de José Maria Ricciardi à liderança de Ricardo Salgado e culmina com a ‘bomba’ que rebentou nos media, envolvendo o GES, e que no final levaria à ‘morte’ do BES, chegou a haver reuniões separadas por poucos dias.
O zelo no interior do Conselho Superior não chegou para evitar a série de revelações em catadupa que levaram à insolvência de diferentes holdings do grupo e, em última instância, à derrocada do próprio ‘império’ dos Espírito Santo.
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