O vice-presidente da Câmara Municipal do Barreiro, Rui Braga, falou com "entusiasmo" e "expectativa" sobre a renovação da antiga estação ferroviária da cidade, considerando que este será o "melhor cartão de visita turístico" sem descurar o "património" barreirense.

"Estamos muito contentes e muito entusiasmados, porque estamos a falar, provavelmente, do melhor cartão de visita turístico que a cidade irá ter, face ao conceito do programa que é, em tudo, o que foi feito no Lx Factory, em Lisboa", começou por referir o autarca, que realçou que era um objetivo do seu Executivo "dar uma nova vida" à icónica estação.

A recuperação da estação ferroviária Barreiro-Mar vai trazer um espaço nunca visto na cidade, que terá "um local para dormir, um hostel - com uma característica giríssima que será feito em carruagens em cima da linha -, um espaço para eventos, um espaço de restauração - que vai viver dentro do edifício em si -, espaços de co-work, que são escritórios que lhes chamam de ateliês".

O Executivo revelou ter muita "confiança" no projeto, acima de tudo por que este "respeita a memória, a história e o património ferroviário" da cidade. "É unânime perante a comunidade de arquitetos que o edifício é uma obra de arte, uma peça arquitetónica com grande beleza", enfatizou Rui Braga.

Que benefícios traz para a cidade? "Investimento pode abrir o Barreiro a Lisboa durante a noite"

O 'vice' destacou "as âncoras e as características" do projeto, cujo investidor está a "piscar o olho a Lisboa".

"Está perto do comboio que vem de Setúbal e da estação que está ativa. Nós vamos lucrar, vamos ter dinâmicas da nossa economia local, vêm pessoas de fora gastar dinheiro na nossa cidade. Vai fazer-nos crescer ainda mais, não tenho dúvidas. Se há projeto que tem essa capacidade, este é um dos que grita. O grande investimento pode ainda abrir o Barreiro a Lisboa durante a noite", declarou Rui Braga, revelando a 'luta' da autarquia em ter ligação fluvial entre Barreiro e Terreiro do Paço durante o período noturno.

Entre as 1h00 e as 6h00 da madrugada, não há ligação fluvial entre Barreiro e Lisboa. Por esse motivo, o autarca disse que o objetivo é "abrir as viagens de barco para não fecharmos o Barreiro" e, neste sentido, este pode ser "o argumento para convencer a Soflusa que, pelo menos, de hora a hora tem de ter uma ligação" e o "renovar da antiga estação vai poder dar músculo a este discurso".

Este projeto data de 2018. Só agora, seis anos depois, é que está mais perto de ser concretizado após ter sido assinado um contrato de concessão entre "a Infraestruturas de Portugal (IP) e um promotor privado".

"Temos a lamentar ter demorado tanto tempo entre a IP decidir sobre o empresário que nos foi apresentado em 2018 e só agora ter sido assinado o contrato", observou Rui Braga.

Quais os próximos passos?

Após assinar o contrato de concessão, vem agora um "processo burocrático". A empresa Mainside, responsável pela reabilitação da estação ferroviária, "tem dois meses para apresentar um projeto final à IP", que terá de aprová-lo "com um parecer da Câmara Municipal do Barreiro". 

"Já com o desconto que alguma coisa possa correr mais devagar, espero que em janeiro/fevereiro do ano que vem comecemos a ver máquinas no sítio. A abertura expectável? Verão do ano que vem. Se conseguíssemos cumprir isso, era qualquer coisa de extraordinário e é possível", afirmou.

O que diz a empresa? "Ainda não há qualquer valor de investimento estimado"

O Notícias ao Minuto contactou o arquiteto responsável pela obra, Gonçalo Queirós Carvalho, na tentativa de apurar qual o financiamento está destinado para a obra.

"Apesar deste projeto ter-se iniciado em 2018, e ter estado algum tempo parado, recentemente iniciámos a elaboração do estudo. Infelizmente ainda nos encontramos numa fase muito preliminar e, em primeiro lugar, teremos que analisar com as entidades licenciadores algumas das pretensões da intervenção. Ainda não há qualquer valor de investimento estimado. Com o desenvolvimento do projeto, iremos ter uma noção dos valores e a forma como os mesmos poderão ser financiados", afirmou Gonçalo Queirós Carvalho em resposta ao pedido de esclarecimento do Notícias ao Minuto.

Não obstante, a empresa ressaltou que a renovada estação Barreiro-Mar, que funcionou entre 1884 e 2008, "vai ser um enorme parque verde aberto à cidade do Barreiro, um bosque à beira rio para ser vivido pela cidade" onde poderá "passear, comer algo, ouvir um concerto, ver uma exposição ou mesmo ter um ateliê/casa".

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