Portugueses são os pais mais atentos da Europa
Foi revelado um novo estudo, que se foca nos vários métodos de educação dos pais em vários países europeus. Portugal foi incluído neste inquérito, organizado pela My Nametags, empresa britânica de etiquetas personalizadas.
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Os pais portugueses são mais atentos às suas crianças do que os seus congéneres europeus. Esta situação deve-se a uma abordagem menos severa na educação e ao facto de admitirem abertamente que são mais inquietos relativamente aos seus filhos, de acordo com um estudo internacional sobre a educação parental lançado hoje pela empresa britânica de etiquetas personalizadas My Nametags.
Enquanto 65% dos pais em França adotam um método de educação mais relaxado, isto não acontece em Portugal. De facto, menos de metade dos pais afirma que é relaxado, o que torna os portugueses os menos descontraídos da Europa.
Já na Holanda e no Reino Unido, metade dos pais admitem que não devem preocupar-se demasiado com as suas crianças, porque acreditam que os vai tornar mais resilientes. Esta forma de estar é também tida em conta em Itália, onde 65% dos pais evitam ser super-protectores. Em Portugal, no entanto, apenas 4 em 10 pais partilham esta visão. A maioria (60%) têm orgulho em ser atentos.
Apesar de serem os mais protetores, os pais portugueses são menos rígidos comparados com os seus congéneres em países como Inglaterra, França ou Holanda. Apenas 28% são firmes com disciplina, além de serem os pais cuja probabilidade de gritarem com os seus filhos seja menor. De facto, apenas 1% dos pais portugueses usam este método de disciplina, comparado com um em 10 pais em Itália. Educar as crianças focando-se nas razões pelas quais o comportamento está errado (79%), racionalizar com eles (51%) e tirar brinquedos e aparelhos eletrónicos (38%) são os métodos preferidos para ensinar as crianças a diferenciar o certo do errado.
Estudo revela mais semelhanças que diferenças, entre os pais europeus
Sobre a relevância deste estudo, Lars B. Andersen, Fundador e Director-Geral da My Nametags, comenta que “cada pai terá diferentes valores e um estilo de educação diferente, não existindo uma abordagem de que ‘um tamanho serve a todos’, mas é interessante ver de que forma a nacionalidade influencia essas atitudes. Para além das diferenças, este estudo revelou muitas semelhanças e sabemos por experiência que os pais, muitas vezes, partilham as mesmas preocupações, especialmente durante o período complicado do regresso às aulas”.
Para além de serem menos rígidos, os pais portugueses têm mais probabilidade de elogiar os seus filhos pelo seu bom comportamento. Nove em cada 10 pais são rápidos em reconhecer quando os seus filhos são bem-comportados – mais do que em qualquer outro país. Dar abraços ou demonstrações de afeto (74%), dar mais liberdade (31%) e comprar presentes (25%) estão entre as recompensas mais utilizadas para premiar as crianças em Portugal.
“Quando olhamos para este estudo, o que vemos é que existem muito mais semelhanças do que diferenças. Eu acredito que isto acontece porque todos os pais querem o melhor para os seus filhos e vão tentar alcançar estes objetivos com o melhor das suas capacidades e recursos”, refere Bea Marshal, especialista em parentalidade e Fundadora da empresa Yes Parenting.
“Independentemente da origem dos pais, existem dois tipos de exigências. As 'necessárias' que são comuns a todas as culturas – proteger e cuidar dos filhos. E as exigências 'desejadas', que variam de acordo com as crenças e comportamentos que cada pai considera como normais. É por isso que vemos diferenças culturais nas abordagens e atitudes dos pais ao longo do estudo.”, afirmou a especialista.
“Só porque as nossas culturas são diferentes não quer dizer que a forma como afectam os nossos métodos de educação é certa ou errada. O facto de mais jovens adultos italianos continuarem a viver na casa dos pais não é sinal de uma melhor ou pior educação que os britânicos, por exemplo, que encorajam a independência numa idade muito precoce. Igualmente, muitos países europeus têm horas de dormir mais tardias, devido às sestas a meio do dia, o que não é valorizado como uma recompensa ou prémio, como é feito no Reino Unido”, conclui Bea Marshall.
Respeito e inteligência são das características mais valorizadas
Ser respeitador é a característica que os pais portugueses mais valorizam nos seus filhos (42%), o que pode explicar porque é a que a maior parte dos adultos diz 'não', de maneira a ensinar os filhos a terem paciência. Um em cada sete adultos usam esta técnica – mais do que países como França, Itália ou Reino Unido.
Inteligência (31%) e ser sociável (28%) estão também entre as características mais valorizadas pelos pais portugueses, que dão menos importância a características como ser curioso, descarado ou que fale das suas emoções.
Apesar de serem menos rígidos, parece que os pais portugueses têm uma postura muito séria quanto às rotinas de sono dos seus filhos. De facto, há maior probabilidade que os adultos lusos se foquem numa rotina rigorosa na hora de ir para a cama, com 60% - mais do que em qualquer país da União Europeia – a darem importância a este ponto.
Também existe menos probabilidade que permitam aos seus filhos beberem uma quantidade pequena de álcool em reuniões de família. Menos de 1% dos pais portugueses vê esta situação como aceitável, comparado a um em 10 pais em Inglaterra.
Quanto a dar independência aos seus filhos, praticamente metade dos pais portugueses acredita que as crianças devem ter a sua liberdade muito cedo. De facto, 87% dos pais deixa os seus filhos fazer coisas sozinhos de forma a aprenderem – mais do que em qualquer país da Europa.
Pais portugueses tendem a envolver professores e familiares na educação
Tratar as crianças como iguais é um conceito que divide os países na Europa, com a maioria dos pais em Portugal (67%), Irlanda (68%) e França (76%) a adotar esta estratégia, comparado a menos de metade dos pais em Itália (47%) e na Holanda (45%).
Os pais em Portugal discordam com firmeza de que as crianças devem ser 'vistas e não ouvidas', comparado com os congéneres europeus. De facto, 61% acredita que as crianças não devem ser obrigadas a estar quietas quando estão na presença de adultos – comparado com apenas 3% dos pais em França.
Como diz o provérbio, 'é preciso uma aldeia para educar uma criança' e, em Portugal, os pais têm tendência em envolver os professores, avós, irmãos e padrinhos na educação da criança. Cerca de metade acredita que os professores e avós devem ser envolvidos, enquanto que os padrinhos têm um papel importante, para ¼ dos pais. 1/3 confia nos irmãos para fazer este trabalho.
“Um estudo como este é importante porque faz com que possamos aprender com outros pais e que, com o crescimento do número de pais que vão à Internet em busca de conselhos, não ficaríamos surpreendidos se certos métodos de educação de outros países europeus começassem a ser utilizado na cultura de parentalidade portuguesa no futuro”, conclui Lars B. Andersen.
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