Casal Mistério: "Só nos falta mesmo um programa de televisão"
Apresentam-se como Ele e Ela e são um dos segredos mais bem guardados de Portugal. Um salmão seco esteve na origem da receita de sucesso.
© Casal Mistério
Lifestyle Entrevista
Ninguém sabe quem são, mas quase todos já ouviram falar sobre eles. Da blogosfera portuguesa para as prateleiras das nossas casas, os autores do blogue 'Casal Mistério' acabam de lançar o livro '101 Receitas que tem de fazer pelo menos uma vez na vida‘, editado pela Planeta. Até agora, o "mais pessoal e revelador da nossa identidade", asseguram.
Numa entrevista ao Lifestyle ao Minuto, não tão misteriosa como eles, falaram sobre o salmão seco que esteve na origem do blogue, do bife Wellington que deu início à história de amor e de outras receitas que explicam o êxito do casal. "Podia ter sido amor à primeira vista, mas foi gula à primeira vista", resumem.
O que é que podem adiantar sobre esta nova obra?
É talvez o livro que revela mais detalhes sobre nós e a nossa história enquanto casal. Quando decidimos fazer a seleção das 101 receitas que têm de fazer, pelo menos, uma vez na vida, apercebemo-nos de que algumas delas faziam parte da nossa história, como o bife Wellington, que comemos na noite em que nos conhecemos, a tarte de figo do dia do nosso casamento... É, provavelmente, o livro mais pessoal e revelador da nossa identidade.
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De onde surgiu a ideia?
A ideia surgiu à mesa, claro, como sempre, na nossa modesta 'mansão mistério'. Quando temos convidados cá em casa, ou mesmo entre nós, com os nossos filhos, gostamos de avaliar as receitas feitas por ele. E foi assim que criámos uma espécie de 'ranking'. Só que em vez de ser um 'ranking' das melhores escolas, é um 'ranking' das melhores receitas feitas cá em casa. O livro tem aquelas receitas que toda a gente tem mesmo de fazer e experimentar, pelo menos, uma vez na vida. Algumas delas vai querer repetir várias vezes.
É preciso saber cozinhar para dar uso às receitas deste livro?
Só é preciso saber comer. De resto, tudo se aprende no momento e seguindo as instruções. Temos receitas um pouco mais complexas e outras mais rápidas, mas todas podem ser preparadas por qualquer pessoa. Até a mulher mistério consegue fazer estas receitas.
Incluíram receitas originais?
Sim. Temos várias receitas que criámos em casa e estamos sempre a adaptá-las e a melhorá-las à medida que as fazemos. Às vezes, falta um ingrediente e é preciso improvisar, outras vezes apetece-nos simplesmente inovar e acrescentamos mais qualquer coisa. De cada vez que fazemos uma receita, ela muda. É como uma roda gigante: nunca para.
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Deste livro, qual a vossa receita preferida?
Isso é o mesmo que perguntar ao Homer Simpson qual o seu 'donut' preferido: todas! Mas podemos dizer que, ao 'brunch', não dispensamos as panquecas japonesas e os ovos Benedict, inspirados no Gordon Ramsay. Ao almoço, não vivemos sem ovo estrelado dentro de um ninho de batata-doce nem o risoto de beterraba com queijo de cabra. Ao jantar, somos obcecados pelo tagliatelle com manteiga de trufa fresca caseira e pelo queijo feta com crosta de sésamo e mel. E à sobremesa devorávamos todas as 32 receitas do livro, a começar pelo melhor bolo de chocolate do mundo. Como veem, a nossa vida não é fácil.
Qual foi o vosso critério de seleção das receitas?
Baseou-se num cálculo matemático rigorosíssimo. Incluímos numa equação três fatores fundamentais: sabor, sabor e sabor. O resultado final tinha de ser incrivelmente delicioso para poder cumprir os critérios para a receita figurar no índice deste livro.
Voltando ao início dos inícios, o que é que vos motivou a criar um blogue?
Um salmão seco. Estávamos os dois a almoçar com um amigo quando nos serviram um salmão seco ao almoço. Foi nesse momento que decidimos que faltava um blogue de crítica mistério em Portugal, que avaliasse os restaurantes e os hotéis como os clientes anónimos avaliam, sem as mordomias e os cuidados especiais que os críticos profissionais recebem sempre.
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E como é que se conheceram? À mesa?
Claro. Ele a cozinhar um bife Wellington para impressioná-la e Ela a estragar tudo, porque ia depenicando os restos e roubando sobras de massa folhada. Podia ter sido amor à primeira vista, mas foi gula à primeira vista.
No vosso caso, consideram que o anonimato é um 'ingrediente' importante? Ao fim de tantos anos, não estão cansados desta 'vida dupla'?
A nossa ideia é ficarmos anónimos para sempre, até ao fim das nossas vidas. Somos como o Bocage. Até já escrevemos o epitáfio para o nosso túmulo: 'Aqui jaz Casal Mistério, os comilões/ Passaram pela vida anónimos/ Comeram, beberam, viveram... Sem ponderações'. Além de adorarmos este conceito do mistério, achamos que este projeto só faz sentido se continuarmos com o anonimato. Para fazermos críticas de hotéis e restaurantes, é fundamental sermos tratados como um cliente comum. Tem sido assim desde o primeiro dia do blogue e é assim que queremos que se mantenha por muitos e bons anos.
Quanto a restaurantes, quais foram as últimas boas surpresas que tiveram? E deceções?
Gostámos muito do Ocio. Não adorámos o Da Noi. Ficam ambos em Lisboa.
Divergem muito em termos de gostos?
Sempre. Por isso é que nos damos tão bem. Ele gosta da côdea, Ela do miolo, Ele prefere azeite, Ela manteiga, Ele delicia-se com uma trufa de Alba, Ela encanta-se com uma fartura da feira.
Depois dos livros, desafios culinários e eventos, o que vos falta fazer?
Realmente já fizemos quase tudo: rádio, imprensa, Internet, livros, eventos... Só nos falta mesmo um programa de televisão. E um número de circo, talvez.
Aguçámos-lhe a curiosidade? Percorra a galeria e conheça, em primeira mão, algumas das receitas presentes no livro '101 Receitas que Tem de Fazer pelo Menos uma Vez na Vida'.
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