Uma dieta também pode ser sustentável para o meio ambiente. Este é o mote da chamada dieta 'water-friendly'. No fundo, acaba por ir mais além do que uma simples escolha alimentar e algumas restrições diárias.

"Se fizermos uma tradução literal, uma dieta 'water-friendly' será uma dieta amiga da água. Este conceito permite apelar a uma alimentação que seja promotora da poupança de água", explica a nutricionista Inês Pádua em entrevista ao Lifestyle ao Minuto. É também investigadora e professora no Instituto Universitário de Ciências da Saúde da CESPU (Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário)

"Na área da nutrição, temos também esta perspetiva de uma alimentação mais sustentável. Ter uma alimentação saudável já não chega, é preciso que seja sustentável", continua. Ao contrário de alguns regimes alimentares, neste caso é uma dieta que se adapta a todo o tipo de pessoas e todos conseguem segui-la.

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Uma das principais premissas acaba por ser a escolha de frutas e hortícolas da época, ou seja, de acordo com a sua sazonalidade. "Um alimento que é cultivado na sua época requer menor quantidade de água do que um alimento cultivado com recurso a condições artificiais."

Inês Pádua é nutricionista, investigadora e professora no Instituto Universitário de Ciências da Saúde da CESPU © CESPU  

Isto acaba por trazer benefícios para o organismo. "Os alimentos da época, além de terem um maior conteúdo em nutrientes, são também mais saborosos." Incluir alimentos que usem menos água na sua produção é outros dos princípios da dieta 'water-friendly'. Inês Pádua dá o exemplo das leguminosas, como o feijão, a lentilha, a fava ou o tremoço.

"São alimentos cuja produção é promotora da sustentabilidade e que têm um excelente conteúdo nutricional", diz a nutricionista.

Quanto maior o processamento de um produto, maior o gasto de recursos ambientais

Neste tipo de dieta, torna-se também relevante poupar água na confeção dos alimentos. Assim, existe um maior consumo de ingredientes frescos "limitando a utilização dos recursos necessários para a sua confeção, por exemplo, água e eletricidade para os cozer".

O consumo de ingredientes frescos em detrimento de produtos processados está igualmente na base de uma  dieta 'water-friendly'. "Quanto maior o processamento de um produto, maior o gasto de recursos ambientais, incluindo a água. Por exemplo, estima-se que para produzir um hambúrguer se gastem mais de três mil litros de água. Uma maior preponderância de alimentos de origem vegetal face aos alimentos de origem animal será também de salutar."

Reduzir o desperdício alimentar e preferir peixe proveniente de uma pesca sustentável também fazem parte das premissas desta dieta. Já em casa, poderá adoptar outro tipo de práticas que promovam a poupança de água e de recursos.

"Por exemplo, a água da cozedura de diferentes alimentos é uma água que terá muitos nutrientes e é frequentemente descartada. Essa água pode ser guardada e usada para novos cozinhados, como arroz."

Desta forma, é o tipo de dieta que não se baseia apenas em questões alimentares, mas promove também uma vida sustentável. "No que respeita ao compromisso com uma dieta ‘water-friendly’, podemos sempre implementar pequenos passos de cada vez, escolher uma das premissas e começar por aí", concretiza a nutricionista Inês Pádua.

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