Bebés Ozempic. Há casos de gravidez indesejada associados a antidiabético
Várias mulheres estão a partilhar relatos nas redes sociais. A Novo Nordisk, que fabrica Ozempic e Wegovy, já criou um portal para as pessoas poderem partilhar os seus casos de gravidez após o tratamento.
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Nas redes sociais, estão a circular relatos de várias mulheres, algumas delas diagnosticadas com infertilidade, que dizem ter engravidado acidentalmente. Em comum está o facto de terem tomado Ozempic (que usa semaglutido, o princípio ativo que mimetiza os recetores da molécula GLP-1), um medicamento que chegou ao mercado em 2018 e que foi apenas aprovado para o tratamento da diabetes tipo 2, mas que também é usado para a perda de peso. O mesmo aconteceu com quem utilizou Wegovy e outros fármacos similares.
Está atualmente em curso um estudo promovido pela Novo Nordisk, que fabrica Ozempic e Wegovy, para avaliar de que forma estes medicamentos afetam grávidas. Contudo, só estará concluído em 2027. Entretanto, a farmacêutica criou um portal para as pessoas poderem relatar casos de gravidez indesejada após o tratamento.
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Para já, não é possível saber se o antidiabético pode levar a defeitos congénitos, aborto espontâneo ou outros eventos adversos relacionados com a gravidez. Porém, com base em estudos feitos em animais para o uso de Wegovy, a empresa admitiu em comunicado que "podem existir riscos potenciais para o feto devido a exposição ao semaglutido durante a gravidez". Como tal, apela à interrupção da toma de Wegovy pelo menos dois meses antes de uma gravidez planeada.
Para a obstetra e ginecologista Iman Saleh, do sistema de saúde Northwell de Nova Iorque, nos Estados Unidos, há algumas razões que podem explicar por que motivo pode ocorrer uma gravidez inesperada após a toma destes medicamentos. "Através de um mecanismo indireto, o peso que as pessoas perdem com estes medicamentos pode estar a torná-las mais férteis", explica à revista People.
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"As nossas células de gordura produzem estrogénio e esta hormona pode ter um efeito negativo nos nossos ovários em termos de diminuição ou disfunção da ovulação", elucida, reafirmando que "a perda de peso associada, mesmo que seja muito ligeira, pode aumentar a fertilidade e facilitar a gravidez".
Lora Shahine, endocrinologista reprodutiva, também disse ao The Washington Post que a perda de peso pode afetar a ovulação e a fertilidade. "Creio que, com a perda de peso, o equilíbrio das hormonas e a melhoria da resistência à insulina, (...) [as mulheres] começam a ovular novamente - podem não estar a ovular há anos", refere a responsável, também professora na Universidade de Washington, nos Estados Unidos.
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