Igreja da Nicarágua convoca governo e oposição para retomarem diálogo
O Governo da Nicarágua e a oposição foram convocados pela Igreja Católica para retomarem o diálogo hoje, de forma a encontrarem uma solução para a violência que causou mais de 200 mortos em pouco mais de dois meses.
© Lusa
Mundo Solução
A Igreja Católica, que está a desempenhar o papel de mediadora no conflito, agendou para as 10:00 (17:00 em Lisboa) uma reunião para discutir a proposta de organizar eleições gerais antecipadas em março de 2019, quando estas estavam marcadas para o final de 2021.
"Não podemos fazer nada que não esteja de acordo com a Constituição. Se queremos fazer alguma coisa bem, temos de a fazer lentamente", afirmou o cardeal Leopoldo Brenes, arcebispo de Manágua e presidente da Conferência Episcopal da Nicarágua (CEN).
Na homilia de domingo, o cardeal disse que o papa Francisco está "muito inquieto" com a situação na Nicarágua. "Ele deseja que mantenhamos o diálogo, uma vez que é a única forma de resolver os problemas", sublinhou o presidente da CEN.
A repressão das manifestações contra o Governo na Nicarágua registava 212 mortos, revelou na sexta-feira, a Comissão Interamericana dos Direitos Humanos (CIDH).
"A ação repressiva do Estado fez pelo menos 212 mortos e 1.337 feridos até 19 de junho, [em pouco mais de dois meses, e] até 06 de junho mais de 500 pessoas foram detidas", indicou a CIDH, ao apresentar o seu relatório final sobre a crise na Nicarágua, no Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA), numa sessão transmitida em direto pela televisão nicaraguense.
O ministro dos Negócios Estrangeiros nicaraguense, Denis Moncada Colindres, reagiu ao relatório da CIDH classificando-o como "parcial" e assegurando que "não é política de Estado a repressão das forças sociais".
Desde 18 de abril, a Nicarágua está mergulhada na crise sociopolítica mais sangrenta ocorrida desde os anos 1980, também com Daniel Ortega como Presidente.
Os protestos contra Ortega e a mulher, a vice-presidente Rosario Murillo, começaram por causa de reformas fracassadas da segurança social e transformaram-se depois em exigências de demissão do chefe de Estado, depois de 11 anos no poder, alvo de acusações de abuso de poder e corrupção.
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