ONU nega ter instruído funcionários a evitar termos "guerra" e "invasão"
A ONU negou hoje ter pedido aos funcionários que evitassem usar os termos "guerra" e "invasão" a propósito do conflito na Ucrânia, após uma mensagem da organização com essa recomendação ter sido reencaminhada para alguns meios de comunicação.
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Mundo Mensagem
A mensagem de correio eletrónico, publicada pelo diário irlandês The Irish Times, reúne uma série de recomendações supostamente dirigidas ao pessoal das Nações Unidas, incluindo o pedido para evitarem determinadas palavras, com o objetivo de manter uma imagem de imparcialidade.
Segundo a ONU, a mensagem terá sido enviada de um escritório regional e, embora seja autêntica, não reflete de forma alguma a posição oficial da organização.
"Simplesmente não é verdade que os funcionários tenham sido instruídos para não usarem palavras como 'guerra' e 'invasão' para descrever a situação na Ucrânia", disse o porta-voz da organização, Stéphane Dujarric, citado pela agência noticiosa espanhola Efe.
O porta-voz recordou que, nos últimos dias, altos responsáveis das Nações Unidas utilizaram essas palavras em público e deu como exemplo flagrante uma mensagem publicada na segunda-feira na rede social Twitter pela secretária-geral-adjunta dos Assuntos Políticos, Rosemary DiCarlo.
"Ao fim de quase duas semanas, é dolorosamente claro que quem mais está a sofrer com a invasão russa da Ucrânia são os civis -- assassinados, feridos, deslocados. Esta guerra não tem sentido. Estamos prontos para apoiar todos os esforços de boa-fé para negociar o fim do massacre", declarou DiCarlo nessa mensagem no Twitter.
Na sua conferência de imprensa diária, Dujarric indicou que a mensagem de correio eletrónico divulgada parece ter tido origem num gabinete regional e insistiu que da sede da ONU não saiu qualquer tipo de instrução como essa.
"Não duvido da veracidade do e-mail, mas parece que alguém num escritório regional terá decidido enviar esta mensagem com instruções. É uma coisa que não deveria ter feito", sustentou.
Nesse sentido, frisou que, se os mais altos responsáveis das Nações Unidas usaram os termos "guerra" e "invasão" para falar da Ucrânia, é claro que outros na organização também podem utilizá-los.
Como salientou, o que foi enviado ao pessoal foi, sim, um lembrete do seu estatuto de funcionários internacionais e da importância de cumprirem as suas responsabilidades e de se expressarem em consonância com as posições defendidas pela organização.
Esse apelo, sublinhou, não diz apenas respeito à crise na Ucrânia e é algo que a ONU recorda regularmente aos seus funcionários.
Desde o início da invasão russa, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, falou com clareza contra as ações de Moscovo, que classificou como violações do direito internacional e uma "guerra que não tem sentido".
O Governo russo, por sua vez, insiste em referir-se à sua intervenção apenas como "operação militar especial".
Após a divulgação do e-mail alvo da fuga de informação, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, considerou "difícil acreditar que a ONU pudesse basicamente impor o mesmo tipo de censura que o Kremlin impõe dentro da Rússia" e instou a organização a desmentir a informação, se esta fosse falsa.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que fez pelo menos 406 mortos e mais de 800 feridos entre a população civil e causou a fuga de mais de dois milhões de pessoas para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que está a responder com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e financeiras a Moscovo.
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