Chipre. Polémica financeira e sexual leva à suspensão de monges ortodoxos
As autoridades do Chipre estão a investigar eventuais crimes no seio da Igreja Ortodoxa cipriota, depois de dois monges terem sido acusados de fraude e de relações sexuais entre si no mosteiro de Osiou Avakoum, em Fterikoudi.
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Mundo Chipre
Os dois clérigos, que já foram suspensos, serão presentes perante o Santo Sínodo, órgão de decisão da Igreja, no início de maio, depois da Páscoa ortodoxa, poderão ser destituídos ou excomungados, informou hoje a agência France Presse.
O caso foi espoletado no início de março, quando cerca de 800.000 euros em dinheiro terão sido descobertos num cofre, durante uma rusga ordenada pelo bispo Isaías, de Tamassos, que tem autoridade direta sobre o mosteiro.
Em imagens de vídeo divulgadas pelos meios de comunicação social locais, os dois clérigos suspeitos incitavam os paroquianos a doar dinheiro ao mosteiro, colocando secretamente mirra dentro de uma cruz de metal para dar a impressão de que estava a sangrar.
Segundo aqueles meios de informação, citados pela AFP, os dois monges foram também filmados a ter relações sexuais entre si.
Antes da polémica, os dois monges apareciam frequentemente na televisão nacional e tinham uma forte presença nas redes sociais, onde afirmavam estar envolvidos em vários "milagres", como a cura do cancro, a recuperação da audição de um bebé surdo ou a procriação por casais inférteis.
O mosteiro tem atraído milhares de fiéis de toda a ilha mediterrânica, que têm sido encorajados a fazer donativos.
O porta-voz da polícia cipriota, Christos Andreou, disse que as autoridades estão a investigar "crimes de natureza financeira cometidos pelos monges de Osiou Avvakoum".
Entretanto, está em curso uma outra investigação em torno de uma queixa apresentada pelos dois clérigos, que alegam terem sido raptados por homens encapuzados durante um assalto ao mosteiro, acrescentou Christos Andreou, escusando-se a dar mais pormenores sobre o caso, por a investigação estar em curso.
Já a Igreja Ortodoxa Grega de Chipre indicou que está a conduzir a sua própria investigação, tendo o chefe da Igreja, o arcebispo Georgios, expressado o seu "sincero pesar pelas revelações de fraude, má conduta e imoralidade de todos os tipos dentro das fileiras da Igreja de Chipre".
A Igreja Ortodoxa de Chipre tem uma forte influência na vida social e política da ilha, sendo também um importante ator económico, com grandes propriedades fundiárias e participações significativas em empresas cipriotas, nomeadamente no setor bancário.
"O verdadeiro escândalo é a total falta de transparência em relação às finanças da Igreja de Chipre, e isto com a total cooperação do Estado", disse à AFP o advogado cipriota Michalis Paraskevas.
"Tanto quanto sabemos, não há regulamentos que regulem as atividades da Igreja" e "quanto do dinheiro provém de donativos e quanto provém de atividades comerciais", sublinhou.
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