Prisão efetiva para jornalista tunisino por insulto a membro do governo
Sentença é de seis meses.
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Mundo Tunísia
Um jornalista e comentador político da Tunísia foi condenado a seis meses de prisão efetiva por ter insultado um membro do governo.
Segundo a agência Associated Press, Mohamed Boughalleb foi sentenciado na quarta-feira, depois de ter sido detido no mês passado, na sequência de uma denúncia introduzida por um membro do Ministério dos Assuntos Religiosos.
O jornalista ligou esse elemento do governo a alegados casos de corrupção e uso indevido de fundos públicos.
No Facebook, questionou viagens que o funcionário do ministério fez com o ministro da tutela, chamando-lhe um "desperdício de dinheiro público".
Foi posteriormente acusado de violar as leis de difamação, segundo o código penal e de telecomunicações da Tunísia.
Os advogados de Boughalleb, de 60 anos, denunciaram a sentença como "um ataque à liberdade de expressão", levantando questões sobre uma eventual natureza política da sentença.
Boughalleb juntou-se a um coro de tunisinos que puseram em causa a perseguição do Governo aos seus críticos, numa altura em que o Presidente Kais Saied se prepara para concorrer a um segundo mandato à frente do país do norte de África.
Este ano, o número de jornalistas detidos e visados pelas autoridades tem vindo a aumentar e cerca de 20 são atualmente alvo de acusações semelhantes, disse Ziad Dabbar, presidente do Sindicato Nacional dos Jornalistas Tunisinos.
Condenar um conhecido comentador de rádio e televisão, como Boughalleb, constitui "mais uma tentativa de silenciar as vozes livres e impedir os jornalistas de fazerem o seu trabalho", afirmou Dabbar.
Os jornalistas são um dos muitos grupos que viram as suas liberdades civis restringidas na Tunísia.
Mais de 20 ativistas e políticos críticos de Saied estão atrás das grades há mais de um ano, acusados de conspiração contra a segurança do Estado em casos que os seus defensores denunciaram como politizados.
A perseguição de jornalistas, 'cartoonistas' e opositores políticos ocorre quase cinco anos depois de Saied ter conquistado a Presidência com base numa plataforma anticorrupção e meses antes de se esperar que procure obter um segundo mandato numa eleição ainda por marcar.
Após a sua tomada de posse, Saied suspendeu o parlamento tunisino, reescreveu a Constituição para consolidar o seu próprio poder e restringiu a independência de um sistema judicial que, desde então, tem vindo a intensificar a perseguição de críticos e opositores.
[Notícia atualizada às 16h17]
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