Advogados tunisinos em greve após detenção de uma colega
Os advogados tunisinos cumpriram hoje um dia de greve em todos os tribunais do país em protesto contra a detenção forçada de uma reconhecida causídica durante o fim de semana na sede da respetiva Ordem profissional.
© Reuters
Mundo Tunísia
"A greve foi respeitada a 100%", indicou aos 'media' Laroussi Zguir, presidente da secção da Ordem dos Advogados na capital da Tunísia, em declarações feitas em frente ao tribunal de primeira instância de Tunes.
Dezenas de advogados manifestaram-se no mesmo tribunal contra a prisão da sua colega, exigindo a sua libertação "imediata", indicou a agência noticiosa francesa AFP.
A greve foi decidida após a detenção com contornos violentos, na noite de sábado passado, da advogada e uma reconhecida cronista crítica do poder político Sonia Dahmani, nas instalações da Ordem dos Advogados em Tunes, onde se tinha refugiado após ser convocada por um juiz de instrução devido a cometários proferidos na televisão.
No decurso de uma emissão televisiva em 07 de maio, Dahmani assinalou em tom de ironia o panorama atual na Tunísia.
"De que país extraordinário estamos a falar?", afirmou a advogada, em resposta a um outro comentador que acabava de afirmar que os imigrantes provenientes de diversos países da África subsaariana procuravam instalar-se na Tunísia.
No sábado, polícias à civil e com cara coberta irromperam pela sede da Ordem dos Advogados em Tunes, agrediram advogados e jornalistas e prenderam Sonia Dahmani, de acordo com vídeos e testemunhos, citados pelas agências internacionais.
Segundo os seus advogados, Dahmani foi indiciada por "falsas informações com o objetivo de atentar à segurança pública" e "incitamento a um discurso de ódio", com base no decreto-lei 54.º.
Este decreto, promulgado em setembro de 2022 pelo Presidente Kais Saied, prevê uma pena de até cinco anos de prisão a quem utilize as redes de informação e comunicação para "redigir, produzir, difundir ou reproduzir falas notícias (...) com o objetivo de atentar aos direitos de outro ou de comprometer a segurança pública".
Na noite de sábado para domingo, dois outros cronistas foram detidos com base nesta mesma lei, por declarações que tinham feito nos meios de comunicação social.
Um juiz de instrução prorrogou a sua prisão preventiva por 48 horas.
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