Nova Caledónia. Macron pede a manifestantes para acabarem com barricadas
O Presidente francês, Emmanuel Macron, apelou hoje aos manifestantes na Nova Caledónia para acabarem com as barricadas, garantindo que a polícia enviada para combater os protestos pró-independência "ficará o tempo que for necessário" no arquipélago.
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Mundo Nova Caledónia
Macron, que está a realizar uma visita de 12 horas à Nova Caledónia, adiantou que a polícia poderá manter-se naquele território do Pacífico sul mesmo quando os serviços de segurança tiverem de se focar nos Jogos Olímpicos de Paris, que terão início em 26 de julho.
Depois de se encontrar com representantes legalistas, Emmanuel Macron reuniu-se com os líderes dos partidos independentistas para tentar um regresso ao "diálogo e à segurança" depois de mais de uma semana de tumultos, em que já morreram seis pessoas.
Macron pediu inicialmente um minuto de silêncio, em homenagem às seis pessoas mortas, incluindo dois polícias, tendo depois instado os líderes presentes a usarem a sua influência para ajudar a restaurar a ordem, adiantando que o estado de emergência imposto por Paris em 15 de maio, durante pelo menos 12 dias, só será levantado se os responsáveis locais pedirem a remoção das barricadas que os manifestantes ergueram em Numea.
"Todos têm a responsabilidade de pedir o levantamento das barricadas, a cessação de todas as formas de ataque, e não apenas a calma", disse.
As barricadas, compostas por veículos carbonizados e outros detritos, transformaram algumas partes de Numea em zonas impossíveis de passar, inclusive para os doentes que necessitam de tratamento médico ou para as famílias que procuram comida e água já que as lojas fecharam na sequência de saques e incêndios.
As autoridades francesas dizem que mais de 280 pessoas foram detidas desde que a violência eclodiu pela primeira vez, em 13 de maio, quando Paris debateu alterações nas listas de eleitores da Nova Caledónia.
As duas câmaras do parlamento francês em Paris aprovaram a reforma proposta, mas esta requer uma revisão da Constituição francesa para entrar em vigor.
A proposta implica aumentar o número de eleitores nas eleições provinciais para o parlamento e o governo da Nova Caledónia, acrescentando cerca de 25 mil pessoas, incluindo as que residem no arquipélago há pelo menos 10 anos e outras nascidas lá.
Os opositores temem que a medida beneficie os políticos pró-França na Nova Caledónia e marginalize ainda mais os Kanaks, que já sofreram com políticas rigorosas de segregação e discriminação generalizada.
Os defensores dizem que a revisão proposta é democraticamente importante para as pessoas com raízes na Nova Caledónia que, atualmente, não podem eleger representantes locais.
O nível de protestos e violência dos últimos dias é o mais elevado que a Nova Caledónia registou desde a década de 1980, a última vez que a França impôs um estado de emergência ao arquipélago de 270 mil pessoas que vive, há décadas, em tensão devido à questão da independência.
Incêndios, saques e outros tipos de violência atingiram centenas de empresas, casas, lojas, edifícios públicos e outros locais em Numea e arredores, causando uma destruição estimada em centenas de milhões de euros.
"Vamos discutir a reconstrução económica, os apoios e as questões políticas mais delicadas, enquanto falamos sobre o futuro da Nova Caledónia", adiantou Macron, assegurando que "até ao final do dia, serão tomadas decisões e feitos anúncios" sobre o será adotado.
A Nova Caledónia já realizou três referendos - entre 2018 e 2021 -- para saber se os eleitores queriam a independência, tendo a resposta da maioria sido sempre "não", mas o último referendo foi boicotado pelas forças pró-independência.
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