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Macron diz que Nova Caledónia não se pode tornar "um faroeste"

O Presidente francês, Emmanuel Macron, disse, numa entrevista transmitida hoje, que o território ultramarino da Nova Caledónia, afetada há quase duas semanas por uma vaga de violência, não se pode transformar em "um faroeste".

Macron diz que Nova Caledónia não se pode tornar "um faroeste"
Notícias ao Minuto

06:22 - 24/05/24 por Lusa

Mundo Nova Caledónia

Numa entrevista ao canal de televisão público Nouvelle-Calédonie La 1ère, gravada na quinta-feira, durante uma visita de 12 horas ao arquipélago do Pacífico Sul, Macron justificou o envio de três mil efetivos das forças de segurança com a necessidade de um "regresso à calma".

"A República deve recuperar a autoridade em todos os pontos. Em França, não é cada um que se defende a si próprio", disse o chefe de Estado, referindo-se aos grupos de milícias que têm organizado a defesa de bairros da capital da Nova Caledónia, Numeá.

"Existe uma ordem republicana, são as forças de segurança que a asseguram", insistiu Macron, assegurando querer reconduzir o arquipélago ao "caminho do apaziguamento".

Hoje, no final da visita ao território, o Presidente da França anunciou a suspensão da reforma eleitoral que desencadeou a revolta e provocou pelo menos seis mortos.

"Depois de ouvir toda a gente, comprometi-me a que esta reforma não entre em vigor no contexto atual", disse Macron em Numeá, citado pela agência de notícias francesa France-Presse.

O chefe de Estado disse que deu às partes "mais algumas semanas" para negociar e comprometeu-se a apresentar um relatório intercalar "dentro de um mês" sobre o futuro institucional do arquipélago.

Macron apelou ainda ao fim dos bloqueios de estradas "nas próximas horas" para levantar o estado de emergência na Nova Caledónia.

O Aeroporto Internacional de Numeá vai permanecer encerrado aos voos comerciais até às 09:00 de terça-feira (22:00 de segunda-feira em Lisboa), disse o diretor da Câmara de Comércio e Indústria do arquipélago francês.

O aeroporto de La Tontouta está fechado aos voos comerciais desde o passado dia 14 de maio devido aos bloqueios de estradas.

A reforma aprovada pela Assembleia Nacional em Paris alargaria o eleitorado para as eleições provinciais a todos os naturais de Nova Caledónia e residentes há pelo menos 10 anos.

Os apoiantes da independência consideram que o alargamento pode "marginalizar ainda mais o povo indígena kanak", que constitui 41% da população.

O acordo defendido por Macron deve contemplar também um plano para tornar a economia menos dependente do níquel e "a questão de um voto de autodeterminação".

A Nova Caledónia é um arquipélago situado na Melanésia, a cerca de 1.200 quilómetros a leste da Austrália e a 17 mil de Paris, com pouco mais de 270 mil habitantes.

A população votou em referendos sobre a independência em 2018 e 2019, com o voto favorável à França de 56% e 53%, respetivamente.

Um terceiro referendo em 2020 foi boicotado pelas forças pró-independência, que consideram que a votação deveria ter sido adiada devido à pandemia.

Leia Também: Presidente francês suspende reforma eleitoral na Nova Caledónia

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