Putin admite atacar países que fornecem armas para atingir a Rússia
O presidente russo, Vladimir Putin, defendeu hoje que o uso de armas ocidentais pelas forças ucranianas para atingir o seu país transformou a guerra na Ucrânia num "conflito global" e admitiu atacar os aliados de Kyiv envolvidos.
© Lusa
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"A partir deste momento, como sublinhámos repetidamente, o conflito na Ucrânia, anteriormente provocado pelo Ocidente, adquiriu elementos de caráter global", defendeu Vladimir Putin num breve discurso à nação.
O líder do Kremlin afirmou que o seu país está preparado para "qualquer cenário", após a utilização esta semana de mísseis de longo alcance fornecidos por Estados Unidos e Reino Unido em solo russo e da revisão da doutrina nuclear russa, que aumenta as possibilidades do Kremlin sobre o recurso a este tipo de armamento.
"Sempre estivemos prontos, e ainda estamos, para resolver todos os problemas por meios pacíficos, mas também estamos prontos para lidar com quaisquer desenvolvimentos", alertou Putin no discurso transmitido pela televisão russa, acrescentando: "Se alguém ainda duvida, é inútil".
Nesse sentido, advogou o direito de Moscovo "utilizar armas contra as instalações militares dos países que autorizam o uso do seu armamento" contra instalações russas.
O discurso do Presidente russo acontece no mesmo dia em que as autoridades ucranianas registaram um ataque, sem precedentes no conflito, de um míssil balístico sem carga nuclear contra Dnipro, no centro do país, e que foi confirmado por Putin.
"Os nossos engenheiros chamaram-lhe 'Orechnik'", disse Putin no seu discurso, adicionando que o ataque foi executado com um novo míssil de alcance intermédio e teve como alvo "um local do complexo militar-industrial ucraniano".
O líder do Kremlin considerou que o ataque, realizado "em resposta ao uso de armas de longo alcance americanas e britânicas", foi um sucesso e avisou que "não há forma de combater" este tipo de mísseis.
"Atacam alvos a uma velocidade de Mach 10, ou 2,5 a três quilómetros por segundo. Os sistemas de defesa aérea atualmente disponíveis no mundo e os sistemas de defesa antimíssil criados pelos americanos na Europa não intercetam estes mísseis", observou.
No seu discurso de cerca de oito minutos, Vladimir Putin indicou que o Exército russo vai alertar a população civil ucraniana para a utilização dos mísseis 'Oreshnik' "por razões humanitárias" e também, insistiu, porque "hoje não existem meios para contrariar estas armas".
O líder do Kremlin confirmou os ataques ocorridos esta semana em território russo com mísseis norte-americanos de longo alcance ATACMS e mísseis britânicos Storm Shadow, dirigidos contra infraestruturas militares das regiões fronteiriças de Bryansk e Kursk.
Segundo o Presidente russo, as defesas antiaéreas repeliram estes ataques e não permitiram que atingissem os seus objetivos.
Ao mesmo tempo, argumentou que as forças russas estão a avançar "ao longo de toda a linha de contacto" na Ucrânia e que todos os objetivos que Moscovo estabeleceu para a sua invasão "serão alcançados".
O discurso deixou ainda mensagens a Washington, ao sustentar que "não foi a Rússia, mas os Estados Unidos que destruíram o sistema de segurança internacional" e que, "ao continuarem a lutar e a agarrarem-se à sua hegemonia, estão agora a empurrar o mundo inteiro para um conflito global".
No caso de uma nova escalada da guerra na Ucrânia, que na terça-feira cumpriu mil dias desde a invasão russa em 24 de fevereiro de 2022, Moscovo responderá "de forma decisiva e recíproca", sublinhou.
"Recomendo que as elites governantes dos países que estão a delinear planos para utilizar os seus contingentes militares contra a Rússia pensem seriamente sobre isto", afirmou ainda.
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