Moçambique registou 9.250 casos de violência entre janeiro e julho
Um total de 9.250 pessoas foram vítimas de vários tipos de violência em Moçambique nos primeiros seis meses de 2024, anunciou esta segunda-feira o Presidente da República, que destacou a mulher como a principal vítima.
© Lusa
Mundo Moçambique
"De janeiro a junho foram atendidas em todo o país 9.250 vítimas de violência, apesar de representar uma ligeira redução dos 9.621 casos registados em igual período do ano passado", anunciou o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, durante a inauguração de edifícios dos Tribunais Judiciais dos distritos de Jangamo e Panda, na província de Inhambane, no sul do país.
Do total de 9.250 vítimas de vários tipos de violência, 4.546 foram mulheres, 3.301 crianças, 991 homens e 412 idosos, disse Nyusi.
Especificamente na província de Inhambane, no primeiro semestre de 2024, 1.180 vítimas de violência foram atendidas pelas autoridades moçambicanas, contra 1.223 em igual período do ano passado, sendo que, do total, 817 foram mulheres, 190 homens, 123 idosos e 50 crianças, acrescentou.
"Como se pode ver, a mulher é uma das principais faces e vítimas de violência", alertou o Presidente moçambicano, referindo que o maior número de casos se regista durante a quadra festiva, quando aumenta o índice de crimes passionais e atos de violência praticados contra a mulher e a pessoa idosa.
"A violência doméstica e violência baseada no género são fenómenos que afetam mais as mulheres e raparigas. As mulheres e raparigas são vítimas de violência física, psicológica, sexual e económica. São vítimas de uniões prematuras e casamentos forçados, são expostas ao tráfico e outras práticas degradantes", afirmou Nyusi, referindo que são crimes que afetam o desenvolvimento do país.
No mesmo discurso, o Presidente moçambicano apelou para o fim da violência contra pessoas da terceira idade em face às acusações de feitiçaria.
"Como pode alguém que nos deu à luz, amamentou, cuidou, com pouco ou quase nenhuma renda, matriculou na escola, deu valores, pode desejar nosso mal? (...) Como pode pegar num tronco e machado [e] bater na sua mãe? Como pode compreender que alguém tão fragilizado pelo peso da idade, alguém que deu tudo por nós e que precisa do nosso apoio, seja responsabilizado pelo nosso insucesso ou de filhos e bisnetos?", questionou Filipe Nyusi.
A presidente da Assembleia da República de Moçambique, Esperança Bias, defendeu, em 02 de dezembro de 2023, uma punição exemplar para autores de crimes de violência doméstica, caracterizando esta prática como "intolerável".
"Devemos garantir maior vigilância e denúncia para que haja uma penalização exemplar contra os prevaricadores", disse Esperança Bias durante o Fórum Anual da Mulher do Gabinete Parlamentar.
Dados do Governo divulgados no evento referem que, entre janeiro e setembro do ano passado, Moçambique registou 3.923 casos de violência física e 1.504 de violência psicológica, no contexto doméstico.
"São números preocupantes, mesmo que tivesse ocorrido apenas um caso, a violência é e será sempre intolerável", destacou.
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