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Guterres pede paz contra a "erosão da confiança" no mundo

O secretário-geral da ONU, António Guterres, avisou hoje que a continuação de vários conflitos no mundo está a levar à "erosão da confiança no sistema multilateral, nas sociedades e um no outro".

Guterres pede paz contra a "erosão da confiança" no mundo
Notícias ao Minuto

26/11/24 13:01 ‧ Há 2 Horas por Lusa

Mundo ONU

"Precisamos de paz, acima de tudo, de paz. Paz em Gaza, com um cessar-fogo imediato, a libertação imediata e incondicional de todos os reféns, a entrega eficaz e sem obstáculos de ajuda humanitária e o inicio de um processo irreversível em rumo à solução dos dois Estados. Paz no Líbano com a cessação das hostilidades imediatamente e a aplicação plena das resoluções do conselho de segurança", afirmou o secretário-geral durante a cerimónia de abertura do 10º Fórum da UNAOC, em Cascais.

 

Guterres apelou ainda à paz na Ucrânia, "em conformidade com a carta das Nações Unidas, o direito internacional e com as resoluções da Assembleia Geral" e no Sudão, "com todas as partes a silenciarem as armas e a empenharem-se num caminho para uma paz duradoura".

"Em todo o lado é imperioso defender a carta das Nações Unidas e o direito internacional, incluindo os princípios de soberania, de integridade territorial e de independência politica de todos os Estados", reiterou.

Guterres sublinhou ainda os "tempos muito difíceis" que o mundo enfrenta, cujo tecido social se encontra "em acentuada pressão" devido a estratégias cívicas que visam "semear divisões e ampliar fraturas nas sociedades".

"As tensões aumentam em várias frentes. Os direitos humanos estão sob ataque, a crise climática continua a agravar-se, sectarismos de várias ordens proliferam, os conflitos e as guerras alimentam e acentuam cada uma destas ameaças", adiantou o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

Guterres alertou para as consequências desta "ausência da paz", que levam à "erosão da confiança no sistema multilateral, nas sociedades e um no outro" e cuja reconstrução deve ser feita não apenas através "dos Governos e das instituições", mas com "comunidades de confiança", incluindo organizações de sociedade civil, comunidades marginalizadas, autoridades locais e líderes religiosos".

O secretário-geral sublinhou ainda os perigos associados à utilização da tecnologia que perpetua "estereótipos e conceções erradas" que, recorrendo à desinformação, alimentar o "antissemitismo repulsivo, a intolerância muçulmana e ataques a comunidades de minorias cristãs. Estas são as novas táticas dos novos media".

Quando não são controladas, as plataformas digitais e a Inteligência Artificial alimentam "o discurso de ódio a uma velocidade nunca antes vista", as piores vozes da humanidade são amplificadas e "muitas vezes lidam à violência, através da proliferação de 'deepfakes' que tornam o impossível e o inverificável credível num instante", afirmou António Guterres.

Durante a cerimónia de abertura, foram ainda oradores o Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, o Rei de Espanha, Felipe VI, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Turquia, Hakan Fidan e o alto representante para as Nações Unidas, Miguel Ángel Morantinos.

Este ano, Cascais acolheu o 10º Fórum Global da Aliança das Civilizações das Nações Unidas (UNAOC), que decorreu nos dias 26 e 27 de novembro, no Centro de Congressos do Estoril, e contou com a presença do Secretário-Geral da ONU, António Guterres, e de dezenas de ministros dos Negócios Estrangeiros, altos funcionários de várias organizações internacionais, bem como de vários ex-chefes de Estado e de Governo.

O fórum, que contará igualmente com a presença dos Chefes de Estado dos oito países que organizaram fóruns anteriores, como a Espanha, a Turquia, o Brasil, o Qatar, a Áustria, a Indonésia, o Azerbaijão e Marrocos, comemora o 20.º aniversário da fundação da Aliança das Civilizações e tem por objetivo fazer o balanço dos esforços realizados ao longo das duas últimas décadas, com vista a planear o futuro da iniciativa.

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