Catalunha: Regresso à normalidade instituicional deve ser prioridade
O professor universitário Filipe Vasconcelos Romão considerou hoje que apenas um governo que cumpra os mínimos legais e constitucionais conseguirá materializar-se na Catalunha e defendeu que o regresso da região à normalidade institucional deve ser uma prioridade.
© Reuters
Mundo Autonomia
Filipe Vasconcelos Romão, especialista em Relações Internacionais e autor de livros sobre nacionalismos espanhóis, considerou à agência Lusa que os "resultados indicam de uma forma bastante clara que há uma maioria parlamentar nacionalista catalã e, sobretudo, num clima de uma considerada adversidade".
"Só um governo que cumpra os mínimos do ponto de vista legal e constitucional conseguirá materializar-se na Catalunha, mas podemos continuar com a autonomia suspensa, caso o nacionalismo catalão insista em não avançar por uma via de acordo com as regras do jogo", disse.
O professor universitário defendeu que a região "deve regressar o mais depressa possível à normalidade institucional e, se houver acordos mínimos, pode levar a que o Governo de [Mariano] Rajoy desative o artigo 155".
Filipe Vasconcelos Romão lembrou que as eleições decorreram com os dois principais líderes ausentes: um porque está detido e o outro porque fugiu para Bruxelas e, nesse sentido, havia uma dificuldade para as duas formações em termos da campanha.
"Por outro lado, registou-se um aumento da participação e, mesmo perante este aumento que tendencialmente parece beneficiar mais as forças constitucionalistas, o nacionalismo catalão consegue aguentar e manter a sua maioria absoluta. Não é uma maioria em termos eleitorais, porque tudo somado dá 46/47% dos votos, mas é uma maioria que legitima uma parte do discurso e a radicalização dos últimos anos, sobretudo porque estas eleições foram convocadas por Madrid", disse.
Quanto ao discurso do ex-presidente da Generalitat, que considerou que da eleição de hoje na Catalunha resultou "uma maioria de votos e de deputados eleitos que pede um novo referendo", Filipe Vasconcelos Romão, diz que Carles Puigdemont "está a fugir do essencial".
"Não se compromete com o regresso a Espanha e agora podemos estar perante um jogo de palavras", salientou.
Os partidos independentistas obtiveram nas eleições 70 dos 135 lugares do parlamento, um número que sobe para 78 lugares se forem contabilizados os defensores de um novo referendo legal (partidos independentistas mais CatComú-Podem).
No entanto, o partido vencedor das eleições foi o Cidadãos, mas a cabeça de lista, Inés Arrimadas, admitiu que não poderá ser chefe do governo regional, considerando a "lei injusta" que "dá mais lugares a quem tem menos votos" na rua.
As eleições foram convocadas pelo chefe do Governo espanhol, Mariano Rajoy, no final de outubro, no mesmo dia em que decidiu dissolver o parlamento da Catalunha e destituir o executivo regional presidido por Carles Puigdemont por ter declarado unilateralmente a independência da região.
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com