Combate às alterações climáticas deve receber forte investimento europeu
O ministro do Ambiente e Ação Climática, defendeu hoje que a União Europeia, para ser consequente com a aposta no "Pacto Ecológico", deve aplicar 30% a 35% do esforço de recuperação da Europa no combate às alterações climáticas.
© Global Imagens
País João Matos Fernandes
Falando numa conferência virtual sobre "Novos Dilemas da Sustentabilidade", João Pedro Matos Fernandes salientou a importância do momento atual para se investir numa nova economia, não só na União Europeia, mas também em Portugal.
Além dos investimentos públicos, Matos Fernandes salientou a importância dos investimentos privados em setores como a bioeconomia, a descarbonização da indústria, a despoluição das cidades ou o "fortíssimo investimento na indústria da distribuição".
E considerou importante que as empresas sejam avaliadas pelos seus critérios de compromisso de sustentabilidade, salientando a "necessidade de deixar de financiar" investimentos em combustíveis fósseis e que promovam emissões de gases com efeito de estufa.
Organizada pela Euronext Portugal (bolsa de valores) e pela Associação de Empresas Emitentes de Valores Cotados em Mercado (AEM) a conferência destinou-se a debater a forma de acelerar e financiar a reconstrução económica, "com a convicção de que o futuro premiará aqueles cujos modelos de negócio adotem as melhores práticas ambientais, sociais e de governo", de acordo com a apresentação da iniciativa.
Matos Fernandes, a quem coube abrir a conferência, elogiou a indústria e a forma como se está a adaptar aos novos tempos, mas acrescentou: "o elogio que faço ao setor industrial não posso fazer da mesma forma ao sistema financeiro".
Afirmando que a pandemia de covid-19 fez emergir um conjunto de valores que vão fazer com que surjam novos investimentos, Matos Fernandes avisou que "o mercado de capitais tem de ser muito exigente nos projetos que aceita".
O ministro disse não poder prever até quando os cidadãos vão suportar investimentos que vão contra o seu próprio bem estar, mas disse não ter dúvidas que a mudança "vai ser rápida" e que os bancos "têm mesmo" de se orientar para produtos diferentes e investimentos "verdes".
E foi precisamente o presidente de um banco (Millennium BCP), Miguel Maya, quem falou depois no início do debate, afirmando que pensar no regresso dos valores do PIB aos tempos de antes da pandemia não é "suficientemente ambicioso" e que este é o momento de "mudar em substância".
"O que está em causa é mais do que o nosso modo de viver, está em causa a nossa sobrevivência. E não temos muito tempo", afirmou, reafirmando que a recuperação do PIB no mesmo modelo não garante a sustentabilidade do sistema, nem das empresas, nem o bem-estar das pessoas.
"Temos de aproveitar para mudar de paradigma. Estamos a viver um momento crítico que não podemos desperdiçar. Não nos podemos permitir não ser protagonistas neste processo de transição", disse.
Na mesma linha, Filipe Santos, professor da Universidade Católica, disse que antes da pandemia de covid-19 havia algumas "tendências lentas" para mudanças nas economias, que aceleram agora, seja a digitalização seja a sustentabilidade. Com a vantagem, acrescentou, de a crise social decorrente da pandemia ter obrigado a aliar a questão social à sustentabilidade.
Isabel Ucha, presidente da Euronext Portugal, já tinha, numa intervenção momentos antes, defendido a reconstrução da economia de forma mais sustentável e avisado que todos os instrumentos financeiros, sejam ações, obrigações, ou fundos de investimento, "vão ter que ter um perfil de sustentabilidade".
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