O ministro da Presidência, António Leitão Amaro, assegurou, nesta quarta-feira, que "se o Partido Socialista (PS) viabilizar o Orçamento [do Estado para 2025], porque se abstém, não é o responsável por aquele Orçamento".

Em entrevista à SIC Notícias, Leitão Amaro esclareceu, aliás, que "qualquer partido, seja o PS, a Iniciativa Liberal (IL), ou o Chega, que viabilize o Orçamento, não fica responsável pela governação", numa conversa em que fez questão de reiterar que, da parte do Executivo, "há toda a disponibilidade" para conversar com os diferentes partidos políticos.

"Queremos muito e mesmo sentar-nos à mesa, sabermos o que cada um quer, o que cada um entende como sendo crucial para a viabilização. Temos noção e sabemos qual é a nossa maioria relativa, que não chega para aprovar um Orçamento. E se não chega, precisamos dos votos de outros partidos que façam a maioria", disse, lamentando: "Aquele partido que sabemos menos quais são as suas propostas é o PS".

A proposta de Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) tem de dar entrada na Assembleia da República até 10 de outubro e a votação final global acontecerá a 28 de novembro. Para Leitão Amaro, esta data é o "único limite que existe" no que toca à janela temporal para negociar com os outros partidos a aprovação do OE2025, nem que isso exija "horas sem dormir" e "mais horas a trabalhar".

Discussão foi entendida como uma troca de comunicados que aumentava a tensão. Não é esse o objetivo. O objetivo é que nos sentemos, que troquemos opiniões

Foi neste âmbito, aliás, que o Governo entendeu, no fim de semana passado, "que era momento de tentar estimular" os socialistas a marcar, oficialmente, uma reunião entre o primeiro-ministro, Luís Montenegro, e o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos.

Referia-se Leitão Amaro a uma troca de comunicados em que Executivo e PS se criticaram mutuamente, por alegada falta de "disponibilidade" para reunir e debater a proposta de Orçamento do Estado para 2025 (OE2025).

"Essa discussão foi entendida como uma troca de comunicados que aumentava a tensão. Não é esse o objetivo. O objetivo é que nos sentemos, que troquemos opiniões", garantiu.

O ministro da Presidência comentou ainda as notícias de que o primeiro-ministro se tinha reunido com os representantes de outros partidos políticos em São Bento, sem que essas reuniões fizessem parte da agenda oficial, para debater o OE2025.

"O exercício de reuniões entre primeiro-ministro e líderes de partidos acontece sempre em todos os Governos. O atual primeiro-ministro foi várias vezes à residência do primeiro-ministro António Costa sem que se saiba. Mesmo delegações de partidos vão lá sem que fique na agenda", assegurou.

Recorde-se que, no passado, Leitão Amaro já tinha criticado várias vezes os socialistas por, alegadamente, não terem sido claros sobre as suas propostas para as negociações do OE2025. "Ninguém sabe o que o PS quer para o OE", disse, por exemplo, o ministro da Presidência no final da reunião do Conselho de Ministros, na quinta-feira.

O Governo da Aliança Democrática (PSD e CDS-PP) tem, no Parlamento, 80 deputados, pelo que precisará do apoio de outros partidos para ver aprovada a sua proposta de Orçamento do Estado. Bastaria uma abstenção do PS para viabilizar a proposta, por exemplo.

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