"Lamento". Ministro assume "dados contraditórios" sobre alunos sem aulas
Fernando Alexandre confessa já não ter confiança nos números fornecidos pela DGEstE e afirma ter pedido uma auditoria externa aos dados sobre alunos sem aulas no ano passado.
© Miguel Pereira/Global Imagens
País Educação
O ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, reconheceu, esta quinta-feira, que as estatísticas avançadas pelo Governo segundo as quais, no primeiro período deste ano, houve menos 90% de alunos sem aula a pelo menos uma disciplina quando comparado com o ano passado, podem não corresponder à realidade.
Na notícia avançada pelo Expresso, lê-se que Fernando Alexandre reconheceu que "qualquer comparação com o ano letivo passado é neste momento impossível", tendo em conta os "dados contraditórios que recebeu dos serviços em diferentes momentos" e também "todas as dúvidas que surgiram, nomeadamente por parte do ex-ministro da Educação João Costa".
"Confrontado com dados contraditórios, o Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI) considerou não existir fiabilidade na informação prestada pelos serviços sobre o ano letivo de 2023/24, colocando em causa o rigor de todos os dados que têm vindo a público, incluindo o valor de referência escolhido pelo Governo para a avaliação do efeito das suas medidas, assim como os dados divulgados pelo ex-ministro João Costa", lê-se na resposta do Ministério da Educação às perguntas enviadas pelo semanário.
O mesmo meio refere ainda que, após terem sido divulgados publicamente números por parte do PS e do ex-ministro João Costa que contrariavam os que estavam a ser comunicados pelo Governo, o Ministério da Educação pediu à Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE) que revalidasse os dados relativos ao ano letivo 2023/2024, "de modo a verificar a informação usada pela atual equipa do ministério referente a esse período".
Nessa resposta, a DGEstE indicava que "os alunos sem aulas desde o início do ano letivo eram 7.381" e, "no final do 1.º período eram 3.295", ou seja, números muito distantes dos 21 mil que o Governo identificava até agora e nos quais se baseava para argumentar que havia uma redução de 90%.
"Lamento ter indicado aquele dado. Se tivesse o conhecimento que tenho hoje, não o teria feito", disse o ministro ao Expresso, que confessa já não ter confiança nos números fornecidos pela DGEstE e afirma ter pedido uma auditoria externa aos dados sobre alunos sem aulas no ano passado.
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