Petição para queixa contra membros do Chega supera 121 mil assinaturas
A queixa-crime deverá ser entregue na Procuradoria-Geral da República (PGR) no início desta semana, ficando a data dependente da disponibilidade da instituição.
© Horacio Villalobos#Corbis/Corbis via Getty Images
País CHEGA
A petição para a apresentação de uma queixa-crime contra três membros do partido de extrema-direita Chega, entre eles o presidente André Ventura, o deputado Pedro Pinto e o assessor de imprensa Ricardo Reis, ultrapassou, esta segunda-feira, as 121 mil assinaturas.
Até ao momento de publicação desta notícia, a petição, que teve origem após as declarações proferidas pelo trio na sequência da morte de Odair Moniz, que foi baleado fatalmente pela polícia na Amadora, há uma semana, alcançou o apoio de 121.638 pessoas, número que não para de crescer.
Entre os signatários destacam-se a antiga ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, e o antigo ministro da Educação, João Costa, assim como o comentador e escritor Miguel Sousa Tavares, a antiga eurodeputada Ana Gomes, os socialistas Porfírio Silva e Miguel Prata Roque, a antiga deputada do Livre Joacine Katar Moreira, o ativista Mamadou Ba e os artistas Vhils e Capicua.
Saliente-se que a queixa-crime deverá ser entregue na Procuradoria-Geral da República (PGR) no início da desta semana, ficando a data dependente da disponibilidade da instituição, segundo adiantou um dos promotores à Lusa.
É que, recorde-se, o deputado Pedro Pinto afirmou que se as forças de segurança "disparassem mais a matar, o país estava mais na ordem", enquanto o presidente do Chega disse que "devíamos agradecer a este polícia o trabalho que fez" ao atingir fatalmente Odair Moniz.
"Devíamos condecorá-lo e não constitui-lo arguido, ameaçar com processos ou ameaçar prendê-lo", atirou.
Já Ricardo Reis disse na rede social X que "a única palavra é esta: obrigado ao agente que deixou as ruas mais seguras!", ao mesmo tempo que considerou haver "menos um criminoso... menos um eleito do Bloco [de Esquerda]".
Odair Moniz, cidadão cabo-verdiano de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da Polícia de Segurança Pública (PSP) na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.
Segundo a PSP, o homem pôs-se "em fuga" de carro depois de ver uma viatura policial e "entrou em despiste" na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, "terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca".
A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação "séria e isenta" para apurar "todas as responsabilidades", considerando que está em causa "uma cultura de impunidade" nas polícias.
A Inspeção-Geral da Administração Interna e a PSP abriram inquéritos e o agente que baleou o homem foi constituído arguido.
Desde a noite de segunda-feira registaram-se desacatos no Zambujal e, desde terça-feira, noutros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, onde foram queimados autocarros, automóveis e caixotes do lixo. Mais de uma dezena de pessoas foram detidas, o motorista de um autocarro sofreu queimaduras graves e dois polícias receberam tratamento hospitalar, havendo ainda alguns cidadãos feridos sem gravidade.
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