Expressão exército europeu é "infeliz", cooperação deve ser reforçada
O eurodeputado socialista Carlos Zorrinho defende o aprofundamento da cooperação militar na União Europeia (UE), mas acha "infeliz" a expressão "exército europeu", hoje relançada pela chanceler alemã, Angela Merkel, num discurso no Parlamento Europeu (PE).
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Política Carlos Zorrinho
"A ideia de um exército europeu como uma ideia final é excessiva e não adequada", disse o eurodeputado socialista à Lusa em Estrasburgo, após o debate com a chanceler alemã, Angela Merkel, sobre o Futuro da Europa no Parlamento Europeu.
"Mas a ideia de que a paz no mundo, onde foi possível, foi mantida pelo equilíbrio entre as grandes potências e que pode haver aqui algum risco de algum desequilíbrio pelo menor empenho dos EUA na defesa do espaço europeu, [torna] necessário corrigir e restabelecer esse equilíbrio e a forma de o fazer pode e deve ser através da cooperação", disse.
Merkel defendeu hoje em Estrasburgo que a cooperação militar na UE "é muito boa", mas que a Europa deve "trabalhar na visão de um dia criarmos um verdadeiro exército europeu", que pode ser "um bom complemento à NATO".
Em alternativa, considerou Zorrinho, essa cooperação "pode ser aumentada" e deve sê-lo numa "lógica de rede, mantendo a autonomia soberana de cada um dos países" numa Europa que "é uma Europa das Nações".
"A cooperação deve ir avançando, passo a passo, e deve chegar ao nível necessário, alguma coisa que se chame uma defesa conjunta e segurança conjunta. Não tem necessariamente, e acho que a designação não é feliz, que se chamar exército europeu", acrescentou.
Carlos Zorrinho considerou por outro lado que, globalmente, o discurso de Merkel "não fugiu do padrão esperado": o de "uma europeísta convicta e uma defensora dos valores europeus" que está associado a "uma prática que é muito marcada pelos interesses da Alemanha, não conseguindo descolar da ideia, evidente, de que o interesse Alemanha é o interesse da UE".
"A solidariedade, a liberdade a tolerância [...], no momento chave, quando traduzidas na prática, são travadas por uma arquitetura da zona euro que é incompleta, que cria uma vantagem objetiva para a Alemanha, que tem um superavit e uma moeda mais competitiva, mas não deu nenhuma abertura a um reforço do orçamento europeu, fundamental para compensar estas assimetrias".
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