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ADN quase entrou no Parlamento. Mas o que defende e quem o lidera?

Com o resultado obtido nestas eleições legislativas, que aconteceram no domingo, o partido passa a ter direito a receber subvenção pública para o seu financiamento.

ADN quase entrou no Parlamento. Mas o que defende e quem o lidera?
Notícias ao Minuto

11:41 - 11/03/24 por Notícias ao Minuto com Lusa

Política ADN

A Alternativa Democrática Nacional (ADN) multiplicou por dez o seu resultado de 2022 (em que conseguiu 10.001 votos), arrecadando mais de 100 mil votos numa votação surpreendente nas legislativas de domingo. 

Com este resultado, o partido passa a ter direito a receber subvenção pública para o seu financiamento, algo que está previsto a partir dos 50 mil votos, mesmo que não eleja qualquer deputado para a Assembleia da República.

No entanto, muitos eleitores relataram ter confundido os símbolos da Aliança Democrática (AD) e do ADN, situação que pode ter custado deputados à AD, nomeadamente em distritos do interior onde o PSD e o CDS têm habitualmente bons resultados.

Durante o dia eleitoral, AD e ADN apresentaram queixas junto da Comissão Nacional de Eleições (CNE) pela semelhança das designações nos boletins de voto.

Num comunicado dirigido à CNE, a direção de campanha nacional da AD alertou que tinha recebido "inúmeros relatos" de pedidos de repetição do voto. Já o ADN apresentou uma queixa à CNE contra a AD, criticando a publicidade através dos meios de comunicação "com a desculpa" de enganos entre as duas formações.

Por sua vez, questionado sobre queixas e pedidos de repetição do voto, o porta-voz da CNE afirmou que eram "muito pontuais", indicando que "a repetição do voto é possível se a pessoa se enganou" antes de depositar o boletim na urna.

Mas quem é o ADN e o que defende o partido?

O antigo Partido Democrático Republicano foi fundado a 5 de outubro de 2014 pelo antigo bastonário da Ordem dos Advogados Marinho e Pinto - que foi substituído na liderança do partido por Bruno Fialho, em 2020.

Segundo o presidente do partido, numa entrevista à Lusa dada no fim de fevereiro, no âmbito das legislativas antecipadas de 10 de março, o ADN propõe "acabar com as taxas de Justiça incomportáveis" e "terminar com os baixos pagamentos que são feitos aos advogados oficiosos que estão adstritos aos tribunais para quem não tem posse para ter advogados" contratados. O partido defende também que "os juízes e magistrados têm que ser punidos pela falta de aceleração dos processos".

Uma das prioridades do programa eleitoral do partido ADN - que rejeita a dicotomia tradicional de Esquerda e Direita - é o "combate à imigração ilegal".

O partido propõe um conjunto de exigências para a entrada de um imigrante em Portugal, como "um contrato de trabalho válido" ou "um seguro de saúde", uma vez que considera que um cidadão estrangeiro só possa ter acesso ao SNS após seis meses de contribuições seguidos ou "12 meses intercalados".

Na saúde, o ADN considera que "o esquema de retribuição destes profissionais tem que ser alterado" com base na produtividade e defende o regresso de parceiras público-privadas como a que existia no hospital Beatriz Ângelo, em Loures.

Quanto à Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG), Bruno Fialho quer eliminar os apoios do SNS quando este procedimento é realizado por opção. Bruno Fialho manifestou-se ainda contra o tratado global de preparação para futuras pandemias que está a ser negociado pelos países membros da Organização Mundial de Saúde (OMS), considerando que "é inconstitucional".

Para combater a crise da habitação, o ADN defende o "apoio estatal à construção pública para arrendamento", apontando que o Estado pode "ajudar a construir, com autorizações mais céleres" e impor que 10% ou 20% de um prédio seja destinado a habitação acessível.

Bruno Fialho garantiu ainda que vai "continuar a denunciar a fraude sanitária que existe desde 2020", bem como a "fraude climática e a fraude da ideologia de género".

Fialho recusa que resultado seja fruto de confusão

O presidente do partido recusou que o resultado do partido seja fruto de uma qualquer confusão entre siglas. "Utilizar a confusão de qualquer sigla é desconsiderar os eleitores, que votam nestas duas forças políticas, que supostamente criaram confusão, mas é também chamar de ignorantes a todos aqueles que supostamente se enganaram", defendeu, referindo-se à possibilidade de engano de alguns eleitores, que em vez de votarem na Aliança Democrática (AD), votaram no ADN.

Na opinião de Bruno Fialho, "não houve enganos", sublinhando que AD e ADN são "partidos completamente diferentes". "Se não, durante 50 anos os eleitores também se teriam confundido entre PS e PSD, CDU e CDS", apontou.

"Os portugueses não são ignorantes", afirmou, sublinhando que o voto no ADN não foi um voto de protesto, mas antes um voto informado.

Recorde-se que a coligação AD, que junta PSD, CDS e PPM, conquistou 28,63% dos votos, conquistando 76 deputados. Contudo, a estes juntam-se os três deputados do PSD eleitos pelo círculo da Madeira (0,86% dos votos), o que colocou a Direita na frente. Seguiu-se o PS, que conquistou 28,66% dos votos, o que se traduz em 77 deputados.

O Chega, liderado por André Ventura, foi o partido que mais cresceu em número de votos (18,06%), tendo conseguido 48 eleitos.

Por apurar estão os quatro lugares da emigração, que o PS ganhou em 2022, com três mandatos.

Leia Também: ADN pode ter "custado" deputados à AD em Viseu e Lisboa

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