Brasil fará testes para verificar segurança aérea com tecnologia 5G
O Brasil vai verificar se a tecnologia do 5G que o país lançará este ano pode colocar em risco a segurança das aeronaves no seu espaço aéreo, um assunto de interesse global que já suscitou alarme nos Estados Unidos.
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Tech 5G
O responsável pelos estudos será a fabricante brasileira de aeronaves Embraer, segundo fontes do setor consultadas pela Efe, embora a empresa não quisesse dar detalhes sobre o assunto e hoje, numa breve nota, apenas indicou que acompanhou o assunto e orientou os seus funcionários para garantir "o mais alto grau de segurança" nas suas operações aéreas.
"A Embraer vem acompanhando as discussões sobre os possíveis impactos da tecnologia de telecomunicações 5G na aviação, tem colaborado continuamente com as autoridades aeronáuticas competentes e tem orientado os seus operadores a garantirem o mais alto nível de segurança na operação das aeronaves Embraer", afirmou a empresa.
No entanto, a própria Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), órgão regulador do setor de telecomunicações do Brasil, confirmou que a Embraer solicitou num ofício que este organismo apoiasse a definição dos testes, pedido que será avaliado pelo departamento encarregado de promover o uso eficiente do espetro radioelétrico na entidade reguladora.
Em nota enviada à Efe, Moisés Moreira, assessor da Anatel e presidente do Grupo de Monitoramento para Implementação de Soluções para Problemas de Interferência (Gaispi), afirmou que a Embraer manifestou "a intenção de realizar testes de voo e de solo para verificar a suscetibilidade das suas aeronaves ao 5G".
A questão agravou-se no país depois de o Governo dos Estados Unidos foi obrigado a pedir a duas operadoras de telecomunicações (AT&T e Verizon) uma prorrogação máxima de duas semanas para a ativação da rede 5G prevista para hoje, após a preocupação manifestada pela Boeing e a Airbus, as maiores fabricantes de aeronaves do mundo.
Com os alarmes disparados numa das principais potências do planeta, a Anatel está analisando o assunto "com atenção e cautela", explicou Moreira.
"Vale ressaltar que a banda principal para implantação das redes 5G, objeto desta discussão, é de 3,5 gigahertz (GHz), que no Brasil corresponde à faixa de 3.300 a 3.700 megahertz (MHz), portanto está localizada numa frequência menor do que a usada nos Estados Unidos, que varia de 3.700 a 3.980 MHz", disse o responsável, numa nota enviada à Efe.
Segundo o especialista, os equipamentos utilizados nas aeronaves (rádios altímetros) operam na faixa de 4.200 a 4.400 MHz, o que significa que o 5G no Brasil "está a pelo menos 500 MHz de distância da frequência de operação desses equipamentos, enquanto nos Estados Unidos afirma que esta distância é pouco mais de 200 MHz".
Por ter essa distância de frequência maior, que é conhecida como "banda de guarda", há melhores condições e menor risco de interferência no Brasil, disse.
Em resposta enviada à EFE, o Ministério das Comunicações foi mais enfático do que a Anatel e destacou que nenhuma das bandas que serão utilizadas para a implantação de 5G no Brasil (700 MHz; 2,3 GHz; 3,5 GHz; e 26 GHz), apresenta "algum risco para a operação das aeronaves, como foi visto nos Estados Unidos".
O Brasil garantiu a sua entrada na tecnologia 5G este ano após um leilão realizado em novembro passado, em que os grandes vencedores foram as subsidiárias no país da espanhola Telefónica (Vivo), da mexicana Telecom América (Claro) e a italiana TIM.
O serviço 5G deve começar a operar nas principais capitais brasileiras em julho deste ano e o lançamento da banda ficará condicionado à execução de medidas de proteção para sistemas de satélite.
"Até ao início da ativação das estações 5G, caso a Anatel identifique a necessidade de medidas adicionais para proteção dos equipamentos utilizados pela aeronave, estas serão adotadas e divulgadas oportunamente", afirmou o especialista do órgão regulador.
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