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"Terceira Tech Island é para continuar", mas sem subsídios ilimitados

O vice-presidente do Governo Regional dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM) disse hoje que o projeto Terceira Tech Island, iniciado pelo anterior executivo (PS), terá continuidade, mas ressalvou que as empresas não podem receber subsídios indefinidamente.

"Terceira Tech Island é para continuar", mas sem subsídios ilimitados
Notícias ao Minuto

19:12 - 16/09/22 por Lusa

Tech Governo dos Açores

"As empresas não podem estar indefinidamente instaladas no Terceira Tech Island, com funcionários subsidiados, com rendas pagas e a viver de subsídios. As empresas têm a primeira subsidiação para instalação, de 'start up', depois têm de caminhar", afirmou, em declarações à Lusa, o vice-presidente do executivo açoriano, Artur Lima.

O governante falava, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, à margem da inauguração das instalações da empresa tecnológica ForTrevo, que se instalou em 2018 no concelho vizinho da Praia da Vitória, no âmbito do projeto Terceira Tech Island, e se mudou agora para instalações de maior dimensão.

Lançado em 2017 pelo executivo regional do PS, com o objetivo de mitigar o impacto da redução militar norte-americana na base das Lajes, que eliminou cerca de 400 postos de trabalho, o projeto Terceira Tech Island visava a criação de um polo de empresas tecnológicas na ilha.

O Governo Regional assegurava o pagamento de formação de curta duração em programação e o custo das rendas dos espaços onde se instalavam as empresas, estando prevista a recuperação do edifício onde funcionava a escola da Força Aérea norte-americana na base das Lajes para esse efeito no futuro.

Entre 2018 e 2020, instalaram-se na Praia da Vitória mais de 20 empresas da área digital, que criaram cerca de 170 empregos.

O atual executivo, que tomou posse em novembro de 2020, deixou de comparticipar a formação em programação em 2022.

O PS acusou a coligação de "desinteresse" pelo projeto, alegando que cinco empresas já abandonaram o projeto e nenhuma outra se instalou.

Questionado sobre a continuidade do Terceira Tech Island, o vice-presidente do Governo Regional, que tutela a área da ciência, investigação e tecnologia, ressalvou que a gestão do projeto não está na sua pasta, mas disse estar convicto de que terá continuidade e admitiu uma sinergia com o Parque de Ciência e Tecnologia da Ilha Terceira (Terinov).

"O Terceira Tech Island é para continuar. Não sei se será nos exatos moldes em que vinha sendo. É um projeto que envolve a Câmara Municipal [da Praia da Vitória] e o Governo [Regional]. Julgo que está em reanálise todo este projeto, quer ao nível da formação, quer ao nível da fixação, quer ao nível dos subsídios", afirmou.

Artur Lima rejeitou, no entanto, que a saída das empresas esteja relacionada com a tomada de posse do atual Governo Regional.

"Já vinham a abandonar no anterior governo. Aliás, em 2019 e em 2020 houve empresas que abandonaram, outras que reduziram substancialmente o número de funcionários. Eu próprio quando era deputado [do CDS-PP] denunciei essa situação. Não tem nada a ver com a mudança de governo", apontou.

Na cerimónia de inauguração das instalações da ForTrevo, Artur Lima destacou a importância destas empresas para a fixação de população nos Açores, sublinhando que a região tem de "tirar rendimento palpável de parcerias nos domínios científico, tecnológico e digital".

"No mercado global e altamente competitivo, sobretudo na área tecnológica e digital, o facto de empresas deste género se fixarem nos Açores é elucidativo do nosso potencial estratégico a nível internacional, mas a fixação de empresas tecnológicas tem de evidenciar benefícios concretos para os Açores ao nível da criação de riqueza e das oportunidades de emprego para os locais", apontou.

"Queremos empresas com responsabilidade social, atentas a necessidades da região, prontas a fazer parte da solução e que não estejam à espera de mais um subsídio público para continuarem a desenvolver atividade na nossa região", acrescentou.

A ForTrevo, empresa que desenvolve soluções tecnológicas, instalou-se em 2018 na Praia da Vitória com três programadores, mas hoje tem 11 (10 naturais da ilha Terceira) e prevê aumentar este número.

"O objetivo de nos mudarmos para umas instalações maiores é continuar a [fazer] crescer a nossa equipa", disse Olga Duarte.

A diretora executiva da empresa admitiu que os apoios obtidos no âmbito do Terceira Tech Island foram "um pontapé de saída importante", para a instalação na ilha, mas destacou sobretudo a mão-de-obra existente.

"Há muito talento local. Há muitos jovens, infelizmente desempregados, à procura de uma oportunidade, e muitos deles qualificados, que podem evoluir rapidamente. Temos exemplos de pessoas que estão connosco há três anos e neste momento são programadores seniores", afirmou.

Com "alguns clientes na Terceira", a empresa trabalha sobretudo para o estrangeiro, em particular para a Europa e para os Estados Unidos, mercado em expansão, desde que está nos Açores.

"Os voos para os Estados Unidos são muito bons, as pessoas estavam abertas a ir e as pessoas de lá a virem. Essa ponte era bem mais estreita [nos Açores]", explicou.

Leia Também: EDA pagou a empresa "pelo menos 6,4 milhões acima do preço regulado"

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