Energia escura que expande universo pode não ser o que parece
Galáxias antigas e distantes estão a dar aos cientistas mais indicações de que a força misteriosa designada energia escura, tida como responsável pela expansão do universo pode ter um comportamento diferente do previsto em modelos matemáticos.
© P. van Dokkum
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Os astrónomos sabem que o universo está em expansão a um ritmo crescente e questionaram-se durante muito tempo sobre o que poderia estar por detrás dessa expansão em aceleração. A teoria que se tornou dominante foi a da ação de uma força constante e poderosa, invisível e de origem desconhecida, que foi designada como energia escura, mas que encaixava no principal modelo matemático que tenta explicar o comportamento do universo em expansão.
Descobertas publicadas no início deste ano por um projeto de investigação internacional que reúne mais de 900 cientistas de todo o mundo vieram questionar o modelo dominante sobre o comportamento da energia escura, quando ao analisarem a forma como as galáxias se movem concluíram que a força que as empurra ou puxa não parece ser constante. Essas conclusões iniciais foram corroboradas por uma análise de dados mais alargada, segundo noticiou na quarta-feira a agência Associated Press (AP).
"Não pensei que tal resultado acontecesse durante a minha vida", frisou, citado pela AP, Mustapha Ishak-Boushaki, cosmólogo da Universidade do Texas em Dallas que faz parte da equipa de investigadores.
As novas conclusões resultam da análise de dados recolhidos pelo Instrumento Espetroscópico de Energia Escura (conhecido como DESI, na sigla em inglês) que utiliza as observações de um telescópio em Tucson, no estado norte-americano do Arizona, para criar um mapa tridimensional dos 11 mil milhões de anos da história do universo que ilustra como as galáxias se agruparam ao longo do tempo e do espaço e que pretende dar aos cientistas informações sobre como o universo evoluiu e em que direção pode estar a evoluir.
Esse mapa que está a ser construído a partir de observações não faria, no entanto, sentido se a energia escura fosse uma força constante, como é teorizado. Em vez disso, a energia parece estar a mudar ou a enfraquecer ao longo do tempo, conclusão que põe em causa o modelo cosmológico padrão e pode significar que a energia escura é muito diferente do que os cientistas pensavam, ou que pode estar envolvido outro processo ainda completamente desconhecido.
"É um momento de grande excitação e também de alguma preocupação e confusão", disse, igualmente citado pela AP, Bhuvnesh Jain, cosmólogo da Universidade da Pensilvânia, que não está envolvido na investigação.
As descobertas do grupo de cientistas aponta para uma possível explicação a partir de uma teoria mais antiga, a de que ao longo de milhares de milhões de anos de história cósmica, o universo se expandiu e as galáxias se aglomeraram como previsto pela teoria da relatividade geral de Einstein.
As novas descobertas não são, contudo, definitivas. Os astrónomos dizem que precisam de mais dados para derrubar uma teoria que parecia funcionar muito bem e esperam que observações de outros telescópios e novas análises dos novos dados durante os próximos anos determinem se o entendimento atual da energia escura se mantém ou diminui.
"Como a energia escura é a maior componente do universo, o seu comportamento determina o destino do universo", explicou David Spergel, astrofísico e presidente da Fundação Simons.
Se a energia escura for constante, o universo continuará a expandir-se, tornando-se cada vez mais frio e vazio. Se a energia escura estiver a crescer em força, o universo expandir-se-á tão rapidamente que se destruirá no que os astrónomos chamam 'Big Rip' (o 'grande rasgão').
"Não entrem em pânico. Se é isso que está a acontecer, não acontecerá durante milhares de milhões de anos. Mas gostaríamos de saber mais sobre isto", vincou Spergel.
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