"Se tivesse outra dependência económica, continuaria a fazer comédia"
Miguel 7 Estacas faz parte dos nomes que preenchem a comédia nacional e abriu o seu coração ao Notícias ao Minuto para falar da arte que quer manter para sempre na sua vida.
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Fama Miguel 7 Estacas
Em pequeno não sonhava com o mundo da comédia, aliás, conta, era uma criança "introvertida". Óscar Branco foi o 'responsável' pelo seu percurso, pois foi o comediante que despertou o 'bichinho' em Miguel 7 Estacas.
Depois de espetáculos para os amigos, Miguel tornou-se profissional, mas só depois de participar no 'Levanta-te E Ri' é que se dedicou à comédia a 100%.
Hoje é o entrevistado do Vozes ao Minuto, uma conversa que recorda os primeiros passos nesta arte que gostaria de manter para o resto da sua vida.
Além disso, lembra ainda uma fase menos boa, o acidente que sofreu em 2015. Um momento que conseguiu recuperar, sendo hoje um exemplo de força.
‘Roast Miguel 7 Estacas’ foi o espetáculo que iluminou a noite do dia 24 de abril, no Teatro Sá da Bandeira, no Porto, e que no fundo serviu para homenagear os seus 30 anos de carreira. É bom estar rodeado de amigos e poder partilhar o palco com eles?
Não é bem homenagear os 30 anos. Coincidiu ser na comemoração dos 30 anos. Um ‘roast’ pode ser feito durante uma carreira, em qualquer altura, quando se ache a altura ideal. Este ano, por acaso, coincidiu com essa data. Mas é bom receber amigos que têm conhecimento do nosso percurso, conhecimento de algum lado da nossa vida pessoal. E vamos ali para palco num 'combate' de informações confidenciais, algumas, e vamos expor tudo. Uma batalha de amigos, colegas, com humor à mistura.
Entre os comediantes, o que transparece é uma forte união e entreajuda. Neste meio alguma vez sentiu algum tipo de competição entre humoristas ou são sempre como uma família?
Aqui vou dividir em dois grupos. Vou defender a minha parte. A norte vive-se um ambiente muito saudável entre humoristas. Quase que não nos podemos considerar concorrentes porque, embora estejamos a concorrer, muitas vezes indicámo-nos uns aos outros. Sobretudo a centro, eles [os humoristas] vivem um mundo um bocadinho mais à parte. Embora tenha amizade com a maior parte deles, há ali um núcleo um bocadinho mais fechado. É diferente. Mas no geral vive-se um clima muito bom.
Recordando os seus primeiros passos, estreou-se aos 17 anos. Inicialmente contava piadas de Óscar Branco, pessoa que considera ser a sua “mãe” na comédia. Mas antes, quando era mais novo, como era a sua personalidade? Era aquela criança que contava anedotas, era um brincalhão?
Não era muito extrovertido. Era mais de fazer partidas. Ainda hoje sou. Mas o Óscar Branco, a verdade é que despertou em mim uma estrelinha qualquer que me fez entrar no mundo da comédia. Eu gostava de contar anedotas, mas não era aquele contador de anedotas que gostava de seguir uma carreira ou de se expor em público a contar piadas. Quando conheci o Óscar, achei o formato dele tão diferente na altura, tão surpreendente, tão agradável e daí ter começado a copiá-lo. De início tinha algumas piadas dele e fui acrescentando algumas minhas. Foi nessa altura que comecei a perceber que tinha, de facto, aqui um dom de criatividade.
Entretanto, chegou, em pouco tempo, a hora de decidir. Aquilo já não era uma brincadeira apenas entre amigos, já estava a ser convidado e pago para fazer espetáculos. [Na altura pensei]: Ou eu consigo criar os meus textos e vou avançar para o mercado apenas com material meu, ou então vou ter que recusar estes convites e continuar no grupo de amigos e festinhas de aniversários a fazer brincadeiras com piadas de outros. O que continuo a aconselhar é que quem quiser fazer uma carreira de humor não se iludam numa carreira alicerçada em piadas de sucesso. Tenham consciência que têm um dom ou para atores de comédia ou para bons comediantes e criativos, e aí sim, podem ter uma carreira longínqua.
Andávamos aqui todos perdidos no mercado sem saber que haviam outrosQuando começou a construir o seu próprio reportório, lembra-se como é que foi a reação do público? Rapidamente cativou o público com as suas piadas? Teve o mesmo impacto, comparando com o que fazia antes?
Agora é diferente porque agora a fasquia está alta. Continuo a ter que surpreender, mas na altura era mais fácil surpreender. Com 17 anos era um ‘teenager’ e é mais fácil com uma criatura pequena e com pouca idade as pessoas ficarem mais surpreendidas com o que vem dali porque o conhecimento da vida ainda é pouco e por aí fora... Agora, o nível está mais elevado porque já se espera qualidade, já é exigida, e ainda se espera que se surpreenda. Portanto, ao oferecer hoje em dia qualidade aos meus seguidores para eles já não é suficientemente agradável.
Isso acontece, talvez, por também haver cada vez mais humoristas? Algo que quando começou não era igual.
Sim, em registo de stand-up eu não conhecia. Conhecia o Óscar, haviam apontamentos que podemos falar de Raul Solnado que tinha ali alguns textos com personagens que não deixam de ser apontamentos de stand-up, mas não conhecia muito mais. Aliás, já havia, se calhar, o Nilton na altura, já havia o Pedro Tochas, mas eu não os conhecia nem eles a mim. Andávamos aqui todos perdidos no mercado sem saber que haviam outros.
Numa fase inicial, trabalhava num escritório de contabilidade e ao mesmo fazia biscates no mundo da comédia. Este trabalho de escritório surgiu numa tentativa de conseguir dar continuidade à veia humorística ou apareceu naturalmente porque ainda não sabia muito bem o que queria fazer no futuro?
Comecei a trabalhar no sector da contabilidade porque abriu-se uma porta para esse mercado de trabalho e eu achava que era de aproveitar. Mas nem sequer sonhava que um dia podia ser comediante ou até fazer carreira na comédia. Isso veio uns anos depois. Sim, já brincava entre amigos. Entretanto, fui recebendo convites que se tornaram mais sérios, com caché já negociado. Ainda recordo, não com saudade, que andava para os meus trabalhos com um PA (material de estúdio e pro-aúdio), aliás, funcionava quase como os karaokes só que a fazer piada. Tinha que ir, montar o PA, tinha que ter o meu sistema de som. Esperava que as noites terminassem para desmontar tudo… Era uma seca comparando com o trabalho que é hoje em dia. Hoje em dia, se ainda assim fosse, haveria muita gente a desistir no logo início.
Fez parte do elenco de humoristas que participaram no programa ‘Levanta-te e Ri’, em 2002. Foi nessa altura que se dedicou exclusivamente ao humor?
Sim, foi a grande volta. Foi o que me fez arriscar tudo porque vivemos sempre com receio de perder um emprego e eu já era afetivo há mais de 12 anos. Aí percebi que a alavanca ‘Levanta-te e Ri’ era o aproveitar ou o deixar tudo para trás. Felizmente, tomei a decisão certa e decidi dedicar-me a 100% à comédia.
Sentiu que o programa foi o momento que o projetou de verdade para o stand-up comedy?
Sim! E foi mesmo para o stand-up comedy porque eu vivia muito de alguns apontamentos de stand-up, mas muito ainda de rábulas com personagens. O stand-up em Portugal trouxe para cá um culto que nós começamos a ter mais curiosidade de saber as raízes, saber como melhor se podia fazer, executar e criar. O ‘Levanta-te e Ri’ foi importantíssimo nisto tudo para nós que já estávamos no mercado, e hoje em dia para quem está a surgir e quem é novo neste ramo.
Criou várias personagens, uma delas o Sr. Limpinho que marcou presença em vários programas do ‘5 Para a Meia-Noite’. Como é que surgiram ou foram criadas estas personagens?
Já tinha uma aptidão para criar personagens. Ainda hoje, numa grande parte do trabalho, sou chamado para esta vertente do humor. Depois do ‘Levanta-te e Ri’ tive alguns passos, passei pelo Porto Canal, ainda tive com o João Seabra e o Hugo Sousa em projetos de sala de teatro e sketch para YouTube - na altura infelizmente não tinha a força que tem hoje, mas teremos sido quase pioneiros em Portugal em comédia no YouTube. O Porto Canal fez-me criar o Sr. Limpinho que é a minha personagens mais mediática. Foi criado de improviso.
O Porto Canal era um verdadeiro canal de cabo onde não tínhamos todas as ferramentas à disposição. Era um canal que limitava tudo em termos de orçamento para conseguir sobreviver. O nosso programa não era uma exceção. Nós tínhamos que gravar e editar num dia e tínhamos um segundo dia para fazer o direto na televisão. Não havia muito espaço para criar nem para gravar. Um dia tinha que servir para tudo, era complicadíssimo. O que trazia ali algumas lacunas, por exemplo, na regi, um erro num vídeo qualquer obrigava-nos a estar em estúdio a encher chouriços.
E numa dessas ocasiões disseram-nos na regi que tínhamos 15 minutos sem material para lançar. À pressa, vesti a roupa das senhoras da limpeza do canal, fui buscar a primeira peruca e o primeiro bigode, por isso é que ainda hoje é uma personagem muito estranha em termos de adereços - porque à partida a peruca é de mulher mas o bigode já não tem nada a ver… Surgiu a brincadeira até que começamos a receber telefonemas e mensagens a incentivar a continuidade do Sr. Limpinho. E cresceu este monstro que passou pelo ‘5 Para a Meia-Noite’, passou por fazer-se comédia de improviso com o Sr. Limpinho onde o pessoal levava material de casa para a sala de propósito e eu tinha que fazer improviso daquilo.
O Sr. Limpinho© Global Imagens
O que foi para si a mais desafiante?
Tenho várias, mas vamos destacar o Sr. Limpinho porque na decisão do público em geral é esta.
Em 2015 foi forçado a fazer uma pausa na carreira por causa de um acidente, que o deixou cinco semanas em coma. Um momento que hoje recorda com humor, aliás, em 2017 regressou aos palcos com o espetáculo ‘Fugir à retina’, com um texto exclusivo onde abordou com humor todos os problemas pelos quais passou. O humor é a melhor arma para recordar e viver os momentos mais difíceis da vida?
Sim. Para viver todos os momentos difíceis, tristes e de dificuldade. Ainda hoje temos o público a dizer, quando o país estava mergulhado na crise, venha à comédia porque temos que sorrir e rir com alguma coisa. A nível pessoal, falo por mim, o humor é uma grande terapia e a nível geral acho que até devia ser obrigatório. Se mandasse no mercado empresarial, se calhar, obrigava as empresas – que há tantas obrigações que elas têm e algumas com pouco sentido – a que periodicamente tivessem um aumento destes para os trabalhadores.
Quando voltou, o apoio dos amigos e colegas foi essencial para este novo arranque?
Foi fundamental. Primeiro, o apoio da recuperação física e psicológica que foi destes amigos, colegas e familiares, essencialmente. Mas na [parte] psicológica foi muito rápido e foi uma força interior porque eu tinha muita vontade de voltar ao trabalho. Antes de imaginar eu quero sair da cama, caminhar, correr e ver, era eu quero voltar ao trabalho, seja qual for a minha condição física. Isso ajudou-me muito e com o apoio dos colegas, deu-me uma força ainda maior, incrível. Em brincadeira costumo dizer que até a Segurança Social me deu essa força que é: 'vá lá trabalhar, não venha para cá meter papéis'.
Eles não têm culpa, mas, de facto, tenho mais degraus para avançar para chegar ao mesmo patamar dos melhoresUma das sequelas do acidente foi a visão. Isso deixa-o agora mais desconfortável nos espetáculos, mas faz questão de se reinventar e usar outras ferramentas? Estas novas condições fazem com que tenha que recorrer ainda mais à sua criatividade?
Sim, de facto, são ferramentas que ajudam a ultrapassar as dificuldades visuais e que são bastantes quando a maior parte do registo do humor vive da observação, da crítica, mas sobretudo da observação. Aí considero que estarei a trabalhar com uma concorrência desleal. Eles não têm culpa, mas, de facto, tenho mais degraus para avançar para chegar ao mesmo patamar dos melhores. A dificuldade é acrescida, mas conseguimos arranjar armas para isso porque depois vou ter, com as minhas limitações, pontos de vista diferentes que eles não têm. E tenho que aproveitar este tipo de imagem que os outros não conseguem ter sobre a sociedade, sobre tudo.
Acaba por, de certa forma, destacá-lo mais?
Sim, por ser exclusivo acaba por marcar um bocadinho a diferença.
Conheceu-se melhor nesta nova fase? Há coisas que achava que antes não existiam ou que não era capaz e que agora fazem parte da sua vida?
Uma fase inicial sim. Cheguei a pensar se estaria tudo perdido porque não sabia de que forma é que o público me ia aceitar, de que forma é que ia olhar para mim, se o tempo de paragem (embora não fosse longo) era suficiente para o público ter-me posto de lado... Porque uma paragem de um ano em qualquer artista é uma paragem muito prolongada e eu estive um ano e meio parado. Ainda hoje tenho pessoas que se cruzam comigo, e às vezes através de mensagens, que ainda me perguntam se já voltei e se ainda faço este trabalho. Uma paragem, por mais curta que seja, na cabeça de muita gente, é o fim. Ainda hoje há gente que acha que eu já tive o meu fim. E foi difícil o início. Hoje, felizmente, já vou trabalhando com a ajuda dos meus colegas, vou ficando conhecido no mercado e estou de volta, de boa saúde, no que diz respeito a voltar a ter bons conteúdos na comédia.
As redes sociais são um meio também usado por si e onde mostra também a sua veia humorística. Hoje, um humorista consegue sobreviver sem estar presente nestas plataformas?
Tenho a certeza que não, porque foi para mim difícil abraçar as redes sociais. Embora já estivesse no Facebook, quando apareceu o Instagram (que agora está ainda com mais força), apareceu num momento de maior dificuldade onde eu não estava a conseguir trabalhar com a rede e só há muito pouco tempo é que, percebendo que não é uma escolha, é obrigatório que a gente esteja para manter-se no mercado, tive que recorrer a ajuda e tenho alguém que me está a fazer essa gestão.
Vai arrancar com um novo espetáculo já no segundo semestre deste ano. O que podemos esperar deste novo trabalho?
Vou fazer uma pequena tour de resumo, essa sim, será a marca dos 30 anos onde vou pegar nas personagens que achei mais queridas, aquelas que tiveram um feedback mais positivo do público, e fazer uma mistura de stand-up com algumas rábulas dessas personagens. Será um recordar com algumas histórias e piadas que ficaram bem marcadas e o próprio texto estará renovado porque é obrigatório surpreender. Não vou apenas enumerar um texto e levar para palco de novo. Vai ser feito um 'refresh' a esses textos que achei que deviam voltar a palco com os melhores personagens e um momento de stand-up.
Também vai começar a dar palestras motivacionais. Recebeu muitos pedidos de ajuda ou a partilha de histórias de pessoas que também passaram por um momento difícil como o seu?
O que vejo é toda a gente a cumprimentar-me, a dar-me os parabéns e a achar que sou um exemplo de vida. Por acaso sinto-me muito pouco confortável quando querem fazer de mim um herói e não sei muito bem como responder. Na verdade, acho que outras pessoas que acham que não tinham força para superar, ao passar pela dificuldade acho que elas iam conseguir. Agora, se eu num papel motivacional estiver a fazer bem a um determinado grupo e a achar que estou a incentivá-los e a ajudar a superar determinada dificuldade, se acharem que isso é bom, logicamente que quero abraçar esse projeto. E foi esse o desafio que me fizeram. Foi feito pela empresa BRAIN e em conjunto com o Paulo Azevedo que faz palestras motivacionais e de superação. Ele tem um problema físico nas pernas e nos braços. Visualmente tem um impacto enorme para quem o vê e para quem percebe a força que ele tem que parece que não tem nenhuma limitação e que quer fazer tudo tal como as outras pessoas. Ele é quem está no cérebro deste projeto onde me convidaram para fazer parte.
Não está tudo inventado. Mesmo o que está inventado está para reinventar. Não temos que ficar décadas e décadas seguidas só a fazer referências a momentos ou a memórias do passadoOnde vai buscar essa força para continuar, com humor, e conseguir ainda ajudar os outros?
Tem a ver com a maturidade à mistura e o facto de ter uma família muito próxima e quero continuar a tê-los comigo. Posso confessar que se fosse egoísta, quando estava na minha pior fase, nos cuidados intensivos, quando acordei, desejava que não tivesse acordado. Teria sido muito mais fácil não acordar. Teria sido uma pessoa feliz até aquele ponto e sabia que tinha tido um fim que não sofri. Mas pensando bem, este é um pensamento egoísta. Ia pensar apenas no meu conforto. Foi tudo bom até aqui e para mim terminou. Agora, tenho responsabilidades, família, filhos, tenho que pensar de outra forma. Seria um choque para eles. Seria difícil de apagar aquela imagem, se tivesse corrido pior, para todos os meus amigos e familiares. E os meus filhos teriam uma vida diferente, com uma mágoa eterna. Isso foi o ponto número um para eu ganhar força e seguir em frente. O número dois foi o trabalho, a vontade enorme e o gosto que tenho pela comédia.
É um amor sem fim, este, da comédia?
É, sem dúvida! Já tenho dito que se tivesse outra dependência económica continuaria a fazer comédia e a dedicar-me a isto o tempo que pudesse, não sendo remunerado.
Vou lutar até à exaustão para poder estar, pelo menos, ao nível dos melhores que aí virãoHoje, como é que olha o futuro?
Com algumas reticências. Quero continuar a lutar com força. Vou continuar a batalhar para surpreender porque acho que há pouca gente que olha neste prisma. Há muita gente que nasce na comédia e vai ver exemplos e quer seguir aquele exemplo. E, muitas vezes, fica com o cérebro preguiçoso porque não abre a mente para criar. Vai criar, mas vai criar com base em alguém. Tem sempre um ponto que o vai prender a uma determinada vertente na comédia e isso prende no fundo o cérebro para a criação e para surpreender. Eu embora vá seguindo o trabalho de alguém, prefiro, quando estou no meu momento criativo, estar isolado, sozinho e debruçar-me no meu estilo. Não quero pensar no que é que resultou naquele comediante ou no outro. Quero pensar que é possível inventar diferente.
Há uma frase que eu detesto ouvir que é: ‘Não me venham para cá inventar que já está tudo inventado’. Não concordo e quero continuar a não concordar com esta frase. Não está tudo inventado. Mesmo o que está inventado está para reinventar. Não temos que ficar décadas e décadas seguidas só a fazer referências a momentos ou a memórias do passado. A minha dificuldade no futuro é conseguir continuar a ter criatividade. Se continuar a ter, não tenho receio, independentemente dos obstáculos que apanhe pela frente. Agora, sei que com a idade isso vai-se quebrando, por testemunhas de colegas mais velhos. A ver vamos. Uma coisa tenho a certeza, há muitos talentos novos que estão a surgir. Há muita gente que tem realmente muito talento e que de uma forma muito natural vai fazer com que quem está confortável no mercado fique desconfortável, porque vai trabalhar para poder estar acima dessa geração nova. Já vai ser difícil, a certa altura, estar em equilíbrio com eles, mas vou lutar até à exaustão para poder estar, pelo menos, ao nível dos melhores que aí virão.
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