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"Sei que vou ser presidente do Sporting"

Pedro Madeira Rodrigues, candidato à presidência do Sporting, é o entrevistado desta semana do Vozes ao Minuto. Nesta entrevista exclusiva, entre críticas a Bruno de Carvalho, estabelece como pilares do seu projeto a aposta na formação, mas também a manutenção de "referências" como Adrien e Rui Patrício.

"Sei que vou ser presidente do Sporting"
Notícias ao Minuto

23/01/17 por Carlos Pereira Fernandes e Sérgio Abrantes

Desporto Pedro M. Rodrigues

Aos 45 anos, Pedro Madeira Rodrigues deixou a Câmara do Comércio e da Indústria Portuguesa para se ‘aventurar’ na corrida à presidência do Sporting.

Em entrevista exclusiva ao Desporto ao Minuto, o candidato admite que esta não é uma “ambição” de criança, mas sim motivada pela “falência do projeto de Bruno de Carvalho”.

Entre críticas ao atual presidente leonino, a propósito dos “investimentos colossais” no futebol e da gestão “ao sabor do vento” Pedro Madeira Rodrigues promete “mudança” e deixa uma garantia: “Tenho essa ambição e sei que vou ser presidente do Sporting”.

Falei com pessoas que poderiam ser bons candidatos à presidência do Sporting e fui percebendo que sou melhor do que qualquer um deles

Como se apresenta aos sócios e adeptos do Sporting?

Nasci em Lisboa e tornei-me sócio do Sporting com dez anos. Venho de uma família de grandes sportinguistas, o meu pai é fanático. As coisas que mais me lembro de pequenino estão relacionadas com o Sporting e com o meu pai. Com 11 anos fui jogar para o Sporting, estive lá até aos 14 anos e fui treinado pelo César Nascimento. No fundo, cresci e fiz-me homem no Sporting. Muitas das coisas que aprendi em casa foram reforçadas no Sporting, nomeadamente esta ambição de fazer sempre melhor e de querer ganhar, juntamente com valores de respeito e desportivismo. Foi uma escola fantástica.

Depois tive o percurso normal. Tirei o meu curso na área da gestão, passei por várias empresas, tirei um MBA. Passei pelo Governo e, agora, estive durante 12 anos na Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa. Isto para lá de muitas coisas em que me fui metendo, como o guião do musical Sporting, com que ganhei um prémio Stromp. Tenho uma família grande, com cinco filhos. Ligado ao Sporting, tenho sido um adepto normal. Acompanho as equipas por todo o lado. Quando ganhámos o campeonato, em 2000, faltei a apenas quatro jogos. Há seis anos participei na campanha do Pedro Baltazar e, a partir daí, comecei a envolver-me mais nos assuntos internos do clube. Sempre muito preocupado, primeiro com o consolado de Godinho Lopes, e, depois, com o de Bruno de Carvalho.

Sempre ambicionou ser presidente do Sporting?

Sempre tive a ambição de dar o meu melhor pelo Sporting. Nesta altura, tomei consciência de que aquilo que me é pedido é ser presidente do Sporting. Alguns têm esse sonho de vida... Eu tomei consciência de que é altura para avançar. Estão reunidas as condições e, como pessoa, os meus 45 anos de vida permitem-me estar completamente preparado para ser presidente do Sporting. Agora, sim, tenho essa ambição e sei que vou ser presidente do Sporting.

Candidatou-se porque sentiu que já estava preparado ou devido ao momento do clube?

Candidatei-me porque já há muito tempo percebi a falência deste projeto de Bruno de Carvalho, que até teve coisas boas no princípio, mas que rapidamente perdeu o rumo. Estamos a cair exatamente nos erros que criticámos no passado. Esta vontade de contribuir para a mudança já vem de há algum tempo. O ser eu a fazê-lo é que já foi mais recente.

Aconselhou-se com pessoas ligadas ao clube?

Falei com muitas pessoas que julgava que até poderiam ser bons candidatos à presidência do Sporting e fui percebendo que sou melhor do que qualquer um deles. Não tem a ver com o momento em particular. Quando decidi, o Sporting até estava nas quatro frentes, estávamos a dois pontos do primeiro classificado. Percebi, sim, que as coisas não estavam a correr bem. A forma de liderar, os investimentos loucos, sem critério...

São erros desta época ou de épocas anteriores?

Vêm de épocas anteriores. O Sporting, nestes últimos quatro anos, contrata mais de 100 jogadores e acertou talvez em 10%. Neste último ano então, descambámos completamente. Tivemos o dinheiro que ganhámos de duas vendas [João Mário e Slimani] e gastámos à louca. As contratações anteriores ainda foram comedidas, mas as recentes prejudicaram o Sporting, não só em termos financeiros, como de ascensão dos jovens da nossa academia.

Num clube tão ligado à formação como o Sporting, isso é algo que tem de ser corrigido?

Talvez por ter crescido na formação do Sporting, angustia-me esta perda, não só de valores, como da Academia enquanto referência. Deve ser o centro do Sporting e está posta de lado. Como o próprio Jorge Jesus admitiu, perdemos terreno para os rivais. Agora já não é como no meu tempo, em que os pais escolhiam o Sporting em primeiro lugar. Isto é inadmissível. Nós, que estivemos na frente em tantas coisas, nomeadamente na formação, deixarmo-nos ultrapassar é dramático para o futuro. Temos, rapidamente, de atalhar caminho e, connosco, vamos fazer isso.

Aparentemente, vou ser eu a inaugurar o pavilhão...

Ainda assim, reconhece que Bruno de Carvalho tem mérito em dossiers como a reestruturação financeira?

Tanto José Couceiro como Bruno de Carvalho iam fechar a reestruturação financeira. O processo já estava negociado com os bancos. Falámos com o José Filipe Nobre Guedes e estava tudo completamente fechado. Houve um acerto ou outro que Bruno de Carvalho fez, mas ambos seriam obrigados a cumprir aquela reestruturação financeira, que foi uma coisa muito boa para o Sporting. Chegámos a esse momento muito complicado após várias estratégias falhadas e até julgo que o facto de Bruno de Carvalho ter vencido foi melhor. Gosto muito do José Couceiro, mas dava ideia de que era mais do mesmo. Havia uma espécie de uma dinastia que estava instalada no Sporting e iam passando de uns para os outros. Bruno de Carvalho veio acabar com isso, só que até nisso já tomaram conta dele.

A que se refere?

Veja-se a comissão de honra dele. Quem é que lá está? José Maria Ricciardi. Há quatro anos, Daniel Sampaio explicou como é que ele escolhia presidentes, treinadores e até jogadores. Agora, está a tutelar Bruno de Carvalho. Voltaram os mesmos de sempre e nós vamos cortar definitivamente com essa dinastia que quer e e está a voltar a implantar-se em Alvalade.

A construção do pavilhão é um dos seus méritos?

Era uma aberração e uma vergonha o Sporting não ter um. Felizmente, José Eduardo Bettencourt conseguiu fechar o negócio com a Câmara Municipal de Lisboa, em que garantimos 18 milhões de euros, o Godinho Lopes conseguiu fechar o acordo com a Caixa Geral de Depósitos e o Bruno de Carvalho conseguiu concretizá-lo com o dinheiro da Doyen e com algum dinheiro dos associados. É o mínimo, o presidente tem de deixar obra. O pavilhão não aparece de para-quedas, tem uma história. Não sei se vai ser concluído no tempo dele, acho que vai passar para mim… Aparentemente, vou ser eu a inaugurar o pavilhão, mas o que importa é que o temos.

Esperava melhores resultados no futebol?

Em quatro anos, fizemos investimentos colossais a nível desportivo, com os resultados que se viram. Vamos comparar com Luís Soares Franco, que investiu muito menos na equipa. Mas, agora, tínhamos obrigação de fazer muito mais. Quero que as pessoas olhem para o futuro. Olhem para equipas novas, renovadas, com ideias, com valores, com uma liderança completamente diferente, e comparem-na com uma equipa desgastada, para um presidente já sem chama, que se queixa de tudo e de nada... Está num ciclo descendente e já não consegue resultados. Agora volta a aposta na formação, mas já ninguém acredita em nada. É um projeto falhado.

Consegue identificar o momento em que esse ciclo descendente começou?

Julgo que começou logo com aquela guerra que criou com Marco Silva. A partir daí, perdeu a mão. Ele julgou, ao fim de um ano, que as coisas correram bem com Leonardo Jardim - é um grande treinador, fez o trabalho que se vê e foi uma pena não o termos mantido - mas, com Marco Silva, começou logo a fazer mal. Aquelas vergonhosas cenas a que assistimos perto do Natal, com os emissários de Bruno de Carvalho... Depois, entregou-se a Jorge Jesus, foi uma fuga para a frente, e não foi capaz de explicar-lhe o perfil. Ele próprio também não o conhece como nós o conhecemos. Passou a gerir ao sabor do vento e isto não é futuro para o Sporting.

Em que é que o seu projeto se distingue do de Bruno de Carvalho?

Vamos preparar um clube para enfrentar os próximos anos. Vamos querer ganhar no imediato, mas vamos reestruturar o clube para estar preparado para os desafios do futuro, coisa que Bruno de Carvalho não fez. Ele teve uma grande oportunidade, um clube pacificado, farto do que se tinha passado e que queria dar apoio a quem viesse. Teve todo o apoio e perdeu uma oportunidade única. Fez algo que está ligado ao seu feito, que é dividir para reinar. É assim que ele funciona, mas o Sporting tem de estar unido. Há muitas sensibilidades e percebo isso cada vez mais neste período pré-eleitoral. Mas temos de saber unir. Eu sou uma pessoa que sabe fazer pontes, ele é uma pessoa que sabe fazer muros e destruir. É um perfil completamente diferente.

Sou esta pessoa pacífica, simpática e agradável, mas também sou um pitbull

Seria possível vir a trabalhar com Bruno de Carvalho?

Não sei, ele é muito imprevisível... Vamos ter agora a fase final da UEFA Futsal Cup e tive logo a ideia de o levar comigo, mas já percebi que não é possível, pela forma como ele reage a tudo o que faço. Faço a apresentação, meia hora depois dá ele próprio, na Sporting TV, uma resposta. Anunciei que ia apresentar o meu programa a 19 de janeiro, ele apresenta no mesmo dia. Está a fazer uma marcação cerrada. Nem é bom para o Sporting, nem para ele, é uma politiquice que nada tem a ver com o Sporting. Não estou a gostar desses sinais.

Há outros sinais que o desagradam?

Não gostei mesmo nada de uma pessoa muito ligada a Bruno de Carvalho, que é o atual presidente da Mesa da Assembleia Geral do Sporting, ameaçar-me com um processo. Aí, acabou-se a brincadeira. Os meus amigos dizem-me que sou um pitbull [risos]. Sou esta pessoa pacífica, simpática e agradável, mas também sou um pitbull, algo que, se calhar, também aprendi no Sporting. Não brinquem comigo. O presidente da Mesa da Assembleia Geral do Sporting ameaçar-me com um processo é indigno, é uma coisa que não aceito. Mas vem na sequência dos outros processos que colocaram. Sei da relação que tem com o presidente do Sporting e quero vê-lo rapidamente afastado do processo eleitoral.

Já teve contacto direto com Bruno de Carvalho?

Tive uma reunião com ele, há seis anos, foi a única vez, e percebi logo o tipo de pessoa que ele é. Quero muito ter um debate com ele, já andamos a pedir há algum tempo. Queremos debater o Sporting. Temos ideias e projetos.

Ainda assim, há linhas do atual projeto que podem ser seguidas ou pretende uma rutura total?

Já não sei o que é o projeto de Bruno de Carvalho... Ainda não olhei para aquela lista, vi apenas os títulos. Parece que agora vamos apostar na formação... No que é que vamos acreditar? Li, com atenção, o programa dele de há quatro anos. Queria planteis com 20 jogadores, e temos um com 27.

Aí a culpa é do treinador ou do presidente?

É do presidente. Se o presidente entregou o futebol... Agora que as coisas estão a correr mal, é a primeira vez que estamos a ouvir que o Jesus é que fez as contratações.

Consigo isso não irá acontecer?

Vou delegar nas pessoas que têm mais competência, nomeadamente um diretor desportivo, que fará a ligação direta ao treinador, mas com coordenação minha. Nós é que vamos dizer, por exemplo, que o plantel principal não pode ter mais de 23 jogadores. E não vai ter. A equipa B serve, essencialmente, para aproveitar os jogadores da academia e ajudar na transição para os seniores, coisa que não está a acontecer.

Esse diretor desportivo já está identificado?

Temos três pessoas identificadas, com um perfil muito bom. Só anunciarei quando tudo estiver fechado.

Octávio Machado, por exemplo, poderia encaixar-se nesse perfil?

O Octávio Machado já pediu para sair... Já sabemos que isso vai acontecer. Mas cabe na cabeça de alguém que seja o treinador a apontar o diretor desportivo? É um bom homem, prestou um bom serviço ao Sporting, mas não é o futuro.

Admite sentar-se no banco de suplentes?

Vou confiar muito nas minhas equipas e um sinal dessa confiança é não estar no banco de suplentes. O próprio Bruno de Carvalho disse que só ia estar no banco enquanto não tivesse a certeza DE que as pessoas estavam motivadas. É uma coisa muito à anos 80. O meu dirigismo é o dos anos 2020 para a frente, completamente moderno. O dirigismo de Bruno de Carvalho está ultrapassado. O seu ídolo é o Pinto da Costa dos anos 80. Não há comparação possível, os tempos são outros. Já se percebeu que não funciona.

Quero que Adrien e Rui Patrício fiquem para sempre

Valores como aquele que foi pago por Bas Dost, na ordem dos dez milhões de euros, continuarão a ser praticados?

Vamos ter um orçamento que não é tão baixo quanto foi o de Marco Silva e Leonardo Jardim, mas que não será tão alto como teve Jorge Jesus. Será uma coisa mais equilibrada. Mas vale mais gastar dez milhões num craque do que dez milhões em dez maus jogadores. Temos de ser inteligentes. Vamos fazer as verdadeiras contratações cirúrgicas que nos foram prometidas e que não foram feitas. Vamos ter um departamento de prospeção a funcionar muito bem.

A prioridade voltará a ser contratar a baixo custo para valorizar?

Vamos ser dos primeiros a chegar e a fechar as contratações, coisa que, com esta direção, muitas vezes não aconteceu. Até identificámos um outro, mas fomos ultrapassados. Vamos ser uma equipa muito boa nessa área, que é fundamental. Aliás, vamos normalizar as relações com os agentes desportivos, que também é por aí que o Sporting perde muitos negócios. Este presidente arranjou guerras com todos e mais alguns. Quem não quiser fazer mal ao Sporting pode trabalhar connosco.

Terá reforços para apresentar no verão?

Estamos a trabalhar nisso. Nesta altura, os reforços que quero são os jogadores do Sporting. É nesta equipa que temos de confiar.

Considera, por isso, que este plantel pode dar mais?

Temos muito bons jogadores, que poderiam produzir mais, como já fizeram. Mas há aqui uma questão de liderança tremenda. Como é que qualquer jogador reagiria ao que aconteceu em Chaves? É o tipo de atitude que cai bem nalguns adeptos, mas que, obviamente, teve as consequências que teve no jogo da Taça. Aí foi muito claro. Até podíamos ser eliminados, mas a tensão com que jogámos foi em grande parte causada por isso. Responsabilizo diretamente o presidente do Sporting por aquilo que aconteceu.

Basta então reunir a equipa?

Temos grandes capitães, são os líderes e serão capazes de reunir já a equipa. Quando chegar, vamos entrar com uma motivação, liderança e espírito ganhador completamente diferentes. Foi assim que cresci no Sporting, é o espírito com que tenho vivido toda a minha vida, e é isso que vamos trazer para o Sporting.

Nesse caso, jogadores como Rui Patrício e Adrien não irão sair consigo no comando do clube?

Quero que Adrien e Rui Patrício fiquem para sempre. O Sporting precisa deste tipo de referências.

Mesmo que seja preciso pagar valores elevados para que isso aconteça...

Vamos negociar com eles. Também é preciso ter noção de que ter um trabalho fantástico e ficar no clube do coração a vida toda é, por si só, uma proposta irrecusável. Sei que eles amam o Sporting. Tiveram o mesmo percurso que eu tive, vivem muito o clube e são grandes capitães. Tenho esperança que seja possível.

Mais responsabilização e menos desculpas, é o que vamos trazer para o Sporting

Também é preciso unir os adeptos?

Os sportinguistas, talvez pela ausência de vitórias, parece que se conformam com pouco. Uma tacinha já é bom... Temos de voltar a ser exigentes, a dar tudo em todas as competições. Não podemos ficar contentes com pouco, como este presidente, que ficou contente por ter perdido por poucos com o Real Madrid. Mas o que é isto? Ouvi isto no jantar dos prémios Stromp. É inaceitável. Contentes por perder por poucos? Eu só fico contente quando ganharmos. 'Demos tudo, os árbitros são os culpados...'. Mais responsabilização e menos desculpas, é o que vamos trazer para o Sporting.

O Sporting pode viver com tantas 'guerras' abertas ou são questões que terão de ser resolvidas?

Nós vamos fazer guerra com todos os que queiram fazer mal ao Sporting. Não vou ter o mínimo de pejo, mas obviamente que estamos a perdê-las todas, como contra o principal rival, que agora domina o futebol português. Temos de saber defender o Sporting, de forma inteligente, com menos 'show off' e mais prática. O Sporting está muito desgastado. Há disso um exemplo muito concreto. Penso que tínhamos razão em dizer que tínhamos 22 campeonatos e não 18. O que é que o Sporting devia ter feito? Falar com Olhanense, Marítimo e Belenenses, três equipas que poderiam ser beneficiadas por essa mudança. Mas, não, quisemos ir para o espalhafato, aparecer sozinhos, e não conseguimos o nosso objetivo.

Caso seja eleito, é uma questão a que o Sporting vai voltar?

A voltar, seria com todos juntos. Mais importante do que os títulos do passado, são os títulos do futuro, que vão surgir connosco. Acho que temos o argumento para defender isto, mas foi decidido que não. Acredito que com a ajuda de outros clubes teríamos conseguido. Estamos completamente isolados e, assim, não conseguimos ir a lado nenhum. Já ninguém respeita o presidente do Sporting, ninguém o ouve.

Que tipo de Sporting espera herdar?

Vai ser uma herança pesada, não tenho qualquer dúvida. Financeiramente, está muito complicado.

Admite trazer investidores para impulsionar o orçamento para o futebol?

A primeira vez que ouvi falar de fundos de investimento foi através de Bruno de Carvalho, que trazia fundos russos... Entretanto, zangou-se com os fundos. Vou estar aberto a todas as pessoas que queiram ajudar o Sporting. A atual direção tem afugentado e não aproximado os investidores. Fala-se de um investimento de 18 milhões, acho que só vou conhecê-lo quando entrar no Sporting, e vou comunicar esse nome aos associados. Vamos ser capazes de captar receitas de formas inovadoras. Há quatro anos, foi prometido o naming do estádio e da academia, e agora cá está outra vez no programa dele. Mas alguém acredita que vai ser ele a conseguir fazê-lo?

Já tem algum apoio nesse âmbito?

Vamos envolver mais os sportinguistas que queiram apoiar o clube e isso também irá passar por investidores. O primeiro apoio que pedi e que consegui - estamos a fechar esse consórcio - visa recuperar a academia do Sporting, que está na posse de um banco. É uma forma simbólica de mostrar o que queremos trazer para o clube.

Além do naming, pretende também introduzir outras alterações no estádio?

As cadeiras têm de ser verdes e vamos estudar a questão do fosso. A minha ideia era pôr cadeiras. Estamos a estudar, não é tecnicamente fácil, mas, caso seja possível, vamos fazê-lo. Caso contrário, no mínimo, vamos aproveitar aquele espaço para pôr publicidade e para, pelo menos, dar a sensação de maior aproximação ao relvado. Queremos promover a proximidade entre os sócios e os seus ídolos, que devem ser os jogadores. É outra coisa que este presidente confunde. Ele quer ser o ídolo. Mas o que é isto? Os dirigentes estão lá para servir com discrição.

Essa aproximação será o foco da estratégia de comunicação?

Os ídolos são os jogadores e as equipas técnicas, a nossa comunicação passará por aí, além de que vamos falar muito mais do Sporting e esquecer os outros. De vez em quando podemos falar, mas a primazia é o Sporting.

O número das modalidades é para manter, mesmo que não sejam sustentáveis?

Não, as modalidades têm de ser sustentáveis. Neste momento, temos algumas equipas das modalidades que são mais caras do que equipas da primeira divisão de futebol. Isto não é sustentável. Vamos ter equipas competitivas, sempre para ganhar, mas com sustentabilidade. Tal como no futebol, este ano cometeram-se desvios orçamentais tremendos. Mas as modalidades são uma aposta forte da nossa direção. Vamos voltar a ter os dias à Sporting, em que passamos todo o dia, como em miúdos, a ver todas as modalidades. O basquete, que tem uma grande tradição no Sporting, é para voltar. Vamos abrir o Velódromo Joaquim Agostinho, para as bicicletas, vamos também inovar com a introdução de um clube naval. Acho que o futuro de Portugal passa por apostar muito no mar e o Sporting tem de estar na frente.

*Pode ler a segunda parte desta entrevista aqui.

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