"Se França tem um presidente com 39 anos, Braga também pode ter"
Miguel Corais, candidato do PS à Câmara Municipal de Braga, é o entrevistado de hoje do Vozes ao Minuto. O jovem político pretende representar “a verdadeira mudança” no dia 1 de outubro.
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Política Miguel Corais
Depois de quase 40 anos de liderança socialista em Braga, o partido saiu derrotado nas últimas autárquicas, em 2013, mas Miguel Corais, o candidato do PS à Câmara Municipal bracarense, garante que nestas eleições “vai ser a surpresa eleitoral”.
Casado e pai de dois filhos, fez da gestão de empresas profissão, esteve quatro anos à frente do Parque de Exposições de Braga, é professor do Instituto Politécnico do Cávado e Ave e, aos 39 anos, assume-se como um candidato preparado para liderar a autarquia de Braga e para a devolver aos socialistas.
Fez parte da lista de Vítor Sousa nas últimas eleições autárquicas, em que o PS com Mesquita Machado foi derrotado pela primeira vez em 37 anos. Por que razão acha que os bracarenses resolveram escolher outro rumo?
Em 2013, os bracarenses queriam uma mudança e na verdade esta mudança não se concretizou. O Partido Socialista há quatro anos, na verdade, foi o partido que perdeu, não foi a coligação que ganhou. E esta coligação de direita, nestes quatro anos, não conquistou os bracarenses porque não fez nenhum trabalho, nem concretizou nenhuma das bandeiras que tinha lançado. Hoje os bracarenses estão totalmente desiludidos com este executivo e com esta atual presidência de Câmara.
Pretende ser o candidato que vai recuperar a Câmara de Braga para os socialistas?
Sim e tenho dito isso desde o início. Assumi esta candidatura assumindo que teria uma vitória e antecipo que vou ser a surpresa eleitoral em 2017, como foi Rui Moreira em 2013. É assim que, no fundo, nos afirmamos como a verdadeira mudança.
Porque é que escolheu candidatar-se agora?
Foi o partido que me escolheu. O PS entendeu que era o melhor candidato para assumir este processo eleitoral e como um bom democrata assume os desafios quando é chamado, o PS chamou-me, eu refleti e entendi que era o melhor candidato e a melhor pessoa para este processo e para credibilizar a Câmara Municipal de Braga. Para fazer, no fundo, o que designamos, o elogio à democracia, fazer com que as pessoas sintam ter um presidente de Câmara que está verdadeiramente ao serviço dos bracarenses, com grande ambição para Braga e que seja um presidente próximo dos bracarenses.
O que responde a quem diz que é muito novo para o cargo?
Respondo com sentido de humor, porque se França tem um presidente da República com 39 anos, Braga também pode ter um presidente de Câmara com 39 anos. O que interessa não é a idade, o que interessa é o percurso e a experiência e eu estou perfeitamente preparado para este desafio.
Estive desde os 16 anos envolvido na política, mas fiz o meu percurso profissional. Trabalhei numa multinacional, trabalhei durante 8 anos num dos principais bancos a nível mundial nas empresas, tenho experiência a liderar pessoas. Fui administrador do Parque de Exposições de Braga (PEB), uma empresa que era, na altura, apelidada de ‘elefante branco’ e consegui recuperá-la.
Tenho idade suficiente. Ao mesmo tempo tenho a força da juventude e a força da experiênciaFoi um projeto que lhe disse muito?
Na altura, o próprio Ricardo Rio enquanto líder da oposição defendia a extinção da empresa e, hoje em dia, mudou o nome da empresa de ‘Parque de Exposições de Braga’ para ‘InvestBraga’. Chama-lhe joia da coroa, mas só é joia da coroa porque durante quatro anos em que administrei a empresa fiz valer o projeto e lutei todos os dias para a requalificar. Hoje, a única obra que Ricardo Rio apresenta que é começar a requalificação do PEB deve-se ao contributo dos quatro anos de trabalho que tive.
Portanto, tenho idade suficiente. Ao mesmo tempo tenho a força da juventude e a força da experiência.
Qual o balanço que faz da governação do atual Presidente da Câmara, Ricardo Rio, até agora?
Faço um balanço muito negativo. Em primeiro lugar porque hoje os bracarenses sentem que as expetativas geradas por este governo de Câmara foram completamente goradas. Tinham a grande bandeira da transparência e os bracarenses assistiram durante estes anos a autênticas “aberrações urbanísticas”. Houve duas construções e aberturas de grandes superfícies em Braga, que foram criticadas pelo movimento de cidadãos por serem ilegais. Foram processos completamente escuros em muitas questões, que geraram dúvidas quanto à transparência.
Os bracarenses sentiram que, ao longo destes quatro anos, este presidente de Câmara foi forte com os fracos e fraco com os fortes, tratou com desconsideração os trabalhadores do mercado municipal, os feirantes, os trabalhadores da própria Câmara e das empresas municipais, mas foi fraco com grandes superfícies, com as grandes instituições.
Os bracarenses perceberam que os ‘fortes’ não precisam de ter todas as licenças para a Câmara e algumas delas a receberem visitas do presidente de Câmara nas obras, mas que um cidadão comum que construa a sua casa sem licenças camarárias não recebe o Presidente da Câmara, mas recebe os fiscais e uma coima para pagar.
Este executivo camarário foi forte com os fracos e fraco com os fortesPodia dar alguns exemplos concretos?
Estamos a falar de duas grandes superfícies, uma área comercial na Quinta das Portas e outra na Rua 25 de Abril. Na da Rua 25 Abril houve inclusivamente um grupo de cidadãos que conseguiu embargar a própria obra com uma providência cautelar, devido ao incumprimento do regulamento do centro histórico.
Este presidente de Câmara que não defende o centro histórico, não defende nem respeita a qualidade urbanística e os requisitos urbanísticos que um centro histórico deve ter, foi omisso sobre a atuação relativamente à construção. Na quinta das portas, o processo não foi claro, inclusivamente o vereador decidiu aprovar o projeto contra o parecer técnico do perito da Câmara e isto levanta muitas dúvidas. Ainda por cima, todo o processo foi feito em 24 horas e qualquer cidadão sabe que aquelas decisões não se tomam em 24 horas.
Por isso repito, que este executivo foi forte com os fracos e fraco com os fortes. Eu não quero ser forte com ninguém, quero é tratar os bracarenses e as instituições de forma igual.
Tenho a plena convicção de que no dia 1 de outubro vou ser a surpresa eleitoral e ganhar as eleiçõesComo reage a algumas sondagens que têm saído e que dão a vitória por maioria a Ricardo Rio?
As sondagens valem o que valem e acima de tudo o que tenho sentido na rua é entusiasmo à volta desta candidatura. Portanto, o mais importante é que no dia 1 de outubro os bracarenses votem no projeto em que acreditam. Tenho a plena convicção de que no dia 1 de outubro vou ser a surpresa eleitoral e ganhar as eleições. O PS vai voltar a ser o partido que governa a cidade.
Quais são os principais problemas que identifica na cidade de Braga?
Há falta de limpeza em Braga, os bracarenses reclamam da falta de cuidado dos espaços públicos, principalmente nas zonas fora do centro. É preciso criar emprego e atrair investimento. Braga tem falta de um parque industrial para acolher as empresas de média dimensão, empresas que se fixem em Braga e que criem facilmente 300 a 400 postos de emprego.
Mesmo as empresas bracarenses quando entram em crescimento e precisam de um novo espaço, não conseguem encontrar. Os espaços são insuficientes e são caros. Neste momento as empresas que se querem instalar em Braga ou que crescem e querem ficar, acabam por se fixar nos concelhos vizinhos, como Famalicão, Guimarães ou até Esposende.
A área social também é uma questão, visitei várias áreas sociais que afirmam que a Câmara é muito burocrática e não consegue aprovar os seus projetos. As pessoas que utilizam serviços da Câmara queixam-se de que hoje em dia demoram muito mais tempo. Um pedido que era feito antigamente em 15 a 20 dias agora demora quase 9 meses para ter uma decisão.
E é preciso fomentar a cultura, há um caminho ainda a desenvolver.
Como pensa resolvê-los?
Temos as nossas ambições para Braga. Pretendemos investir nas pessoas. Braga hoje em dia, é uma cidade bem equipada a nível de infraestruturas, por isso é possível pegar numa parte do investimento da Câmara para investir nas pessoas.
Investir nas escolas públicas, financiar programas de insucesso escolar, queremos que as escolas públicas de Braga sejam as melhores do país, com as menores taxas de abandono escolar. As escolas não têm neste momento equipamento informático atualizado.
Criar serviços de ação social de proximidade nas freguesias – centros de dia, de convívio – que incentive o envelhecimento ativo dos idosos. Criar uma oficina cultural que permita apoiar os agentes culturais em Braga e investir na formação de públicos.
Quando à criação de emprego, é necessário acelerar a internacionalização de Braga. No turismo é preciso estender as estadias dos turistas. Queremos também ter parques de lazer e mais áreas verdes, mas investir na segurança dos que já existem.
Queremos criar programas para que Braga tenha as melhores escolas a nível nacional E quais vão ser as prioridades do seu mandato?
Criação de emprego, criar uma nova área industrial para acolher empresas de média dimensão, 200 hectares novos para indústria e empresas, que pode ter um parque tecnológico. Apostar no turismo, apostar num turismo para os turistas com poder de compra, mas também estender as suas estadias. Internacionalizar as instituições e as empresas. Na educação, queremos criar programas para que Braga tenha as melhores escolas a nível nacional e com as taxas de abandono mais baixas, bem como as taxas de insucesso mais baixas, queremos também investir na tecnologia nas escolas. Investir em serviços de ação social para os mais desfavorecidos e para os idosos, com serviços de proximidade.
A cultura, é importante que acima de tudo seja feito um trabalho de formação de público e apoiar as instituições culturais.
Braga tem de se tornar uma cidade cada vez mais agradável. Vamos ter um programa para criar novos espaços públicos para melhorar a qualidade de vida, para que os habitantes possam conviver em comunidade e tornar os espaços verdes e de lazer mais seguros para que as pessoas possam desfrutar de todos os espaços.
As sete fontes são fundamentais. É preciso também recuperar as margens do rio Cávado para que os bracarenses sintam orgulho. Ao mesmo tempo, é preciso ter um presidente de Câmara sem suspeição de favorecimentos, eu vou tratar os bracarenses todos de forma igual. A nossa campanha é uma campanha sóbria, com um único compromisso: os interesses dos bracarenses.
A marca dos 37 anos de governação socialista é de desenvolvimento. Claro que quem faz, não faz tudo bem
No final de março deu uma entrevista ao Expresso em que criticava o percurso de gestão de Mesquita Machado. Essa entrevista garantiu-lhe críticas dentro do seu próprio partido. Como respondeu a essa polémica, tem sentido algum tipo de represália?
Aquilo que referi nessa entrevista foi que o PS durante 37 anos fez um trabalho positivo para o desenvolvimento de Braga. A marca dos 37 anos de governação socialista é de desenvolvimento. Claro que quem faz, não faz tudo bem, mas acima de tudo a mensagem que queria passar é que estou aqui para olhar para o futuro e estou aqui para aceitar a responsabilidade do futuro.
Essa notícia foi uma oportunidade para que o partido socialista se unisse e o partido socialista uniu-se, até porque quando apresentámos a votação para a lista da assembleia municipal, houve uma votação de 95%. Em junho, quando foi apresentada a candidatura, quem lá estava percebeu que o partido estava unido. A mensagem que queria passar é que temos de ser a mudança que os bracarenses querem ver. E isso é o que representamos, representamos o futuro. Hoje em dia a democracia exige muito mais transparência, muito mais informação, muito mais equidade. Hoje a democracia é mais exigente do que era no pós-25 de Abril. Estamos aqui para cumprir o desafio do momento e do futuro.
Somos um partido unido e modernizado. Queremos mostrar que os bracarenses podem confiar no Partido Socialista e que vamos ganhar no dia 1 de outubro. É assim que hoje nos apresentamos, unidos mas firmes no projeto que temos para Braga.
Mantém o que disse sobre Mesquita Machado?
Tive oportunidade de dizer isto em outra situação e vou-lhe dizer o mesmo. Tenho orgulho nos 37 anos de partido socialista, de ser militante do partido socialista, tenho orgulho em ser candidato do partido socialista de Braga, tenho orgulho do património de valores democráticos do partido socialista.
Sou um socialista que quer fazer mais e melhor, mas, acima de tudo, não há duas pessoas iguais.
Acreditamos que pessoas comuns podem fazer coisas extraordinárias desde que lhes sejam dadas oportunidades
Construiu uma sede de campanha no centro da cidade, toda feita em materiais sustentáveis, que mensagem pretendeu transmitir com isso?
Uma sede onde os jovens se possam rever. É preciso mobilizar os jovens para este processo. O trabalho de um presidente de Câmara é para o futuro e portanto os jovens têm de acreditar num projeto desta natureza e têm de se rever nele.
Uma sede sem barreiras, como queremos que a autarquia seja: próxima dos bracarenses, que seja simples.
A própria sede está num espaço onde passam muitos bracarenses, gera proximidade.
Há uma grande mensagem que queremos passar nestas eleições. Acreditamos que pessoas comuns podem fazer coisas extraordinárias desde que lhes sejam dadas oportunidades. O município de Braga na minha presidência vai dar aos bracarenses oportunidade de fazer coisas extraordinárias para a cidade.
O facto de ter usado materiais reciclados foi também uma forma de chamar a atenção para as questões ambientais?
Sim, é um compromisso que nós temos. Queremos transmitir que somos a verdadeira mudança, temos de olhar para o futuro, porque este executivo esteve preso ao passado.
A imagem da sua campanha adotou o slogan “A Verdadeira Mudança”. Qual vai ser a “verdadeira mudança” que vai trazer para Braga?
A verdadeira mudança é trabalhar todos os dias para construir a cidade que os bracarenses querem. Os bracarenses não querem andar desconfiados do presidente de Câmara, querem a Câmara ao seu serviço e querem que quem trabalha na Câmara contribua para o desenvolvimento de Braga.
A verdadeira mudança é fazer com que o papel do presidente de Câmara esteja adequado ao que deve fazer. Um presidente que transmita esperança, respeito, que cumpra os seus compromissos, que se transforme e que seja uma verdadeira mudança e a essa mudança só se faz mudando o presidente de Câmara. E a única candidatura que se apresenta para ganhar as eleições e a força alternativa a este executivo municipal é a candidatura socialista. O Partido Socialista só tem um compromisso nestas eleições: um compromisso para com os bracarenses.
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