"Quero honrar o apoio que o Guilherme Pinto me deu ainda em vida"
A candidata do PS à Câmara Municipal de Matosinhos, Luísa Salgueiro, é entrevistada do Vozes ao Minuto.
© Luísa Salgueiro
Política Luísa Salgueiro
A candidata do PS à Câmara Municipal de Matosinhos, Luísa Salgueiro, defende a valorização do legado de Guilherme Pinto a par da aplicação de projetos inovadores ao nível da habitação, da mobilidade, da educação, da saúde e da cultura.
Em entrevista ao Notícias ao Minuto, a candidata destaca as bandeiras da sua campanha eleitoral.
Como surgiu o desafio de se candidatar à presidência da Câmara Municipal de Matosinhos?
Há muito tempo que me manifestei disponível para ser candidata à Câmara de Matosinhos num cenário que envolvesse uma união no Partido Socialista, nomeadamente entre os que ficaram no PS e aqueles socialistas que, há quatro anos, saíram para se aliarem ao movimento ‘Guilherme Pinto por Matosinhos’. E esta opinião foi sufragada pela maioria dos socialistas, quer nas direções nacional e regional do PS, quer pelos socialistas de Matosinhos que acreditavam que era importante fazer essa pacificação.
Conta, portanto, com o apoio de históricos militantes do PS...
Conto não só com o apoio de históricos militantes do PS, como também com o de 96% dos socialistas que se expressaram relativamente à minha candidatura e conto ainda com meia dúzia de votos contra de pessoas de Matosinhos que não estavam de acordo com esta estratégia de nos unirmos ao grupo de cidadãos do Guilherme Pinto. Mas é objetivamente visível que se trata de uma minoria que não põe em causa a estratégia a seguir.
Um dos objetivos passa por honrar o trabalho do Executivo liderado por Guilherme Pinto?
Do ponto de vista político, quero honrar o apoio que o Guilherme Pinto me deu ainda em vida. E quero seguir o legado que ele nos deixou: uma marca de afirmação de modernidade, uma nova visão para Matosinhos, uma perspetiva de Matosinhos como uma terra que se afirma pela arquitetura, pela cultura, pela relação com o mar, pela aposta no turismo e pela valorização do imaterial e das pessoas.
A autarquia deve subsidiar as rendas que a população paga e, deste modo, os agregados familiares poderão escolher onde querem viverAo nível da habitação, quais os projetos que pretende implementar caso seja eleita?
Quando falamos de habitação temos de equacionar dois tipos de problemas: a habitação social e os programas de arrendamento.
A situação das famílias mais carenciadas exige que se reabilitem os edifícios camarários existentes. E a aposta neste sentido não passa, em primeira linha, pela construção dos antigos bairros sociais que, na minha opinião, são um modelo ultrapassado.
Depois torna-se imperioso pensar na reabilitação de edifícios existentes e casas devolutas que os proprietários devem poder reabilitar com condições fiscais excecionais. E, a este nível, deve também reforçar-se o programa de apoio ao arrendamento. Ou seja, a autarquia deve subsidiar as rendas que a população paga e, deste modo, os agregados familiares poderão escolher onde querem viver.
Recorde-se que Matosinhos tem o segundo valor de arrendamento por metro quadrado mais alto da área metropolitana do Porto. Esta realidade significa que, por um lado, o concelho se tornou mais atrativo e há mais pessoas com capacidade que querem viver em Matosinhos. Mas também não podemos permitir que as pessoas aí residentes tenham de sair por não terem capacidade de arrendar uma habitação. Temos de ter políticas públicas que regularizem esses valores para que as pessoas possam residir em Matosinhos, mesmo as que não têm grandes possibilidades económicas.
Vamos continuar a defender o alargamento da linha do metro de S. Mamede de Infesta para a Senhora da Hora e de Matosinhos Sul para o Campo AlegreJá em relação à mobilidade, tem defendido o desenvolvimento de um município sustentável. Em que pilares assenta este projeto?
No próximo mandato, as autarquias da área metropolitana do Porto vão poder definir a gestão dos transportes públicos. O Tribunal de Contas deu visto à transferência da gestão da STCP para os municípios nesta área geográfica e, portanto, a autarquia vai poder definir qual a frequência de passagem dos transportes e o percurso.
Outro aspeto que importa realçar é que temos um operador privado, a Resende, que tinha contrato para mais dois anos. No entanto, uma auditoria atestou que a empresa está em graves incumprimentos das suas normas e, como consequência, será aberto um concurso para se escolher um novo operador privado. Com isto vamos ter a possibilidade de gerir os percursos e as frotas de forma articulada. Por exemplo, há percursos com linhas sobrepostas, como no Mar shopping, e depois há zonas do concelho que não têm transportes.
É preciso uma rede harmonizada de transportes públicos que permita que as pessoas se desloquem independentemente do local em que residem e que possam fazê-lo a preços praticados pelo Andante. E esta rede deve estar articulada com o metro. Aliás, em relação a este tema, vamos continuar a defender o alargamento da linha do metro de S. Mamede de Infesta para a Senhora da Hora e de Matosinhos Sul para o Campo Alegre.
Além disso, temos de ter em consideração os problemas de mobilidade para quem tem transporte próprio. É preciso reorientar alguns sentidos de trânsito, abrir novas vias e olhar para a situação dos pórticos que estão colocados dentro do concelho e que fazem com que o trânsito, muitas vezes, saia das vias principais e entre na malha urbana em algumas zonas do concelho.
A cultura tradicional é uma aposta importante para o desenvolvimento estratégico do país?
Uma das marcas que Matosinhos conquistou nos últimos anos foi a relação com a cultura. E a nossa aposta passa também por valorizar a cultura nacional e etnográfica. Promovemos o respeito pelo passado a par de uma aposta no futuro.
Recentemente promovemos uma iniciativa em que 30 artistas de Matosinhos se associaram à nossa campanha e pintaram um mural, expressando a sua veia artística. Depois de finalizado o trabalho, este foi doado a uma instituição de apoio ao diminuído intelectual. Esta é uma forma de dizermos aos artistas que a presença deles é essencial na nossa estratégia de desenvolvimento para o futuro.
Pretendemos implementar uma rede de cuidadores e tencionamos candidatar-nos ao Horizonte 2020. Se não houver financiamento será a autarquia a suportar os encargosMatosinhos tem uma percentagem crescente de população envelhecida. Quais os projetos direcionados para esta faixa da população?
Pretendemos implementar uma rede de cuidadores, a par das respostas que já existem. Há situações em que as pessoas não têm condições para serem autónomas e que as famílias não têm possibilidade de cuidar deles. No entanto, defendemos que a institucionalização deve ser o fim da linha.
Por isso, queremos que esta rede, constituída por pessoas com formação específica, cuide dos idosos até que as famílias regressem a casa.
Tencionamos candidatar-nos ao Horizonte 2020 para financiar estes projetos. Mas se não houver financiamento será a autarquia a suportar os encargos.
E para as camadas mais jovens. Há alguma iniciativa a destacar?
A pensar nas crianças e adolescentes em idade escolar, pretendemos desenvolver programas de combate ao insucesso e ao abandono precoce. Queremos que os nossos jovens estejam preparados para entrar no mercado de trabalho e na universidade e, por isso, vamos apostar em métodos alternativos e novas metodologias de aprendizagem.
Lançou recentemente um jornal em Braille…
Acredito que esta é uma iniciativa inédita. Defendemos que Matosinhos deve ser uma cidade inclusiva e, por isso, queremos que este seja um concelho onde todos tenham igualdade de oportunidades.
Vamos ter planos municipais de combate à hipertensão e diabetesAo nível da saúde, a campanha prevê iniciativas de articulação com cuidados primários de saúde?
Vamos ter planos municipais de combate à hipertensão e diabetes que são doenças com elevada prevalência na nossa população. E a pensar nestes casos iremos apostar na colaboração com a unidade local de saúde de Matosinhos que engloba o hospital, centros de saúde, a Ordem dos Médicos Dentistas e ainda médicos do conselho.
Vamos apostar no acesso universal à saúde oral e visual para todos independentemente da sua condição social, económica ou financeira.
Os matosinhenses estão confrontados com uma escolha do regresso ao passado e o caminho de futuroUma sondagem recente dá-lhe a vitória, com 33% dos votos. Está confiante para o dia de eleições?
Os resultados mostram que os matosinhenses estão confrontados com uma escolha do regresso ao passado e o caminho de futuro. Ou seja, têm de escolher entre o movimento de Narciso Miranda e o PS. E a população deve perceber que voto útil é o do Partido Socialista.
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