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Sá Pinto: "Não sou um treinador autocrático nem 'laissez-faire'"

Numa semana em que o Standard Liège reentrou na zona de playoff do campeonato, o Desporto ao Minuto foi à Bélgica conversar com o treinador Ricardo Sá Pinto, que fez um balanço destes nove meses ao comando do clube onde terminou a carreira de jogador.

Sá Pinto: "Não sou um treinador autocrático nem 'laissez-faire'"
Notícias ao Minuto

10/03/18 por Fábio Aguiar

Desporto Exclusivo

Depois de Sérvia, Grécia e Arábia Saudita, Ricardo Sá Pinto partiu à conquista da Bélgica com a missão de devolver o Standard Liège aos momentos de glória vividos noutros tempos. No clube onde terminou a carreira de jogador, o técnico português vive agora um dos melhores períodos da temporada. Garantida a presença na final da Taça, em que irá defrontar o Genk, soma-se agora um dos objetivos prioritários da época: garantir um lugar nos seis primeiros, de forma a disputar o playoff de campeão.

No dia seguinte à vitória (3-2) na receção ao Mechelen, que recolocou a equipa na 6.º posição, o Desporto ao Minuto esteve à conversa com Sá Pinto em Liège e revela agora as dificuldades, as estratégias, as metas e os sentimentos vividos por um treinador que, aos 45 anos, quer reescrever uma história de sucesso semelhante à que construiu enquanto jogador. Sorridente e bem disposto, Sá Pinto é o rosto da ambição e da confiança atual do Standard Liège.

Esta é uma folga que tem um sabor especial depois da vitória na última jornada...

Sim... Nesta fase decisiva os pontos são fundamentais e não podemos falhar. Claro que isso nos deixa muito satisfeitos porque estamos dentro dos objetivos.

O Standard está na final da Taça da Bélgica e no 6.º lugar do campeonato, posição que dá acesso ao playoff. Esta época está a corresponder às suas expetativas?

Está a correr muito melhor do que as pessoas esperavam, pois os dois últimos anos não tinham sido nada bons para o clube. Esta época tínhamos um único objetivo, que era chegar ao playoff 1, algo que há já alguns anos não se consegue, e o desafio é enorme, até mesmo pela pressão que existe. Nota-se isso dentro do clube, nos adeptos, que estão desejosos e ansiosos de ter sucesso, ainda para mais quando se consegue ir à final da Taça. O entusiasmo, por isso, é grande. Faltam dois jogos para finalizar esta caminhada de nove meses de muito trabalho e grandes sacrifícios. Espero que tenhamos a recompensa no final.

Essa pressão de recolocar o clube no topo foi a maior dificuldade que encontrou aqui na Bélgica?

Sem dúvida. Sente-se essa responsabilidade, os resultados são bons, para já, mas temos que finalizar... 

(Dois adeptos do Standard passam na zona do hotel onde conversávamos com o treinador e delicadamente interrompem a entrevista, pedindo para tirar uma fotografia com Sá Pinto)

Peço desculpa...

Ora essa! Acredito que este carinho dos adeptos também funcione como uma espécie de alavanca importante, especialmente nos momentos mais difíceis...

Claro! Faz parte... Quando se tem sucesso, somos reconhecidos. E isso é extremamente positivo. No entanto, tem sido um caminho muito duro, com imensas dificuldades, pois percebe-se que o Standard está um pouco isolado de tudo, ou seja, não tem o respeito das organizações e das instituições como tinha antigamente. Até das próprias equipas! Há 10 anos, por exemplo, nos jogos em casa, os adversários vinham com muito receio, havia mais desnível em termos qualitativos, e agora não. Esta é uma liga muito competitiva e isso verifica-se em cada jogo, o nosso último, por exemplo, foi a prova disso. O último classificado pode perfeitamente ganhar ou empatar com o primeiro ou o segundo. Enfim, o desfecho dos jogos nunca está seguro até ao apito final do árbitro. Se repararmos, em quase todos os jogos existem muitos golos na parte final.

Notícias ao MinutoSá Pinto conseguiu criar união na equipa que se tornou um dos trunfos do Standard Liège.© Reprodução Instagram

É um treinador conhecido pela garra e espírito de sacrifício que gosta de incutir às suas equipas. Nas redes sociais do clube, inclusive, são várias as publicações onde o espírito de grupo está patente. Esse tem sido o grande trunfo da equipa?

Absolutamente! Havia necessidade de criar uma união nas pessoas que trabalham connosco diariamente e na nossa administração de forma a haver um compromisso comum, que passe por levar o Standard Liège ao mais alto patamar, pois sabíamos que estamos só. Normalmente, o Standard teria sempre um papel importante naquilo que é o panorama competitivo na Bélgica e, hoje em dia, pouco ou nada somos ouvidos. Por norma, teríamos assento em algumas organizações e não temos. Como toda a gente sabe, é o presidente de Club Brugge e do Charleroi que estão à frente dessas organizações e a verdade é que não me parece muito 'sério'. Também não acho que o nosso presidente deva estar à frente de uma federação ou de uma liga. Penso que deveriam ser cargos independentes, ocupados por pessoas que não estivessem ligadas a nenhum clube. Outrora até poderiam ter estado, mas acumular cargos é que eu não concordo.

Algo, no mínimo, pouco ético...

Sim, isso é uma das situações que deveriam mudar. Mas relativamente à nossa união, gosto de sentir que as pessoas estão envolvidas e crio esse espírito. Não é fácil, porque numa equipa de futebol nem todos estão satisfeitos, ou porque não jogam ou porque têm objetivos individuais quase sempre acima dos coletivos. E isso é complicado. Ainda para mais quando mudamos de cultura, viemos para outro país e, como disse, encontramos uma realidade onde existe essa pressão e ansiedade de ganhar. Uma das minhas características é tentar que todos estejamos envolvidos em torno de um objetivo comum e, depois, obviamente, em termos de metodologias de treino e de filosofia de jogo, tenho as minhas ideias e a minha maneira de estar e de liderar.

Outra das questões que tem gerado discussão é o próprio modelo competitivo na Bélgica. Concorda com este tipo de competição que contempla a fase regular e o playoff?

Não, eu sou a favor, sim, de um modelo semelhante ao que temos em Portugal, ou seja, na minha opinião, não é benéfico existirem estes 30 jogos da fase regular e depois mais 10 no playoff. É preferível ter uma prova com 16 ou 18, mas em modelo de campeonato, de liga, tal como no nosso país. Se, eventualmente, duas competições - campeonato e Taça - fossem insuficientes, criava-se outra competição, como em Portugal ou Inglaterra, que é a Taça da Liga. Não é justo uma equipa lutar durante nove ou 10 meses para ser primeiro na fase regular e depois poder perder o campeonato. Por isso, retirava o playoff e fazia uma liga com duas voltas. Quem chegasse ao fim em primeiro, ganhava.

Notícias ao MinutoRicardo Sá Pinto respondeu a todas as questões sem qualquer tipo de rodeios.© Notícias ao Minuto 

Atualmente, o plantel é composto por 16(!) nacionalidades. Essas diferenças de personalidade de que fala, aliadas a esta diversidade cultural, exige ainda mais do treinador?

Um líder tem que ser equilibrado e coerente. Isso é fundamental! E é isso que eu sou. Honesto, sério e corajoso. Por vezes, tenho que tomar decisões que até me custam, mesmo sentimentalmente, mas tenho que me abstrair disso. Posso gostar de um ou de outro jogador pessoalmente, mas profissionalmente não me posso deixar levar por esse entusiasmo e essa relação pessoal. Tenho exatamente um caso desses nesta altura. Três dos meus capitães não jogam, ou melhor, jogam pontualmente e é difícil para mim gerir essa situação. No entanto, penso que não deixo de valorizar toda a gente e sou igual na relação com todos. Claro que tenho que comunicar de forma diferente com cada um, pois todos têm personalidades distintas e tenho que perceber o que sentem naquele momento. 

É importante ter a capacidade de saber quando é necessário dar um 'murro na mesa' para despertar a equipa?

Às vezes é necessário baixar um pouco à terra, outras vezes temos que os motivar, dar-lhes energia positiva e confiança, mas a minha liderança é muito democrática. Não sou um treinador autocrático nem laissez-faire. Sou uma pessoa que respeita toda a gente, gosto que me respeitem também, e as regras são claras. Os jogadores sabem o que têm que fazer e quando assim é torna-se mais fácil. Vamos ter problemas, certamente, pois o futebol é assim, mas cá estamos para gerir essa situação. 

E para gerir a recente perda do melhor marcador da equipa. A saída de Orlando Sá para a China foi um duro golpe?

Completamente, foi muito duro! E ainda é... porque vamos ter dois jogos muito importantes. Não só pela relação pessoal, pois gosto muito do Orlando, mas profissionalmente era o nosso melhor marcador e o jogador que mais decidia do ponto de vista ofensivo, quer na quantidade de oportunidades de golo que criávamos, quer na finalização. Tinha essa responsabilidade e estava a cumpri-la da melhor maneira no campeonato e na Taça.

Pausa...

Enfim, este mercado chinês, infelizmente, não anda ao ritmo do nosso europeu e isto é mau para o futebol. 

Era isso que lhe ia perguntar...

Não é justo! Mas lá está... Um jogador como o Orlando, que fez uma boa carreira num determinado patamar, recebe uma proposta financeira que equivale, talvez, a 10 anos de trabalho e isso mexe com qualquer um. Fui jogador e sei que isso não é fácil. Posso ter uma opinião diferente em relação ao que faria, mas respeito quem sente isto, pois sei que não é fácil. Não foi fácil para ele! Além disso, a proposta para o clube também foi vantajosa. Segundo sei, ele chegou ao Standard a custo zero e agora estamos a falar de uma transferência de cerca de oito milhões de euros. Portanto, para o clube também não foi fácil mantê-lo. Temos que saber lidar com estas situações, por mais que nos custem e por mais tristeza que nos causem, e temos que continuar como neste último jogo, que ganhámos, e bem, e vamos prosseguir esse grande objetivo da época que é terminar nos seis primeiros, em zona de playoff. 

Notícias ao MinutoSaída de Orlando Sá, melhor marcador da equipa até então, foi um duro golpe para o grupo.© Standard Liège

Em época e meia no Standard Liège, o Orlando Sá tornou-se um ídolo para os adeptos e marcou 30 golos. Esta marca que deixa, à semelhança do que fez em Chipre, Polónia, Inglaterra e Israel, fazem pensar que tinha capacidades para construir uma carreira melhor?

Se me tivesse como treinador, talvez... (risos) Estou a brincar! Não, estou mesmo a brincar. Acho que sim! É pena que alguns jogadores alcancem a maturidade, a estabilidade, o conhecimento do jogo e o profissionalismo em determinadas alturas, isto é, aos 28 ou 29 anos. Aí, resta-lhes três ou quatro anos de carreira. Enfim, ele hoje poderá sentir que poderia ter tomado algumas decisões diferentes, imagino que sim, especialmente quando era mais novo, mas todos nós cometemos erros. Agora, se ele não foi mais é porque naquela altura não o poderia ser. Muitas vezes diz-se: 'Aquele jogador poderia ser sido um grande jogador!' Não, não poderia ter sido. Poderia ter sido aquilo que foi.

Tudo depende de muitos fatores...

Sim, todos nós temos as nossas coisas, porque somos bons tecnicamente mas não o somos profissionalmente. E isso acontece muito no mundo do futebol. Há jogadores que têm uma grande relação com a bola, mas depois não se relacionam bem com a profissão e, portanto, não poderiam ter sido mais do que aquilo. O futebol não é para toda a gente e por isso é que alguns que fazem uma carreira como profissionais e outros só aparecem uma época ou duas, não são consistentes e acabam por perder-se. Ser profissional de futebol exige muito. Mas acho que ele tem uma carreira boa, bonita e da qual se pode orgulhar. 

É essa relação entre a qualidade individual e o compromisso com a profissão que pretende criar também em jogadores como o Carcela, por exemplo, um jogador que não teve o sucesso que se esperava no Benfica?

Sim, ele conhece-se e sabe disso. É um jogador virtuoso, com grande talento, que tem uma boa relação com a bola, tecnicamente muito evoluído, e com qualidade para jogar no Benfica naquela altura, do meu ponto de vista. Mas existe, se calhar, essa necessidade de estabilidade, e espero que ele a consiga connosco, que nos ajude e nós a ele... e que ainda se projete em termos de Mundial, para voltar à sua seleção. É esse compromisso comum que existe e espero que tenhamos sucesso juntos, pois é um jogador que merece. Muito acima da média da qualidade aqui na Bélgica e, como tal, temos que ajudar e acompanhar este tipo de jogadores. Ainda tem muito para evoluir, vários anos para competir ao mais alto nível e, portanto, na minha opinião, depende dele e, claro, também de mim, na forma como o vou tentar ajuda a exponenciar todo a sua qualidade. 

Por seu lado, o Carlinhos, que em Portugal deixou muito boas indicações ao serviço do Estoril, tem conseguido isso mesmo?

São idades diferentes... Atenção, jogar na Bélgica não é fácil. A intensidade de jogo é muito alta, não têm a nossa organização tática nem o lado estratégico, não pausam o jogo nem o pensam como nós em Portugal, que sabemos acelerar, abrandar o ritmo, jogar com o tempo e com o adversário... Enfim, pensamos muito mais o jogo. Aqui não, aqui joga-se muito mais pelo resultado, pela chegada rápida à área contrária, pelo golo e as equipas partem-se muito. Essa desorganização e ansiedade das equipas em chegar ao golo, quer através de futebol direito, quer através de uma pressão constante sobre o portador da bola, provoca muitas perdas e contra-ataques rápidos. Tudo isso também nos desorganiza a nós. Por vezes, é muito difícil tentar organizar-nos porque eles deixam três ou quatro jogadores na frente e, aí, a equipa tem que manter o equilíbrio e saber escolher entre continuar a atacar ou deixar de fazê-lo da mesma forma e com os mesmos homens para não ser surpreendida num contra-ataque. O importante é manter a surperioridade numérica cá atrás. Basicamente, não é fácil ser organizado perante esta desorganização. No entanto, penso que temos sido uma equipa equilibrada e constante e isso nota-se pelos resultados.

Uma equipa regular sem altos e baixos...

Exato! Não temos conseguido coisas extraordinárias, mas também não somámos resultados menos bons. É verdade que, no início da época, tivemos um ou outro menos positivo, mas temos sido lineares nas nossas prestações, nomeadamente na forma de abordarmos o jogo. Temos dominado maioritariamente os adversários, mesmo as grandes equipas, temos criado muito mais que eles. Em muitos jogos faltou-nos eficácia para as oportunidades que tivemos, e muitas vezes houve más decisões dos árbitros que nos condicionaram muitos pontos este ano. 

Sente que está no meio de uma espécie de luta contra tudo e contra todos?

A verdade é que temos que erguer uma estátua a estes jogadores se concretizarmos estes objetivos porque estamos a fazer o triplo do esforço que outras equipas que lutam pelos mesmos. E não sentimos a mesma justiça em muitos casos.

Para si, é especial treinar um clube que representou enquanto jogador?

Claro que sim. Gosto e sempre gostei. Terminei aqui a minha carreira de jogador e fui muito feliz. Provavelmente, poderia ter jogado mais, tive várias lesões, mas fui feliz até porque fiquei ligado a algumas coisas positivas em termos de rendimento, nomeadamente em ter ajudado o Standard a chegar à final da Taça. Depois acabei por não jogar essa final, mas foi uma boa época. Senti que as pessoas gostaram de mim e ficou cá sempre uma ligação especial. Por isso, quando me convidaram, aceitei.

Notícias ao MinutoStandard Liège encara estas duas jornadas do final da fase regular como verdadeiras finais.© Facebook

Antes de chegar à Bélgica, teve aventuras na Sérvia (Crvena Zvezda), Grécia (OFI e Atromitos) e Arábia Saudita (Al Fateh). Que marca ficou dessas etapas?

Foram experiências diferentes, mas todas elas válidas para minha carreira. Penso que todas foram positivas e, em todas, tive sucesso, tirando na Arábia em que acabei por não terminar o projeto porque realmente havia muita diferença de profissionalismo, organização e cultura. É muito difícil trabalhar lá!

Obriga a um papel muito para além do de treinador?

Muito, muito... Temos que ser tudo e mais alguma coisa, muito permissivos e deixamos de ter autonomia sobre o nosso trabalho em muitas ocasiões. Poderemos ter algum jogo de cintura, e um treinador de futebol cada vez tem que ter mais, sabendo lidar com direções e jogadores, mas daí para outro tipo de situações, que não acho que seja do pelouro de uma administração ou de outras pessoas que façam parte do clube, vai muita distância. Isso já não aceito tão bem e foi por isso que a certa altura decidi, em acordo com a direção, não continuar, porque achei que era o melhor para as duas partes.

E na Sérvia, por exemplo?

Foi positivo! Peguei na equipa em terceiro e tivemos oito vitórias seguidas. Na Grécia, no OFI, cheguei com a equipa no último lugar e levei-a ao 7.º e às meias-finais da Taça e no Atromitos a mesma coisa. Acabei duas vezes a época bem. Antes, em Portugal, no Sporting também fui feliz, eliminámos o Man. City, chegámos às meias-finais da Liga Europa e fizemos um bom trabalho, tal como no Belenenses, que nunca tinha ido à fase de grupos da Liga Europa.

É, por isso, um treinador feliz...

Sim, as coisas têm sido positivas e este ano temos a final da Taça e vamos ver... Estamos a três pontos do objetivo, até podem nem ser preciso tantos pontos, mas vamos lutar.

Notícias ao MinutoSá Pinto não esconde a felicidade por comandar um clube onde terminou a carreira de jogador.© Facebook

Olhando um pouco para a realidade do futebol português, como tem acompanhado todo este clima de crispação e de constantes polémicas no nosso país?

Sinceramente, não tenho acompanhado muito. Mas não é bom para o futebol, nem são temas interessantes de se saber.

O FC Porto é o principal candidato ao título?

Penso que os três têm hipóteses, matematicamente ainda é possível. Claro que o FC Porto tem vantagem, mas para ser sincero não tenho acompanhado muito nesta altura, pois tenho estado focado no Standard Liège e isto absorve muito do nosso tempo.

O regresso a Portugal continua a ser uma possibilidade?

Claro que está sempre em aberto. Sem dúvida nenhuma! É o meu país, gosto muito e se tiver uma oportunidade equacionarei sempre.

Para finalizar, o futuro passa pelo Standard Liège?

Estou feliz e o futuro poderá eventualmente passar por aqui... ou não. O meu contrato termina no final desta época, ainda não houve uma abordagem oficial em relação à continuidade e, portanto, nessa altura vamos ver. 

Obrigado e felicidades!

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